Capítulo 89 :

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Alguns minutos depois, a ambulância chega e os enfermeiros a socorrem, colocando-a em uma maca. Entro na ambulância e sento ao lado dela. Mal sinto minhas pernas. Estou tremendo, sem ar, sem fôlego. Observo os enfermeiros prestarem os primeiros socorros.

Xxx: O que aconteceu? — A enfermeira pergunta e eu explico, nervoso. Mal consigo falar. — Assim que chegar ao hospital tem que chamar a polícia. Pode ter sido uma tentativa de homicídio.

Carla se mexe e abre os olhos, eu seguro sua mão. Estou tremendo, mas tento que ser forte por ela.

Quando chegamos ao hospital, eles entram com ela e eu sou impedido de prosseguir. Fico na recepção. Busco coragem e ligo para o pai dela. Explico o que aconteceu e ele se desespera do outro lado da linha.

Faço a ficha dela e sou encaminhado para a sala de espera. Mal consigo ficar de pé. Estou com as pernas bambas, muito preocupado. Preocupação não é a palavra certa pra definir o que estou sentindo agora. Meu celular começa a tocar. É o Lucas.

Lucas: O que diabos aconteceu? Acabei de ver na internet, Arthur!

Arthur: Já? Que merda!

Lucas: Ela está bem? — Suspiro pesadamente.

Arthur: Não sei, Lucas. Eu mal consigo racionar. Levaram ela para dentro e não me falaram mais nada. Estou esperando.

Lucas: Eu vou ao hospital. Tenta manter a calma. — Desligo e espero. É o que me resta.

Com os olhos encharcados, olho nossas fotos no meu celular. Minha mulher, a única que eu amo e sempre vou amar. Só espero que um dia nossa vida não seja tão conturbada e que possamos viver em paz.

Um barulho chama minha atenção. Quando ergo a cabeça, vejo os pais e irmão da Carla entrando de uma vez. A mãe dela está chorando e o pai tenta consolá-la.

Mara: Arthur! — Ela vem até mim e me abraça. — Como ela está? Me diz que ela está bem, que não foi nada grave.

Arthur: Eu estou esperando notícias. O médico ainda não veio aqui... mas ela estava acordada quando chegou. Não sei bem como ela foi atingida, como vai ficar. Parecia que eu estava dopado. Fiquei sem reação.

Tento não passar tanto nervosismo para não a deixar mais tensa. Se eu estou desse jeito, imagino como a mãe dela deve estar.

Carlos: Parece que estou vivendo aquele mesmo pesadelo. — o pai dela fala se afastando, sentando na cadeira — Minha filha sofrendo atentado, sendo alvo de alguém cruel... — Está falando do meu pai. — Minha filha pode ser curiosa, ter o trabalho que mexe com vida alheia, mas é uma boa pessoa. Não merece isso.

Arthur: Eu sei que é. Mas eu tomarei providências pra que ela fique segura. E quando eu descobrir quem fez isso, vou buscar nem que seja no inferno. — O irmão dela se aproxima. Parece lutar para não sair quebrando tudo.

Cassio: Eu tenho vontade de matar quem fez isso com ela. Mesmo aquele desgraçado. Nunca engoli o fato dele ter ido embora. — Sinto-me desconfortável. O pai dela percebe.

Carlos: Agora não é o momento, Filho. Acalme-se!

Ele senta perto da mãe e ela apoia a cabeça no ombro do filho. Ando de um lado para o outro, apreensivo. Logo Lucas chega e fica ao meu lado, respeitando meu silêncio. Quarenta minutos depois, que parecem uma eternidade, o médico aparece.

Dr: Vocês são os familiares da Carla Diaz? — Todos levantam e vão até ele.

Arthur: Como ela está? — pergunto.

Dr: A bala atingiu as costelas por pouco. Poderia ter sido fatal ou levá-la a ter sequelas. O maior problema foi a hemorragia que tivemos que conter. Mas enfim, o quadro dela é estável. Está sedada. Foi praticamente um milagre. — O olhar do médico direciona até onde estou. — Você é o namorado? — Assinto, nervoso. — Fique tranquilo, o bebê não sofreu nada. — As palavras do médico martelam na minha cabeça.

Bebê... Carla...

— O que disse? — Os pais dela perguntam ao mesmo tempo. Nem consigo abrir a boca.

Dr: Vocês não sabiam? — Todo mundo, eu inclusive, balança a cabeça. — Oito semanas. Agora, se me derem licença, preciso atender outro paciente.

O médico se afasta e eu desabo na cadeira mais próxima, tentando absorver as palavras do homem. Era por isso que ela estava tão doente? Por isso vomitava sem parar? Seus seios estavam inchados. Seus enjoos constantes. A recusa de consumir álcool.

As lágrimas começam a descer e eu choro. Choro pela Carla e pelo que acabei de descobrir. Eu não só corri o risco de perder a mulher da minha vida, mas o meu filho.

Meu Deus!

Filho. Vou ser pai!

Carlos: Grávida. Eu vou ser avô? — O pai de Carla sorri.

Arthur: Ela não me contou. Eu... — Meu coração bate forte. Não sei mais nem o que falar.

Serei pai. Fico repetindo as palavras na minha mente.

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