Capítulo 70

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As vezes eu queria ter um vira-tempo em mãos, eu queria ter o poder de mudar o meu passado, queria poder voltar no momento em que pedi o favor à Dumbledore e poder refazer o meus passos, mas isso seria realmente certo? Se eu não tivesse aprendido sobre o meu poder eu conseguiria salvar a minha mãe e Sirius? Talvez sim, mas hoje eu estaria morta. Mas faz alguma diferença eu estar viva hoje? Se para a minha família, meus amigos e o Fred é como se eu tivesse deixado de existir? Parece que independente de todos os caminhos que eu escolhesse, todos me levariam ao mesmo lugar: a inexistência.

Fazem dois meses que eu estou trancada na mansão Malfoy e as vezes eu sequer consigo me diferenciar dos prisioneiros do porão. Durante os dias que eu estive aqui eu vi pessoas entrarem a força, serem torturadas e na maioria das vezes mortas. O único homem que ainda está vivo é o Olivaras, mas que está preso no porão.

Até agora, Voldemort não me chamou para nenhuma missão e não precisou de mim para nada. Eu realmente estaria agradecendo por isso, mas levando em consideração que o bruxo é um psicopata imprevisível, eu acredito que ele esteja guardando o pior para mim.

Enquanto estou aqui, eu não converso com ninguém sem ser comigo mesma ou um livro velho que encontrei nesse quarto. Eu soube que os Malfoy possuem uma biblioteca gigantesca, mas eu estou realmente com tanto medo de andar por aí e acabar dando de cara com um trouxa morto que eu me limito a sair daqui para comer e ir às reuniões apenas, e não que eu esteja me alimentando realmente bem também. Eu me olhava no espelho agora e estou mais magra, minha pele está mais pálida que o normal e eu pareço cansada. As únicas coisas que se destacam no meu corpo são os meus olhos, meu cabelo e a marca vermelha viva no meu braço esquerdo.

Então a porta do quarto foi aberta e Bellatrix entrou no mesmo.

- você é mais parecida com o bebêzinho Regulus do que eu pensava. - ela resmungou.

- graças aos céus por isso. - respondi no mesmo tom.

- seu pai era igual a você, adorava desafiar os outros, mas quando as coisas realmente apertavam ele era o primeiro a abandonar o barco.

- você não pode falar assim dele! Nem o conhece! - eu exclamei irritada sem nem pensar.

- eu passei dezoito anos da minha vida com ele, você não passou nem um dia sequer, garota estúpida! - ela cuspiu as palavras em minha direção e eu fui obrigada a ficar quieta. - venha, eu preciso te ensinar algumas coisas.

- o que? - perguntei, mas ela não respondeu e eu apenas a segui. Como era possível aquela mulher ser parte da minha família?

Ela não respondeu, mas me levou até um quintal no fundo da casa, onde haviam muitas árvores ao redor. Foi impossível não me lembrar do Fred ao vê-las.

"Uma casa com muitas árvores em volta"

- Snape disse que você tem aptidão para as artes das trevas, mas certamente não conhece muitos feitiços. - ela começou e usou um tom de deboche.

- certamente não. - respondi, mas com medo do que viria a seguir.

Eu realmente não queria aprender feitiços das trevas, eu sabia que não me dava bem com isso. Eu me lembro de como me senti quando usei contra a Alice Carrow e eu não confio em mim mesma para usar.

- eu vou te ensinar algo básico dos comensais. - ela começou a falar novamente. - sabe quando nos transformamos em fumaça preta e voamos?

- sim. - respondi.

- o Lorde das Trevas insiste que você aprenda isso. - ela comentou desgostosa. - então vamos, anda!

Bellatrix começou a ensinar aquilo que era um feitiço muito complexo para ser sincera, sem contar o fato de que a minha professora não tinha paciência alguma para explicá-lo. Era parecido com aparatar, mas nesse caso é como se eu guiasse o meu próprio corpo até o lugar enquanto vôo.

𝑴𝒚 𝒇𝒂𝒗𝒐𝒓𝒊𝒕𝒆 𝒋𝒐𝒌𝒆 - 𝑭𝒓𝒆𝒅 𝑾𝒆𝒂𝒔𝒍𝒆𝒚 Onde histórias criam vida. Descubra agora