Capítulo 62 :

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Duas horas depois, paramos no sitio da minha avó. É grande e fica em uma parte isolada. Ela vive aqui com minha tia e uma prima. Meu avô morreu quando eu tinha dez anos. Era um amor de pessoa, e até hoje sinto falta dele.

Desço do carro com Cassio e entramos na casa. Assim que abro a porta, minha avó nos recebe com um sorriso imenso.

Helena: Que saudade da minha dupla da pesada! — Corremos até ela e damos um abraço duplo, enchendo-a de beijos.

— Parabéns, Vovó! — Falamos juntos.

A família não é grande, mas temos alguns parentes espalhados por aí. Mas quem sempre esteve com ela foi minha mãe, tia, eu e Cassio, que o trata como se fosse seu neto, mesmo estando em falta ultimamente.

Helena: Meu Deus, esse menino tá imenso! — Sem cerimonias, ela aperta os músculos do meu irmão. — E essas tatuagens? Como vocês gostam dessas coisas? — Pergunta fazendo careta.

Cassio: A senhora está por fora... — ele chega mais perto da minha avó e sorri — A mulherada enlouquece quando vê. Elas amam saber aonde começam, mas enlouquecem mesmo quando descobrem aonde vão parar. — Reviro os olhos.

Helena: Jesus Amado! — Sussurra com um ar divertido. Ela vira pra mim e alisa meu rosto. — Estava com saudades! Sabe que sempre acompanho seu blog? Fiquei sabendo da sua briga com aquela mulher. Achei bem feito o que fez.

Mara: Mamãe! — Minha mãe chama a atenção da minha avó.

Helena: Tudo bem. Vamos comer? Fiz bolo, doce de leite, tapioca, suco de manga que vocês amam. Precisam se alimentar bem.

Carla: Que ótimo! Voltarei rolando pra casa.

Casa e amor de avó não poderia ser diferente, não é? Sentamos todos reunidos ao redor da enorme mesa de carvalho. O clima está bem gostoso.

Por sorte trouxe blusa de mangas longas e calças pra dormir. Não estou muito acostumada com frio e aqui está bem gelado. Mas nada que incomode.

Minha tia e prima sentam à mesa. Bom, minha relação com as duas não é das melhores. Minha tia sempre meio que disputou com minha mãe. A vida toda. É daquele tipo de pessoa invejosa, e que não gosta de ver outras pessoas melhorarem de vida. Ela acha ridículo meu irmão chamar minha mãe de mãe já que ele não saiu de dentro dela.

Ela não se formou e hoje, tem uma loja de roupas por aqui mesmo. A filha dela, Sueli, sempre me detestou. Antigamente disfarçava, mas hoje, nem faz mais questão de esconder. É uma desmiolada, que vive em busca de homem rico para sustentá-la. Vive em festas e em casas de show. Tudo com o incentivo da própria mãe.

Xxx: Oi, Carla! — Minha tia fala comigo, enquanto me sirvo. — Você anda meio cheinha, não é? — olha pro meu corpo com desdém. — Esse seu emprego deixa você muito sedentária. — Sorrio, tentando me controlar.

Carla: Que nada! Eu estou assim porque gosto mesmo.

Sueli me observa de onde está. Sei que ela está doida pra me provocar, mas eu não darei esse gostinho. Da última vez que estive aqui brigamos feio, a ponto de quase quebrar os dentes dela. Sempre fica com indiretas. Por sorte, hoje estou bem calma.

Escuto um pigarreio e olho para a porta. Vejo meu pai parado, com um olhar sério na minha direção.

Carla: E aí, pai! — Ele balança a cabeça.

Carlos: Vem comigo. Quero conversar com você. É rápido!

Carla: Volto logo! — Deixo meu lanche de lado, e sigo meu pai, que entra no quarto de hóspedes. Assim que ele vira, me dá um abraço.

Carlos: Minha filha. — Ele beija minha testa.

Carla: Senti sua falta, pai! — O cheiro dele me acalma. Isso é tão bom! Ele senta na ponta da cama e eu puxo o banco para a frente dele.

Carlos: Não quis entrar em contato com você esses últimos dias porque estava chateado. Preferi evitar estresse desnecessário.

Carla: Eu sei. — Abaixo o olhar.

Carlos: Mas não quero falar sobre o que houve naquele dia. Quero saber do seu namoro. Sua mãe me contou. Um jogador? — Dou de ombros.

Carla: Aconteceu. Não deu pra evitar. Ele é uma boa pessoa. — Um sorriso escapa dos seus lábios.

Carlos: Só espero que seja mesmo. Ou sabe que ele terá uma conversa séria comigo e seu irmão, não é? Acho que vou puxar a ficha dele. — Reviro os olhos.

Carla: Vocês dois acham que sou uma pobre donzela inocente. Oh! Venham ao meu socorro, um cara roubou meu coração! — Ponho a mão na testa, dramatizando.

Carlos: Você não toma jeito! Como é o nome dele mesmo?

Troco um olhar de cumplicidade com ele. Sempre nos entendemos bem, mesmo com brigas e puxões de orelha. Se prepara, Carla. É agora que seu pai enfarta!

Carla: Arthur Louzada. — Pigarreio nervosa. — é o filho do José Filho. — Branco como uma vela. É assim que meu pai fica.

Carlos: Co... Como? O José Filho Picoli ? — Balanço a cabeça. — Aquele filho da puta? — Levanta de uma vez, passando as mãos pelos cabelos. — Você não tem juízo? Aquele cara vai matar você!

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