Capítulo 50 :

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Já nervoso, toco a campainha insistentemente. Parece não ter ninguém. Nenhum barulho vem de dentro. Estou sentindo as batucadas do meu coração, minhas mãos suando e a boca seca. Que merda!

Será que ela está saindo com alguém? Espero que não, ou terei que arrancar um pescoço fora. Não admito ninguém mais tocando nela ou beijando aqueles lábios.

Volto e espero o elevador subir. Quando ele abre, é ela quem sai, suada, com os fones no ouvido e a roupa justa no corpo.

Ah Deus! Isso é tão quente.

Carla: Arthur? — Ela me encara surpresa.

Arthur: Oi Carla. — Sorrio.

Carla: O que quer aqui?

Arthur: Primeiramente, entrar e almoçar com você. Depois, conversar. — Ela leva a mão até a testa, que escorre suor. O mesmo que eu faria questão de passar a língua em cada gota.

Carla: Fui bem clara com você naquele dia. Desista. Não vai trazer comida pra mim, vinho e tentar transar comigo. Não adianta. — Chego mais perto.

Arthur: E quem disse que eu quero transar com você? Não, Carla. Eu quero fazer amor com você. Mas não agora, por enquanto.

Depois de esperar que Carla terminasse o banho e aparecesse vestida, sentei à mesa com ela e começamos a comer.

De vez em quando trocamos olhares, mas logo a Carla desvia. Está sendo firme. O clima está tenso e ela mostra estar desconfortável com a minha presença. Mas não vou me deixar levar por isso. É assim que eu gosto de vê-la... abalada, nervosa e intimidada por minha presença.

Arthur: A comida está boa? — pergunto e ela confirma com a cabeça. — Lembrei que você gostou daquela outra vez, então...— Ela solta o talher, apoiando os cotovelos sobre a mesa.

Carla: O que você está pretendendo?

Arthur: Só quero conversar com você, ter uma relação amigável. Sinto-me bem quando estou aqui.

Carla: Claro! Eu sei bem o porquê. — Ignoro.

Arthur: Do que você mais gosta? Diga uma comida preferida. — Seu olhar desconfiado encontra o meu.

Carla: Massas, japa e a boa e velha comida tradicional. Não tenho uma comida especifica preferida. Eu sou boa de boca.

Arthur: Eu sei... e como eu sei. — Sorrio, mas logo fico sério quando recebo um olhar de reprovação. — Eu também sou. Também não tenho frescuras. O que não pode faltar é o vinho. — Mentira! Prefiro cerveja, mais sei que ela gosta de vinho.

Carla: Eu amo vinho, nunca deixo faltar aqui. Sempre estou sozinha, e no frio é bom ter quem me acompanhe para esquentar a noite.

Arthur: Poderia ter outras coisas aquecendo você... basta querer. — Mordo o lábio e encaro os seus, enquanto ela leva a taça até eles.

Carla: Você não presta mesmo.

Não, meu bem, não presto. E quero prestar menos ainda quando pegar você de jeito. Depois do almoço, sento no sofá. Carla me olha de um jeito sério.

Arthur: O que foi? — Pergunto sorrindo.

Carla: Arthur, não adianta tentar algo. Da última vez que aceitei que entrasse aqui acabamos na cama. Mas dessa vez não vai rolar. Pode avisar seu amigo aí embaixo.

Arthur: Eu não estou com segundas intenções. — Vou até ela e seguro seu queixo. — Não ainda.

Carla se afasta e liga a TV. Mas antes que ela se sente, eu a seguro pelo braço.

Arthur: Não. Vamos dar uma volta. A gente nunca saiu juntos. Só da vez que fomos levar o Chaplin para a clínica. Vamos lá! — Balança a cabeça em negação.

Carla: Não mesmo. Estou muito bem aqui. — Ela se joga no sofá e eu fico parado na sua frente.

Arthur: Sabe que nunca aceito não como resposta, não é?

Carla: Claro que sei. Sabe ser bem inconveniente quando quer. Ah! Sem esquecer de chato. — Gargalho.

Arthur: Certo! Mas vá e vista uma roupa confortável. Vamos caminhar um pouco pela praia.

Carla: Um lugar público com você? — Aponta para mim como se eu fosse algo sobrenatural — Nem pensar! — Sento na mesinha de centro e apoio as mãos sobre sua coxa.

Arthur: Vergonha de mim? Muitas dariam tudo para estar no seu lugar. — provoco.

Carla: Quanta modéstia. — ironiza — Pois é, mas eu não sou uma das muitas que você está acostumado e você sabe bem disso!

Sei, Carla. E é por isso que eu gosto de você.

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