Meu oposto (Amor)

Capítulo 63

Elle ⚡

Estava eu sentada no sofá da casa da minha irmã, escutando as mesmas coisas de sempre e já tava no tédio pelo esporro que ela estava dando.

- Lis, já chega cara, eu já entendi. - Olhei pra ela que estava em pé, me encarando. - Deixa de caô, não precisa disso tudo de novo.

- Caô Elle? Sério que você chama meus conselhos de caô? - Respirei fundo procurando paciência. - Quando você vai aprender que você não é criança?

- Eu já aprendi isso faz tempo. - Falei óbvia.

- Ah é? Pois não parece não. - Ela bufou. - Elle, você já tem dezoito anos, para de ficar agindo assim, você tem que entender que a fase que estamos vivendo não é a melhor no momento, entende que a nossa mãe não está com condições de se estressar com nada agora. Para de tá dando trabalho, deixa de ficar saindo e chegando tarde da noite ou quase dois dias depois. Não joga fora a oportunidade da faculdade, você está quase abandonando seu sonho por coisas momentâneas no momento. - Revirei os olhos já abusada de tudo isso e levantei pegando minha bolsa e colocando algumas coisas dentro dela. - Já vai?

- Claro, não vou ficar aqui escutando o que devo ou não fazer da minha vida, já tenho dezoito anos como você mesma disse, não sou criança e já sei o que é certo e o que é errado. E sobre a faculdade, eu me viro, só deixa eu aproveitar minha vida, minha juventude. - Ia passar por ela, mas ela segurou meu braço puxando pra ela. - Solta.

- Cara, você tem noção o quanto você é cabeça dura? Escuta pelo menos uma vez os conselhos que te dou criatura. - Ela disse calma.

- Conselhos? Você vive repetindo a mesma coisa sempre, eu já estou cansada de tudo isso, a mãe naquele estado, o pai chega mal fala comigo ultimamente. Tô cansada de tá sendo excluída de coisas por vocês mesmo da família... - Ela me cortou.

- Excluída de que Elle? Você mesma que se excluí, você mesma que mal para em casa, não procura mais saber da mãe, você mesma deveria se culpar por coisas que você faz. - Eu dei uma risada sem humor tentando buscar o resto da minha paciência.

- Tá bom Lis. Já acabou seu discurso? Posso ir ou tem algo a mais pra falar? - A Lis revirou os olhos respirando fundo. - Ótimo, vou nessa. - Sem esperar mais nada, fui em direção a porta e sair.

Toda essa discussão pelo fato de eu estar aproveitando minha juventude, entendo que realmente errei em muitas coisas já, mas cara, me crucificar por eu está vivendo minha vida? Fazendo minhas escolhas?

Minha casa está de um jeito que nunca pensei que ficaria um dia, minha mãe está bastante fraca por causa do tratamento, e ela só fica na cama o dia todo quase. Meu pai tá se transformando numa pessoa fria comigo, uma pessoa calada, mal fala e só fala as vezes quando chego tarde em casa ou no outro dia.

Eu sei que posso tá errando nisso, mas também o meu único jeito que não afundar na tristeza é procurando coisas para preencher esse vazio que sinto. A relação entre eu e minha irmã está cada vez por água abaixo, mal estamos nos falando e quando falamos é sempre desse jeito, brigando, gritando uma com a outra.

Minha única companhia tá sendo o Fernando, ele é a pessoa que saí comigo, passa grande parte do tempo, me leva pra algumas festas e é isso que distrai minha cabeça. Chamei um Uber e fui direto pra casa dele, assim que cheguei ele estava me esperando na área externa.

- Eae morena. - Ele me abraçou e beijou minha cabeça.

- Eae. - Falei apenas.

- Tudo bem? - Neguei. - Deixa eu adivinhar, brigou novamente com alguém da sua família? - Concordei. - O motivo de sempre? - Concordei novamente prendendo meu cabelo em um coque. - Porra morena, tá foda pra você hein.

- É, já tô sem saber o que fazer. Não aguento mais brigar com meus pais e com a Lis, tô literalmente cansada de tudo e todos. - Bufei desviando o olhar dele.

- Eu imagino, mas cê sabe que eles tão certos em partes né? - Olhei séria pra ele. - Nem vem me olhar assim, você sabe que a barra que a sua mãe tá enfrentando não é fácil, seu pai tá se desdobrando em mil por ela e vocês e a Lis tá certa em querer tua melhora. - Respirei fundo calada só ouvindo. - Eu sei que é chato tá levando esporro toda hora, mas você está procurando isso.

- Na boa, agora não. - Disse pra ele que levantou as mãos em rendição. - Seus pais tão em casa?

- Não, pode passar a tarde aqui se quiser. - Concordei com a cabeça. - Quer comer algo, tomar alguma coisa? - Neguei. - Você comeu hoje morena? - Neguei. - Elle, acha que ficar sem comer vai ajudar em algo? - Bufei cruzando os braços. - Nem vem com seus bicos, vai comer sim e mesmo sem querer.

- Não precisa, tô sem fome. - Ele deu de ombros.

- Não quero saber, vai comer mesmo assim. - Ele falou e virou de lado olhando pra cozinha. - Val, prepara um misto quente naquele no capricho pra Elle por favor. - Neguei com a cabeça e ele me olhou novamente. - E vai comer a força, tô nem ai. - Dei uma risada e ele riu junto, pegando o celular e me mostrando um negócio aleatório  no insta, só pra mudar de assunto e eu agradeci por isso.