Capítulo 91 :

1.6K 114 33
                                    


No outro dia pela manhã, um delegado entra no quarto, acompanhado do meu pai e Arthur. Pelo rosto de cansaço deles, não deram uma trégua pra descansar desde que cheguei aqui. Mal posso esperar para voltar para casa e sossegar. Quero minha vida de volta. O delegado começa com perguntas de praxe e eu escuto atentamente.

Delegado: Quero que me conte tudo o que houve desde o momento que saiu de casa. Seu namorado já deu o depoimento dele, mas quero ouvir a sua versão. — Concordo.

Carla: Eu não lembro de muito. Apenas que saí para passear com o Arthur. — Me sinto impotente. —  O médico disse que é normal esquecer fatos antes de traumas fortes.

Delegado: Mas você sabe quem pode ter feito isso? Acredita mesmo que o alvo era você? Poderia ser ele. — Suspiro pesadamente.

Carla: Eu trabalho... ou melhor, trabalhava com matérias sobre famosos, mas nada pesado ao ponto de quererem me matar. Afinal, eram fofocas. — Penso no pai do Arthur, mas ele é meio que fora de cogitação. Já encerramos nossa briga há dois anos. Isso nem tem como levar as suspeitas até ele.

Delegado: Ninguém te ameaçou nesses últimos dias ou semanas? — Paro e penso. A última discussão que tive foi com a Lorena. Sim, claro!

Carla: Lorena Monteiro. Ela me ameaçou. — Meu pai e o Arthur arregalam os olhos.

Carlos: Você não me contou isso, filha!

Carla: Ah pai, o senhor já estava furioso... não queria aumentar a ira. Nós duas tivemos um desentendimento bobo no banheiro do fórum. E que, por sinal, foi ela que entrou atrás de provocar. Depois, ameaçou. — O delegado balança a cabeça.

Delegado: Você acha que ela ultrapassaria a ameaça?

Carla: Claro! Ela tentou me matar uma vez. Ela jogou o carro na minha direção, mas eu subi na calçada. O único atingido foi meu cachorro. Ela já foi julgada e vai pagar pelo que fez. Não da maneira que deveria ser, mas enfim, vai ter que colher o que plantou.

Delegado: Então eu irei chamar a Lorena para um depoimento e depois colocarei as duas, frente a frente. Deixarei que descanse, mas logo irei até sua residência buscar mais informações se for preciso. Ou no caso, convocarei você. Manterei seu pai informado. — Meu pai o acompanha e Arthur vai até a janela, ficando de costas pra mim.

Arthur: Devia ter me contado sobre a Lorena. Estaria prevenido. Tenho vontade de vomitar só de lembrar que já saí com essa mulher.

Carla: Não levei a ameaça a sério. Ela acabou de ser condenada a prestar serviço comunitário... não imaginava que iria se arriscar novamente pagando alguém pra me matar. — Ele anda até onde estou, sentada na cama.

Arthur: Essa briga de vocês ultrapassou todos os limites. Quero que fique em segurança. Você e meu filho, entendeu? — Assinto em um gesto rápido com a cabeça. — Não pouparei esforços para protegê-los. — Reviro os olhos.

Carla: Fica tranquilo!

ARTHUR

Alguns dias depois Carla recebe alta. Estamos reunidos na sala do meu apartamento. Os pais dela queriam que ela fosse para a casa deles, mas eu insisti que deixasse que ela viesse comigo. Quero ficar de olho nela, cuidar de tudo de perto. Se ela fosse ficar com os pais, não teremos a mesma liberdade que temos aqui.

Tinha dado férias a minha empregada e como ela voltou, ficou melhor para ter alguém para dar assistência a minha namorada quando eu estiver jogando. Thais foi embora há alguns dias, mas em breve estará de volta com a minha mãe. Espero que elas me ajudem também.

Arthur: Eu vou contratar um segurança para ela. Quero tomar todo o cuidado possível para que nada de mal aconteça nem a ela, nem ao bebê. — falo para meu sogro enquanto tomamos café.

Carla: Que exagero, Arthur! Estou dentro do apartamento. Aqui é seguro. Não quero ninguém no meu pé.

Carlos: Ela é teimosa! Sempre foi assim. Quase nos matou do coração na primeira vez que sofreu o atentado. Nem ia contar para mim e só lembrou que poderia ajudar quando recebeu ameaça pessoalmente do... — Ele para quando percebe que vai falar o nome do meu pai.

Arthur: Não precisa ficar assim, Carlos. Eu sei o que meu pai fez. Sou totalmente contra. Já falei pra você. — Seguro a mão de Carla e levo até os lábios.

O clima fica estranho. Sei que eles ainda estranham o fato de quem prejudicou a Carla foi meu pai, mas têm que aceitar que eu não me importo se eles o odeiam e acusam. Eu nunca fui a favor e nunca apoiei a canalhice dele. Pelo contrário, sinto vergonha.

Cassio: Bom... — Cassio chama a atenção de todos quando levanta de uma vez — Ela vai morar aqui, está grávida, e o casamento? —  Carla gargalha.

Carla: Menos, Maninho! Bem menos. Não estica, certo?

Cassio: Mas isso que deveria acontecer. Você não é uma qualquer.

Carla: Não, meu querido. Estamos em pleno século vinte e um e ninguém casa assim. E tem mais, a vida é minha e eu cuido dela. — Bufa irritado.

Cassio: Ainda acho que...

Mara: Cassio, por favor! — A minha sogra aparece saindo da cozinha com bolinhos de chuva. — Coma, minha filha. Agora mais do que nunca você tem que se alimentar bem. — Sorrio. Seguro o cesto próximo a ela, que come.

Carla está melhor dos enjoos. O médico receitou um remédio e ela não rejeita mais os alimentos tanto quanto antes. O que venho notando nesses dias é o sono. Ela dorme mais do que dormia antigamente. Estou ansioso pra ver a barriga crescer e sentir o bebê mexendo.

É tudo novo, mas eu sei que a cada descoberta, eu irei amar.

Comentem

O Astro do Futebol ⚽️ Onde histórias criam vida. Descubra agora