Capítulo 66 :

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Arthur: Vamos, antes que alguém venha até aqui. — Voltamos para a mesa e a mãe dela pergunta se está tudo bem.

O jantar segue e todos estão conversando de uma vez só. De repente, me faz sentir saudade da família. Há tempos não sei o que é isso. Ter pessoas reunidas em uma mesa farta, contando bobagens e rindo das mesmas.

Desde o ocorrido com meu pai, nós não temos mais isso. Evito andar no mesmo ambiente que ele. Já não queria estar perto, e depois do que a Carla contou meu repúdio só aumentou.

A loira sentada no outro lado da mesa não para de olhar pra mim, e começo a ficar desconfortável. Temo que Carla perceba, e cause algum mal-estar.

Sueli: Não se lembra de mim, Arthur? — Pergunta, deixando todos curiosos.

Arthur: Não. Deveria lembrar? — Sorri debochadamente.

Sueli: Claro! A festa na casa do Ítalo Queiroz — um dos jogadores do time — Você estava cercado por mulheres. Até conversamos bastante naquela noite.

Arthur: Duvido. Nunca fui de conversar. — Não mesmo. Meu negócio era sexo. Muito sexo.

Merda! Isso não vai acabar bem.

Sueli: Como iria me esquecer de você? — olha ao redor — Arthur, o jogador mais rodado e mulherengo que já conheci. Você era de todas! — Carla se mexe e sei que está se controlando.

Arthur: Isso é algo que faz parte do meu passado. Hoje, eu sou uma pessoa diferente. — Seguro a mão gelada da Carla e levo aos lábios, deixando um beijo demorado.

Cassio: Acho bom que isso seja verdade. Porque minha irmã não é Maria chuteira. —Meu cunhado fala, me encarando.

Sueli: Mas você não conhece esse daí. Não se contenta com uma só. Todas as mulheres do Rio de Janeiro são caidinhas pelo Arthur. — Essa piranha está querendo foder com minha vida mesmo.

Arthur: Sua prima foi a única mulher que apareceu e conseguiu ganhar meu coração. O resto não passou de uma diversão para um homem solteiro e que achava que tinha uma vida feliz. Eu queria distração, e elas também. Mas nada do que vivi no passado, me importa agora. Tudo faz parte de uma época negra e que faço questão de esquecer. — Enfim, ela fica quieta. Acho que entendeu meu recado.

Helena: Que bonito, Arthur! — a dona Helena fala — E que coisa feia, Sueli. Tente ser mais discreta. — Aperto a coxa de Carla discretamente.

Depois do jantar, todos se preparam para deitar. Mas antes, sigo Carla até a varanda. Ela passou o resto do jantar quieta e não conversou. Sei que o que sua prima falou, incomodou, mas ela tem que entender que isso é meu passado. Não dá mais para mudar, por mais que, nesse exato momento, eu queira muito.

Arthur: Eu sinto muito. — Falo, enquanto a abraço por trás.

Carla: Nem minha prima piranha escapou de você. Meu Deus! — Bufa.

Arthur: Eu nem conheço ela. É só mais uma pessoa insignificante. Não fica chateada comigo. Eu sou louco é por você! — Ela se vira e enrola os braços na minha cintura.

Carla: Acho que eu terei que conviver com isso constantemente, não é? Arthur e seu pau mais rodado do que catraca de ônibus em horário de pico. — Jogo minha cabeça para trás com uma gargalhada divertida.

Arthur: Você é a melhor! Mas já falei que isso não me importa mais. Confie em mim! —  Seguro seu rosto entre minhas mãos e a beijo.

Carla: Eu confio. Porém, não me decepcione! — Escuto um pigarreio.

Cassio: Vamos? Todos estão indo dormir. — Cassio nos chama.

Carla: Meu Deus! — ela reclama — Parece mais um cão de guarda!

Cassio: Que seja! — Ele espera que eu entre com ela e logo acompanha. Seguro a mão de Carla, e ela me leva até o quarto. — Aonde vocês vão? — O irmão dela pergunta.

Carla: Dormir, não?

Cassio: Você vai sozinha. Arthur dormirá no meu quarto, já que tem outra cama de solteiro. É isso que ele é, afinal! — Engulo seco e Carla encara o irmão. — Casa da vovó, as regras são outras. — Ela me dá um beijo e se afasta.

Carla: Tudo bem, papai! Acho que voltei a ter quinze anos.

Irritada, ela bate a porta e eu fico sozinho com ele. Sigo Cassio até o quarto, e ele me mostra a cama do outro lado. Sento e começo a tirar meus sapatos.

Cassio: Eu entendo que nós, homens, temos a carne fraca quando o assunto é mulher bonita. — Ele fala — Eu mesmo conheço várias que me usam para o sexo e vice-versa. Tenho minhas necessidades também. Mas não esqueça que minha irmã não se enquadra nesse tipo de mulher. Ela não é igual minha prima.

Arthur: Eu sei disso.

Cassio: Ela mora sozinha, tem uma vida com liberdade, e eu não sou burro. Sei que ela não é nenhuma puritana. Mas a Carlinha, além de tudo, ela é doce e não merece ser passada pra trás. Nem humilhada da forma que foi no jantar. — Engulo seco.

Arthur: Eu jamais poderia imaginar que já tinha dormido com ela. Como eu falei no jantar, ela e as outras, fazem parte de um passado negro. Não me importa mais nada. — Ele cerra o olhar na minha direção.

Cassio: É bom que nunca esqueça que sei quebrar um pescoço facilmente. Mas também sou um bom cunhado quando respeitam minha irmã. Sei que ela odeia o meu lado ciumento, protetor, mas como irmão, devo protegê-la. Agora, acho melhor que vá dormir.

Arthur: Boa noite! — Deito e fico imaginando se seria possível fugir para o quarto dela sem ser notado.

Melhor não. Ainda pretendo ter filhos um dia. Não que eu seja medroso. Mas já deu pra reparar o tamanho do cara? Eu sou grande, ele tem o dobro do meu tamanho.

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