Capítulo 67 :

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Depois de uma noite nada romântica e duro com os sonhos quentes com a loirinha no quarto ao lado, tomei um banho para despertar de vez e acalmar o meu amigo aqui embaixo. Se eu tentei burlar a regra de ficar longe dela durante a noite?

Claro! Mas todas as vezes que eu movia para o lado, o irmão dela acendia a luz do abajur. Algumas vezes tive que conter gargalhadas. Esse cara é hilário!

A casa está vazia, mas o barulho que vem da varanda chama minha atenção. Abro a porta e encontro todos reunidos na grande mesa, farta por sinal.

Helena: Arthur, meu querido! — Dona Helena me cumprimenta animada enquanto viro o centro das atenções. — Sente-se e tome seu café. — Dou um abraço e ela cora. É um amor de pessoa.

Puxo a cadeira ao lado da Carla, e antes de sentar, planto um beijo no topo da sua cabeça. Seu cheiro é delicioso.

Carla: Dormiu bem? — pergunta com um sorriso malicioso.

Cassio: Perfeitamente bem. Eu garanti que ele tivesse uma ótima noite de sono. — Cassio fala antes que eu possa responder. — Todos sorriem.

Começo a me servir. Sobre a mesa tem dois tipos de bolo, de leite e fofo, pão doce e salgado, ovos, leite, café, suco. Algo bem a cara de família grande. É gratificante saber que a família dela é unida e saber que a Carla foi bem criada. São boas pessoas e qualquer um que chegar aqui, percebe que são do bem, honestas. Completamente o oposto do meu pai.

Por causa dele me distanciei de todos. Vejo minha mãe, irmãs, sobrinho com pouca frequência e sinto falta. Por mim, eles morariam longe daquele imbecil. Até hoje não me conformo com o que ele fez, principalmente depois do que a Carla contou. Ameaçou, roubou... Nem parece que tenho o mesmo sangue dele.

Carla: Está bem? — A sua voz suave soa no meu ouvido — Parece distraído. — Ponho minha mão em cima da dela e acaricio devagar.

Arthur: Só estava invejando sua família. — Seu sorriso não alcança os olhos. Foi mais uma maneira de me consolar.

A dona Helena começa a falar sobre futebol... e não é que ela entende? Claro, ela não vai a jogos ou assiste pela TV, mas sempre fica com o rádio ligado.

Arthur: Tricolor? — pergunto — Eu jogo no rubro negro, dona Helena.

Helena: Uma lástima. — lamenta — Eu poderia ir ao estádio uma vez para prestigiá-lo, porém...

Arthur: Porém, a senhora vai assim mesmo. Pode ter certeza que ainda arrastarei pra assistir um jogo meu e de camarote VIP. — Pisco.

Carla: Uau! Olha aí, a vovó com toda moral! Será que o Arthur fará a senhora virar a casaca? — Carla fala sorrindo.

Helena: Jamais! Nem nos melhores sonhos dele. Torço por você, mas não pelo seu time. — Ela olha pra mim — Quem sabe um dia você nos dê a honra de jogar nas Laranjeiras? Aí sim, você estará realizado jogando no meu Fluminense.

Arthur: Bom! Prefiro não comentar nada a respeito. Não posso me comprometer. — Bebo um pouco de suco e mordo o pedaço de queijo que a Carla coloca na minha boca.

Sueli: Bom dia! — A voz de gralha rouca chama a atenção de todos.

O clima fica estranho quando a prima loira tingida aparece vestindo um pequeno baby doll transparente. Desvio o olhar, continuando meu café. O clima pesa de imediato. A tensão é palpável.

Sueli: Vocês pareciam bem animados. Do que estavam falando? — Sinto que ela está falando para minha namorada, mas prefiro nem confirmar o fato. Não quero dar corda.

Helena: Esse não é o tipo certo de roupa pra aparecer em público, Sueli. — Dona Helena chama a atenção da neta.

Marta: Ah, mamãe, Sueli sempre anda assim pela casa. A senhora já devia estar acostumada.

Helena: Não quando se tem visitas. Mande sua filha se trocar ou eu mesma vou ensinar bons modos a ela. — A mulher que está ao lado do pai da Carla levanta e pega a filha pelo braço.

Marta: Venha minha filha. Tomaremos café na cozinha! — As duas saem, com relutância da moça. Todos ficam em silêncio.

Carla: Quando você tem luta, Cassio? — Carla pergunta tentando mudar o foco dos acontecimentos.

Cassio: Daqui a umas semanas. Espero que vá. Mesmo não gostando de ver você nesse tipo e ambiente, será uma luta importante... quero minha irmã prestigiando e me dando sorte. — Ela solta beijos no ar.

Carla: Pode ter certeza que iremos, não é, Arthur?

Arthur: Não perderei por nada. — Cassio olha para mim e depois balança a cabeça. — Na quarta-feira terei jogo no Maracanã. Vocês estão convidados.

Carlos: Uma pena eu não poder ir nesse. Meu trabalho não me permite folga durante a semana, mas pode ter certeza que eu irei em outro. — Fico feliz por ver meu sogro sendo gentil.

Cassio: Eu vou viajar pra lutar em outro estado, mas fica pra próxima. — Sendo mais simpático, ele até fica agradável.

Depois do café, sento no sofá enquanto Carla ajuda a avó a limpar a mesa.

Carlos: Acho que merecemos ter uma boa conversa, não é? — O pai dela me assusta quando senta na minha frente. É, acho que isso nunca aconteceu na minha vida, algo tão formal relacionado a mulher. Nem quando namorei outras.

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