Capítulo 94 :

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Thais: Não sei do que você está falando.

Arthura: Sabe sim!

Eu conheço tão bem minha irmã que vejo a resposta no seu olhar assustado. Me sinto um estupido por não ter reparado antes. Ela deu provas o tempo inteiro. Thais não é tão esperta assim como pensa.

Arthur: Você publicou a matéria! Era a única pessoa dentro desse apartamento naquele dia, além da Abby, Carla e eu. — Minhas pernas enfraquecem. Não estou acreditando.

Thais: Sim! Tudo bem! — admite. — Fui eu sim. — Meu Deus! Ouvir da sua boca é muito pior. Eu queria que ela desmentisse.

Arthur: Logo você? — Sabe a sensação de ser enganado por uma das pessoas que você mais ama? Então. Como foi tão cruel a ponto de fazer isso? — Acuada, ela começa a se desesperar, chorar, enxugar as lágrimas.

Thais: Eu falei para o papai que vocês estavam namorando. Eu reconheci aquela... — Lanço um olhar fulminante para ela. — Bom, sua namorada, assim que eu coloquei os olhos nela. Sabia que tinha que afastá-la de você, porque o estrago na nossa vida começou quando ela publicou aquela matéria no jornal. Então, ouvi tudo que você contou sobre a Abby. E como o notebook dela sempre ficava dando sopa, não resisti.

— Levei num amigo meu que é especialista em computadores e pedi que destravasse e esperei a madrugada, já que é o horário que ela estava em casa. Fiz e foi pelo bem da nossa família! Pena que tive que atingir a Abby, que sempre foi uma ótima  pessoa. Mas era a melhor oportunidade e não poderia desperdiçar.

Caio sentado no sofá. Acabei de ser apunhalado por uma das pessoas que mais ajudei na vida e que mais amo.

Arthur: Será que você consegue entender o tamanho do estrago que causou? Não só na minha vida ou da Carla, mas da Abby. Expôs minha amiga por uma vingança sem nexo algum! Isso é doença!

Thais: Doença, Arthur? Eu só queria minha família de volta. É tão difícil pra você entender? Ela destruiu uma família linda, que se amava...— Sequer consigo ouvir mais uma palavra que sai da boca dela.

Arthur: Vá embora! — Ela ergue o olhar para mim.

Thais: O que? Eu não tenho para onde ir.

Arthur: Mandei você ir embora. Não fui claro? — Olho com desprezo para ela — E se não tem pra onde ir, isso já não é problema meu. Se vira! — Minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento. — Eu estou com vergonha de saber que minha irmã foi tão ruim a ponto de aprontar com uma pessoa inocente. Meu Deus! Eu coloquei um demônio dentro da minha casa! Coloquei um lobo em pele de cordeiro, que tentou apunhalar a mulher que amo pelas costas. Aliás, tentava me apunhalar!

Thais: Eu fiz isso por... — Soluça — Amor.

Arthur: Cala essa maldita boca, Thais! — grito e chuto a mesa de centro. — Você é igual a ele! Idêntica. Baixa, suja, imunda...— Seus olhos arregalam.

Thais: O que é isso, Arthur? Eu não estou reconhecendo você.

Arthur: Eu sempre estive ao seu lado, em todos os momentos... nunca te abandonei. Mesmo quando seu marido ficou desempregado e você engravidou, na mesma época, eu fiz questão de dar assistência para vocês não passarem necessidades com uma criança pequena. Mas fiz tudo isso pra quê? Para no final de tudo, você me agradecer com uma trairagem dessas. Tentando me afastar da mulher que eu amo! — Ela cai aos meus pés e chora.

Thais: Eu estou tão arrependida. Me perdoa? Agora estou me sentindo culpada porque fui eu quem contou para o papai sobre o namoro. Não queria que chegasse a esse ponto. Se quiser, falo com ela e peço desculpas. Faço o que você quiser, mas... por favor, só não me trata assim!

Arthur: Ela não merece essa merda agora. Não merece descobrir que além de ter um sogro bandido, tem uma cunhada psicopata. — As lágrimas escorrem do seu rosto, mas eu tento ignorar. Estou com muita raiva. Thais levanta.

Thais: Você nunca falou assim comi...— Interrompo.

Arthur: O que ainda está fazendo aqui? Estou com nojo de você. E é melhor que saia por bem, porque não vai gostar do método que estou pensando em usar para arrancar você da minha frente. — Antes de sair, ela tenta chegar perto de mim, mas me afasto.

Ela respeita e sai. Bato a porta e deslizo até o chão. Ainda não consegui digerir. Parece mais um pesadelo. Carla aparece com os olhos arregalados e assustada. Ela ouviu tudo. O olhar dela está queimando no meu. Ela não se mexe, nem eu. Não sei explicar o que acabou de acontecer.

Minha irmã, uma pessoa que eu amo tanto, com quem sempre tive cuidado, zelo, protegi, armou para cima da Carla. Tudo bem que ela é cega a ponto de achar que o que meu pai fez é aceitável, mas isso ultrapassou todos os limites. Envolveu várias pessoas, não só uma. Ela não pensou quando quis prejudicar a Carla, que poderia fazer mal a Abby ou até mesmo a mim. Além disso, ela viu que eu estava feliz.

Estou magoado. Decepcionado. Não sei quando terei coragem de sentar e conversar com ela novamente.

Carla: O que eu acabei de escutar é verdade? — Ela se abaixa e eu a puxo para meu colo.

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