Capítulo 103 :

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Olga: Liga a tv! É urgente.

Sem dizer mais nada ela volta para a cozinha e eu corro até a estante e pego o controle. Tenho uma TV na sala, mas que dificilmente é utilizada. Na maior parte do tempo ela serve apenas de enfeite. O plantão da emissora mostra a delegacia ao fundo, a jornalista falando algo que não consigo prestar atenção, principalmente quando leio a legenda da manchete.

"Lorena Monteiro se apresenta a delegacia para prestar depoimento sobre tentativa de homicídio."

Carla: Jesus! — Ela fala e logo corre para pegar o celular. — É melhor a gente ir até lá.

Sem esperar nem mais um minuto corro para pegar minhas coisas e saio rumo a delegacia para esclarecer de vez essa confusão, ver a culpada pagar pelos erros e finalmente poder ter paz com a mulher que eu amo. Só preciso de paz.

No caminho ela recebe a ligação do pai, que também já se encontra na delegacia. Ele pede para que eu entre pela parte de trás, já que na frente do prédio está tomada pela imprensa e como ela está grávida e recém operada, não pode passar por tumulto.

Quando chegamos, somos encaminhados para a sala do delegado, que permite que entremos com o advogado, meu sogro. O clima na sala é pesado e assim que vejo Lorena chorando, sentada na cadeira, eu sinto que algo não parece tão certo, assim como Carla.

Lorena: Arthur! — Ela tenta levantar para se aproximar, mas um dos policiais segura seu braço. — Eu juro que não fiz nada. — Carla fica acuada, ficando o mais longe o possível da mulher que está descontrolada.

Delegado: Sente-se, senhora! — O delegado ordena e Lorena obedece.

Lorena: Eu confesso, posso ser egoísta, mesquinha, traíra, e mesmo já tentado dar um susto nela, dessa vez eu não tive culpa! Não posso pagar por algo que não fiz.

Delegado: O atirador está vindo. Colocarei os dois frente a frente.

Um dos policiais puxa uma cadeira para que Carla sente e eu me posiciono atrás dela, pousando a mão no seu ombro. O delegado explica que vai permitir que fiquemos na sala, mas que não quer confusões, porque ele já está liberando regalias demais por ser amigo do meu sogro, mas o que está fazendo pode complicar seu cargo.

Lorena: Carla, eu odeio você. — Lorena fala, causando alvoroço, mas ela ergue a mão em rendição. — Odeio por ter me feito perder o marido, o emprego, tudo. Minha vida desgraçou depois que você resolveu me difamar.

Carla: Eu contei a verdade. Quem traiu seu marido foi você. — Sinto a tensão em seus ombros. — Eu posso ter errado em querer a todo custo desmascarar você, mas errada ou não, era o meu trabalho. Me envergonho por ter causado tanta confusão, porque a vida é sua e você faz o que bem entender dela. Nenhuma aqui é santa e inocente, então admito minha parcela de culpa. — Lorena abre um pequeno sorriso, mesmo com os olhos inchados de choro e acuada.

Lorena: Tem razão, mas eu preciso que acredite em mim. Não mandei matar você. Eu fugi sim... estava escondida para não ter que prestar serviço comunitário, porque olha pra mim, eu não nasci para lavar banheiro. Mas quando vi a matéria na TV e a acusação, percebi que eu só estava enrolando a corda no meu pescoço. Por isso eu vim me apresentar. Preciso esclarecer essa confusão. Não posso pagar injustamente por algo que eu não cometi.

Carla até tenta abrir a boca, mas a porta se abre, nos interrompendo. Um homem entra. É jovem, alto, moreno, com olheiras e ossos protuberantes.

Xxx: Esse é o Ismael Honorato. — o policial fala. — O atirador.

Tenho vontade de ir na direção do miserável e matá-lo por ter tentado contra a vida da Carla. O delegado toma a frente e puxa o homem, também ordenando que Lorena fique de pé. Os dois se encaram por um longo momento.

Delegado: Foi essa mulher que pagou você? — No mesmo instante ele balança a cabeça em negação, fazendo Lorena soltar um suspiro de alívio.

Ismael: Essa não é a tal Lorena que eu conheci. Era loira também, mas era mais baixa, mais... — Thais! — Ela era mais nova do que essa. — Sinto uma tontura por causa do baque.

Mesmo assim, pego meu celular e com as mãos tremendo, procuro uma foto da minha irmã. Todos me olham apreensivos, e Carla passa a mão nas minhas costas. Ela sabe o que estou pensando. O celular do meu sogro toca e ele recusa, mas pela insistência da pessoa do outro lado, ele pede licença e sai da sala.

Arthur: Foi essa daqui? — Mostro o celular quando escolho uma foto de rosto. — Essa foi a mulher que pagou você? — O homem encara a imagem pacientemente, mas logo após, para o meu alivio, ele nega.

Ismael: Não. Alguém pode me dizer o que está acontecendo? Eu já dei o nome da mulher. Procurem por ela.

Delegado: Deram um nome falso. — O delegado é quem fala. — Levem ele de volta. Vai aguardar julgamento enquanto vamos descobrir quem fez isso.

O homem sai e eu tento tranquilizar Carla, que chora inconformada. Lorena exige que possa ser liberada, porque irá processar que tentou prejudicá-la. A sala vira uma baderna, até o meu sogro retornar.

Carlos: Era a sua avó, Carla. Ela está no hospital. — Carla dá um pulo da cadeira. — Ela teve uma parada cardíaca. — Santo Deus! — Ela descobriu que foi a Sueli que encomendou sua morte.

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