CARLASentindo uma pontada de dor na costela, tento me lembrar do que aconteceu, mas não consigo. O máximo que recordo é de estar saindo para passear com o Arthur.
Se não fosse pelo médico que acabou de sair daqui eu jamais saberia o que tinha acontecido. Pelo que ele me contou, estou internada há mais de vinte e quatro horas e preciso de repouso e de cuidados médicos.
Nenhum órgão foi atingido, mas que eu perdi uma quantidade de sangue que poderia ter me matado. E mais uma vez tentaram me matar. Esse meu anjo da guarda é dos bons mesmo!
Ah, não é nenhuma surpresa também. Já passei por isso. Aliás, não chegaram a atirar, mas foi por pouco também. Não consigo raciocinar direito e pensar nos possíveis suspeitos. Fico pensando: Lorena. José. Lorena. José.
As únicas pessoas que eu sei que teriam motivos aparentemente óbvios para tentar contra minha vida. A não ser que exista mais alguém por aí, o que eu não duvido muito. Por enquanto fico com a hipótese dos dois. Mas qual deles avançaria a ameaça? Ah, claro! A pessoa que mais tem interesse em me ver longe do filho.
Me desespero ao lembrar da confirmação da gravidez. Eu já desconfiava. Minha menstruação estava atrasada há semanas, eu enjoei de boa parte das minhas comidas preferidas, meus seios estão enormes, mas eu tinha ficado em silêncio porque não queria assustar todo mundo.
Estava esperando me acalmar para poder fazer um exame. Agora a única coisa que me preocupa é o fato de estar carregando um neto daquele cretino e que eu corro ainda mais riscos. Que meu bebê corre.
Uma batida de leve na porta me livra dos pensamentos, e eu agradeço, porque já estava sentindo o pânico me invadir.
Mara: Carla? — Minha mãe fala, entrando no quarto acompanhada do meu pai, Cassio e Arthur. Ela vem até mim, pousando os lábios na minha testa. Todos estão abatidos. — Está se sentindo melhor? Que baita susto a gente levou. Pensei por um momento que...— Seus olhos enchem de lágrimas.
Carlos: Mara, meu amor, se acalme. Ela está bem. — Meu pai tenta consolá-la.
Arthur me observa de longe. Seu olhar está diferente. Não sei bem o que se passa na cabeça dele.
Carlos: Em breve um delegado amigo meu estará aqui pra pegar seu depoimento. — meu pai fala — Está bem para ser interrogada? O médico disse que se não estiver preparada, ele impede a entrada.
Carla: Não, pai. Pode ficar tranquilo, eu irei responder as perguntas que ele tiver de fazer. Quero que prendam quem fez isso. — Ele acaricia meu cabelo.
Carlos: Você desde sempre me assustando. Até quando, Carla Carolina? Vai acabar me deixando com cabelos brancos.
Carla: Sou protegida pelo meu anjo da guarda. Pela segunda vez falharam! — tento brincar, mas ele não gosta do meu tom.
Arthur: Eu posso conversar com a Carla à sós? — Arthur pergunta enquanto se aproxima mais. Já temo o que seja essa conversa.
Que Deus me ajude!
Carlos: Tudo bem! Viemos para ver se você estava bem realmente. Vocês precisam de uma conversa. Depois nos reuniremos. Todos nós. — Ele concorda com o que meu pai fala.
Cassio: Só preciso dar um beijo nessa cabecinha teimosa. — Meu irmão me dá um beijo na testa. — Amo você.
Carla: Também, Cassio! Você sabe.
Os três saem e fico sozinha com meu namorado. Ele pega uma cadeira e coloca ao meu lado. Seus olhos estão fixos na minha barriga.
Arthur: Grávida? — Franzo os lábios e sorrio.
Carla: Sim. Eu queria te contar, mas eram suspeitas.
Arthur: Por que escondeu de mim?
Carla: Eu tive medo. Certo, isso não combina comigo... mas Arthur, eu estava assustada, com medo da reação de todo mundo. Estupido da minha parte, já que a responsabilidade não era só minha, mas eu não estava raciocinando direito.
Arthur: Achou que eu não aceitaria? E por que não? — pergunta.
Carla: Eu sei, mas você nunca mencionou que queria ter filhos agora. Eu sempre quis, mas não estava na minha lista de prioridades no momento. Aconteceu... Eu passei dias pensando em quando eu vacilei e esqueci de me prevenir. — Sua mão pousa na minha barriga.
Arthur: Mas a culpa não foi apenas sua. Eu também devia ter tomado cuidado. Sempre fui cuidadoso em relação a isso, mas com você...— Sorrio, também colocando a mão na minha barriga.
Carla: Fiquei tão feliz por saber que tenho outra vida dentro de mim. Isso é tão mágico. — Meus olhos encharcam — Quando acordei, a primeira coisa que pedi ao médico foi que fizesse um exame de ultrassom para ter certeza, mas ele disse já havia visto em outro exame. Queria ter feito uma surpresa, mas ele já tinha contado a todos. Queria que tivesse sido especial. — Faço beicinho.
Arthur: Você já especial por si só.
Carla: Acho que acabei de morrer!
Arthur: Carlinha, eu ainda não sei bem o que dizer. Estou eufórico. Quero chorar e gritar para todo o mundo que serei pai. Estou emocionado. Não tinha planos para agora, mas ele chegou e só quero curtir cada momento com vocês. Não quero perder nada. E sobre a maneira que eu descobri? Melhor assim, sabia? Só uma notícia dessas para acalmar meu coração. — Seus olhos fixam nos meus. — Agora me diz, como eu não ficaria feliz em saber que tenho um filho da mulher que eu amo? Nosso sangue. Algo que foi feito com amor, paixão...
Carla: Ai meu Deus!
Arthur: Eu agora ficarei sorrindo feito bobo pra todo mundo. Nenhuma palavra é capaz de descrever o que meu coração está sentindo. Ainda estou anestesiado.
Por que ele tem que ser tão amoroso assim? Desse jeito eu vou viver derretendo como uma adolescente apaixonada.
Carla: O médico disse que ele está com oito semanas.
Arthur: Eu fui certeiro, hein? — brinca — Definitivamente, o melhor gol da minha vida. — Gargalho. — Mas estou feliz que esteja bem. E que mesmo com o que aconteceu, Deus foi capaz de nos presentear com algo tão especial. Por um momento eu pensei que iria perder você para sempre. Eu não suportaria isso. — Passo a mão no seu rosto.
Carla: Mas não perdeu. Você ainda vai ter que me aturar por muito tempo, lindo! — Pisco e ele me dá um beijo rápido nos lábios. — Só quero que essa carga toda em cima de nós dois vá embora. Só preciso de paz e sossego com você, Arthur; coisa que a gente não teve ainda. — falo e ele me lança um pequeno sorriso.
Arthur: Acredito que tudo isso tenha um propósito: fortalecer nosso amor. Em pouco tempo, conseguimos enfrentar tantas coisas juntos. Bombas atrás de bombas.
Carla: Isso porque seu pai nem deu as caras ainda, hein? Imagina quando conhecer a linda nora dele? — brinco, e ele fecha a cara.
Arthur: Ele não vai ter a chance de chegar perto de você. Não permitirei.
O médico entra, nos interrompendo. Pede para que o Arthur nos deixe à sós, já que ele precisa me examinar mais uma vez. Com relutância, ele sai.
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O Astro do Futebol ⚽️
FanficSinopse: Carla Diaz é do tipo que perde o amigo, mas nunca perde uma boa fofoca. Formada em jornalismo, ela trabalhou em um dos jornais mais importantes do Brasil; até que por um furo de notícia, ela precisou repensar toda a sua vida e carreira. Par...