Capítulo 13 :

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Duas horas mais tarde chego em casa e vejo Perola no sofá. Ela tem uma cópia da chave e sempre aparece sem avisar. Isso quando ela não perde a chave em qualquer lugar. Já perdi as contas de quantas cópias ela já mandou fazer.

Carla: Boa noite! — Olho pra figura, bem arrumada e maquiada na minha frente. — Outra festa, senhorita?

Perola: Dessa vez eu não irei sozinha. Você vai comigo. — Ergo a sobrancelha.

Carla: Como assim? Não me lembro de ter dito que ia sair hoje. — Perola levanta e me mostra um vestido vermelho.

Perola: Sabia que se eu chamasse, você não iria. Então comprei seu vestido e arranjei um jeito de colocar seu nome na lista. — Jogo-me no sofá. Estou cansada.

Carla: Não vou, mas obrigada pela intenção. Ah! O vestido é lindo, por sinal.

Perola: Vai sim, gata. Estou farta de ver você aqui. Qual é? Você age como se tivesse velha, aposentada e sem chances de arrumar algum bofe.

Carla: De novo isso? Está ficando repetitivo. Vira o disco!

Perola: Vamos lá! É um jantar de gala, cheio de famosos... e você ainda poderá arrumar um pau para essa noite. Olha que maravilha! — Gargalho.

Carla: Que prática!

Perola: Sempre! E aí? Não vou aceitar não como resposta. Até porque comprei esse vestido especialmente para você. Arranquei a etiqueta, não tem como devolver. — Fecho os olhos e suspiro alto.

Carla: Tudo bem, você venceu! Até porque preciso beber um pouco. Estou estressada. — Ela sorri vitoriosa quando me levanto e entro no banheiro.

O vestido que ela comprou se ajusta bem no meu corpo. Ele tem um decote generoso, é longo, mas com uma fenda na lateral. Acabo penteando meus cabelos e jogando para o lado. Perola me ajuda com a maquiagem, mas nada muito pesado. Ela passa uma sombra escura que destaca bem meus olhos.

Escolho um batom vermelho. Vou até meu armário e pego meu par de sapatos de salto alto e coloco. Há tempos não o uso.

Perola: Uau! Está muito sexy. Se eu fosse homem, pegaria você de boa.

Carla: Devo levar isso como elogio ou um conforto?

Perola: Os dois! Até porque se nada der certo para nós duas, a gente vira lésbica e pronto. — Passo o braço em volta dos seus ombros.

Carla: Você é bonita... nada contra, mas prefiro o sexo oposto.

Perola: Levar fora de outra mulher dói bem mais do que um de homens. — Ela segura minha mão e me gira na frente do espelho. — Perfeita e pronta para matar qualquer um do coração. Um metro e cinquenta e três desses, e capaz de enfartar qualquer um.

Carla: Obrigada! Mas pode ao menos me falar sobre o que é esse jantar? — Perola começa a retocar a maquiagem enquanto fala.

Perola: Ah! É beneficente. Cada convite custou em torno de oitocentos reais e o dinheiro está sendo arrecadado para uma instituição que cuida de crianças com câncer. Só pessoas da alta sociedade participarão. — Confiro minha roupa mais uma vez. — Eu vou na frente, e como você sabe, ficaremos separadas. Ninguém pode saber mesmo que trabalho com você.

Carla: Tudo bem. Espero que dê tudo certo e eu consiga me divertir. Estou realmente precisando.

Perola: Oh sim! Você enfim reconheceu Carla Days. — Ela dá um tapa na minha bunda e sai.

Alguns minutos depois peço um Uber e não demora para o porteiro me chamar. Chego ao local, um salão de festas de um buffet chique. Um dos recepcionistas vem até mim, e oferece o braço, me guiando até a portaria.

Uma recepcionista sorri para mim, pegando meu convite. Ela confere meu nome na lista e autoriza minha entrada. Estou nervosa. Tinha perdido o costume de sair. Eu me tornei farrista quando conheci Perola. Nós duas sempre estávamos em boates, calouradas e bares. Bêbadas, quase sempre. Mas nunca deixamos nossas responsabilidades de lado.

Vou direto para o balcão de bebidas e pego uma taça de champanhe. De longe avisto minha amiga, que discretamente, me cumprimenta erguendo a taça. Observo algumas figuras conhecidas. O lugar está cheio de dondocas e celebridades.

Aqui é um bom lugar para contatos, então talvez possa conseguir alguma matéria boa para meu blog. Só espero que ninguém me reconheça e faça escândalo.

Xxx: O que uma mulher tão bonita faz aqui sozinha? — Um homem alto, bonito, se aproxima, me assustando. Sorrio.

Carla: Bom, estou observando como a maioria aqui não veio pra fazer uma boa ação, e sim por interesses próprios.

Acho que não deveria ter falado isso.

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