Capítulo 101 :

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Com muita relutância, Arthur acaba se despedindo para ir treinar. Por sorte ele não vai ficar na concentração já que o jogo será aqui. Eles estão jogando a Copa do Brasil e o Brasileirão, por isso o tempo anda bem corrido.

Tenho uma consulta marcada em breve. Liguei para marcar e Arthur irá comigo. Estou ansiosa. Passo a tarde na companhia da Olga. Ela segue à risca as regras do meu namorado. Sempre empurrando frutas ou sucos nos intervalos das refeições. Vou acabar ficando obesa desse jeito.

Mal posso esperar também pra começar a sair de casa sem me preocupar. Temo pela minha segurança, mas não por mim, e sim pelo bebê. Se foi a Lorena ou outra pessoa, essa ainda não foi presa; então não posso vacilar. Melhor prevenir.

No começo da noite começo a ajudar com o jantar. Olga fez macarronada. É algo mais "leve" para o horário. Tomo um banho e me arrumo. Virei usuária assídua de vestidos, mesmo com a barriga ainda pequena.

A campainha toca e alguns minutos depois, vou para a sala. É quando vejo quem eu não esperava. O José. Pai do Arthur. Meu sangue parece congelar nas veias.

José: Olá, Carla. — Engulo seco. Estou sentindo meu coração querer sair pela boca.

Carla: O que quer comigo? O Arthur não está! — Sorri.

José: Eu sei. Ele está treinando. Geralmente demora. Sua empregada também não está aqui. Pedi pra que fosse comprar um vinho especial. Então... — Aponta ao redor — Estamos sozinhos.

Ando para trás, tentando achar algo para atingi-lo caso ele venha para cima de mim.

Carla: É melhor que vá embora, eu não responderei pelos meus atos.

Com uma postura defensiva, ele vai até o sofá e se senta. Olho para a porta e para chegar até ela precisarei passar pelo homem, correndo o risco de ser uma presa vulnerável. Penso em todas as possibilidades.

Não posso agir com irresponsabilidade, porque não devo me preocupar comigo, mas com o bebê que carrego.

José: Calma! — pede gentilmente. Ou ele está sendo dissimulado? — Não seria louco em fazer algo com você.

Carla: Apenas saia daqui e me deixe em paz. Não me faça começar a gritar. — Minhas pernas estão tremendo tanto que parece que irão falhar a qualquer momento.

José: Eu entrei para a política a fim de buscar melhorias para a vida das pessoas. — Cerro o olhar na sua direção. — Já ganhava bem com minha profissão, mas quando consegui me eleger, cresci os olhos. Deixei a ambição me cegar. Me juntei com corruptos, até que recebi a proposta de desviar verbas para nossa conta. Não quis, mas acabei tendo minha família ameaçada.

Carla: Não justifique seus atos.

José: Não, porque eu sei que errei, mas tenta me entender. Estava com a corda no pescoço. Você não faz ideia da sujeira em que me meti quando resolvi trabalhar com política. Não tive como sair daquele emaranhado de pessoas sujas e desonestas. Claro, há quem escape, mas eu me envolvi com a pior espécie.

Carla: Não sei se acredito nas suas palavras.

José: Desviei de vez, afinal, todo mundo fazia e não era descoberto. Era melhor fazer aquilo e manter minha família viva. Só que eu fui gostando de ganhar dinheiro. — Ele sorri — Eu gostei, Carla. Eu estava tirando comida da boca de crianças pobres, mas estava feliz com aquilo. Eu conseguia colocar a cabeça no travesseiro e dormir em paz.

José se levanta de uma vez e eu me afasto mais, recuando para não ficar tão próxima.

José: Só que a minha farsa não durou muito. Eu acordei um dia depois da festa e recebi uma enxurrada de telefonemas, minha casa estava cercada com a imprensa, minha família estava sem entender nada. Foi aí que eu vi a sua matéria. Você teve acesso a documentos que eu guardava, mas que deviam estar no cofre. Eu tinha acabado de receber de um dos meus cúmplices. A casa estava cheia, mas ali ninguém iria ousar mexer nas coisas. A casa estava rodeada de seguranças.

Carla: Não tantos, já que consegui entrar. — Dou de ombros.

José: É. Que seja! — Seu tom é calmo. — Fui processado, afastado do cargo, meu filho falou coisas horríveis comigo, minha mulher passou a dormir em quarto separado de mim e fui pressionado por dois cúmplices. Se eu vazasse o nome de alguém, não só iria perder o emprego, mas algo terrível iria acontecer com as pessoas que eu amava.

Carla: Não faz sentido você ter ido me ameaçar. Você foi cruel e eu sofri um atentado depois que me ameaçou. — Ele balança a cabeça. Parece envergonhado, mas não me convence.

Não ainda.

José: Fiz aquilo em um ato de desespero. Não tinha muito a perder e eu queria descontar em alguém. E quem melhor do que você? A pessoa que destruiu minha vida? Porque era isso que eu pensava. Você era a pedra no meu sapato. Só que aquilo ali não foi real. Eu jamais faria mal a você. — Minha cabeça começa a latejar. É muita coisa para absorver.

Carla: Mas eu sofri um atendado naquela época, José. Um homem tentou me matar.

José: Você mexeu com pessoas poderosas, Carla. Pessoas que colocam a ambição em primeiro lugar e que fariam qualquer coisa para salvar a pele. Infelizmente, você não vai conseguir descobrir quem foi, mas eu posso te garantir que eu não tive culpa. Minhas palavras foram falsas. Eu não passei das ameaças.

Passo a mão pelo rosto, sem saber se acredito na história dele ou se mantenho firme minha convicção de que ele é o culpado de tudo.

Carla: O motoqueiro que tentou me matar disse que foi a Lorena, mas é uma história muito mal contada. Duvido muito que tenha sido ela. Só tenho mais dois suspeitos, você ou a sua filha maluca. E sinceramente, não sei confiar em você.

José: Entendo se nunca confiar em mim, mas tudo o que falei aqui foi verdade. — Ele dá um passo na minha direção. — E sobre a Thais, ela é só uma filha tentando defender o pai. Se ela armou aquilo com você, está tendo o que merece, sofrendo com a raiva do irmão. Ela é louca pelo Arthur, mas está mal por saber que ele a odeia.

Carla: Não sinto pena. Ela tentou me prejudicar. — Posso até soar insensível, mas qualquer pessoa no meu lugar agiria da mesma forma.

José: Thais é mimada. Eu criei mal, confesso. Foi um ato estupido, mas não acredito que ela tenha sido capaz de mandar matar você. É algo sério demais.

Eu sequer consigo responder ou parar para raciocinar sobre o que ele disse, porque a porta é escancarada e tudo acontece rápido demais. Um segundo vejo Arthur na entrada, logo após ele já está em cima do pai, apertando o colarinho do homem caído no chão.

Arthur: O que você está fazendo aqui, seu merda? — grita — Eu avisei que não queria você perto dela! — Salto para perto dos dois, tentando tirar Arthur de cima do pai.

José: Precisava co-conversar com ela. — o homem fala quase sem ar— Não fiz nada. — Olga também me ajuda, puxando Arthur do outro lado.

Arthur: Seu infeliz, você está tentando completar seu serviço sujo!

Meu Deus! Não posso permitir que aconteça uma tragédia nessa sala.

Carla: Para, Arthur, por favor! — Suplico, puxando a manga da sua camisa. — Me escuta.

Desesperada, grito por ele, que parece dominado pela raiva enquanto o homem sufoca debaixo dele.

Jesus!

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