Capítulo 112 :

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Lucas Diaz Picoli é o bebê mais lindo que já vi em toda a minha vida. Não digo isso porque sou o pai, mas porque ele realmente é. Não canso de admirá-lo enquanto dorme ou enquanto está com a mãe.

Hoje ele está fazendo duas semanas, e claro, já estamos em casa. Esses últimos dias só têm sido para curtir esse momento mágico. Certo que ele não dorme, e consequentemente, não deixa mais ninguém dormir. Ninguém mais recebe a atenção da Carla. A qualquer hora do dia ele está lá pendurado no seio e é acalentado pela mãe.

Minha rotina de jogos voltou. Cheguei a receber algumas propostas de times de fora, mas isso ainda é uma coisa que não quero pensar. Não agora, pelo menos. Quero curtir minha família e perto de todos.

Entro o quarto, vou até a poltrona onde Carlinha está sentada. Coloco a bandeja com o lanche dela na mesinha e seguro meu filho nos braços.

Arthur: Pedi a Olga fazer um lanche pra você. Coma!

Afago meu filho nos braços. Seu cheiro me acalma, me deixa leve e feliz. Sempre que chego em casa, basta pegá-lo no braço e encostar o nariz na cabeça dele.

Arthur: Está bem garoto? — Sento na cama e o coloco de frente pra mim, apoiado na minha perna — Todo bonitão, vai fazer sucesso com as garotas daqui, viu? — Carla revira os olhos. — Estou falando sério, Carlinha! Olha esses olhos, a boca. Sem contar o tamanho de lá! — Brinco porque sei que isso a deixa irritada.

Carla: Menos, Arthur! — Ela mordisca o sanduiche — Quero ver esse ânimo quando for uma filha.

Arthur: Quando for uma menina, independentemente com quem pareça, vai deixar os marmanjos de queixo caído.

Uma batida na porta nos distrai. Abro a porta e quem aparece é minha irmã, Thais. Ela entra e dá um pequeno sorriso para o sobrinho. O clima muda.

Há meses não tenho falado muito com ela. Desde o ocorrido nos distanciamos e também ela voltou pra Paris. Lá ela tem o trabalho dela e não pode abandonar de uma vez. Então, nos vemos pouquíssimas vezes.

Pedro: Oi, tio! — Pedro entra, mudando o astral.

Arthur: Oi, meu Safadim! Estava com saudades.

Pedro: Vim ver meu priminho. Posso dar um beijo nele? — Balanço a cabeça, me abaixando para que ele possa alcançá-lo. — Como ele é cheiroso! E tão lindo. Quando vai poder brincar comigo? — Sorrio.

Arthur: Quando estiver maior. Ele ainda está novo demais. Mas pode conversar com ele enquanto estiver no carrinho. — Ele comemora.

Chamo a babá, que contratei com a relutância de Carla, e peço pra que fique na sala com o bebê e o Pedro. Ela faz o que mando e ficamos nós três.

Arthur: Quanto tempo, Thais! — Abraço minha irmã e ela retribui com lágrimas nos olhos. Logo, ela vai até a Carla, que levanta.

Thais: Eu passei dias, ou melhor, meses pensando em como ter coragem para encarar vocês dois e pedir desculpas. Eu sei que o que eu fiz foi errado, injusto e que poderia ter trazido danos piores, mas eu não pensei muito. — Ela busca palavras — Eu só tinha raiva de você por saber que meu pai perdeu o emprego por sua causa. Que toda nossa vida mudou do avesso por causa de uma jornalista intrometida. — Carla encara minha irmã.

Carla: Era o meu trabalho.

Thais: Eu sei. Só queria defender meu pai. Eu era cega quando o assunto era ele. Defendia com unhas e dentes. O próprio Arthur sabe disso. Meu pai era e é como um herói pra mim. Sei que é ridículo uma mulher da minha idade ficar agindo dessa forma, mas tente me entender. Ele e o melhor avô para o Pedro, sempre fez tudo por ele e por nós dois. Ele pode ter todos os defeitos do mundo, mas cuidou e deu tudo do bom e do melhor pra família. E foram as coisas boas que pesaram pra mim. — Suas lágrimas escorrem. — Defendi, mesmo ele estando errado, mas confiava na redenção dele. Ainda confio. — Suspiro calmamente.

Arthur: Thais é difícil, mas você é minha irmã. Não podemos mais viver assim, afastados. A mamãe estava sofrendo com isso há tempos. Voltaremos a ter uma boa relação. Pelo Pedro, pela mamãe, pelo nosso pai e pelo seu sobrinho. Mas espero que tenha mudado pra melhor. Você quase prejudicou a minha vida com a mulher que eu amo, por egoísmo. Não aceitarei outra pisada de bola. — Minha irmã me lança um sorriso.

Thais: Obrigada! Você sabe que eu só quero o seu bem. Eu te amo demais pra gente continuar nesse clima chato. — Ela se vira para Carla, que está séria. — E você me perdoa? Podemos ser amigas, nos conhecer melhor. — Carla fica calada por um instante encarando minha irmã.

Carla: Thais, eu perdoo, até porque você reconheceu o seu erro. Todos têm direito a uma segunda chance. Mas não me peça pra ser uma amiga ou coisa do tipo. Eu não sou tão fria assim. Vou levar um tempo para passar a borracha no que houve. Seria hipócrita se dissesse que está tudo bem, que podemos levar uma vida sem mágoas. Mas não consigo. Não ainda. Estou numa fase maravilhosa, quero compartilhar com todos, inclusive você. Mas não com pressa. Nossa relação terá que ir aos poucos. Mas você poderá visitar seu sobrinho, seu irmão.

Eu sabia que com ela seria assim. Carla não é tão mole quanto eu. Sem contar que tem o sangue, que fala mais alto.

Thais: Obrigada! Eu vou mostrar a você que não sou uma má pessoa. — Ela sorri de volta.

Carla: Bom! — Carla fala — Vamos lá pra sala e ver o que os dois estão aprontando! — Thais concorda e sai na frente. Antes de sair do quarto puxo Carla para um abraço.

Arthur: Eu amo você. Obrigado por ter dado uma chance para minha irmã.

Carla: Eu também te amo. Ela faz parte da família, não é? Então, é a vida que segue!

Quando chegamos à sala presenciamos Thais com o sobrinho no colo, enquanto Pedrinho baba por ele também. Essa é a vida na qual eu precisava pra ser feliz.

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