Prólogo

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Cidade do México, 24 de dezembro de 1995

Olá, eu sou Dulce Maria, tenho 7 anos e moro com meu papai Fernando, e minha mamãe Blanca. Eles dois são donos de uma empresa de maquiagens, igual o tio Victor e a Tia Alexandra.

Ah é, esqueci de apresentar eles. Eles têm uma empresa parecida com a do papai, não sei direito, mas eles são os melhores amigos dos meus pais, além de serem meus padrinhos. Não só isso, eles têm dois filhos, Christian, que já tem 12 anos e é meu amigo, e Christopher, que tem 8 anos e eu odeio.

Christopher sempre está brigando comigo, me perturbando em todos os lugares que eu estou. Seja na escola, em casa brincando com minhas amigas ou apenas vendo TV quietinha, ele sempre faz questão de me deixar brava.

Hoje era véspera de Natal, meu dia favorito do ano, depois do meu aniversário, e é claro que eu considerava dezembro o melhor mês de todos, já que tinham duas comemorações. Estávamos na minha casa com toda a família reunida, e claro, tio Victor e tia Alê estavam aqui com Christopher e Christian. De repente, papai começou a falar algumas palavras que eu não entendi direito, talvez não estivesse prestando atenção.

— Hoje quero comunicar à toda minha família que Victor e eu fechamos uma parceria incrível com as empresas, e podemos dizer que futuramente, nossos laços irão se estreitar cada vez mais. — papai disse.

— Isso mesmo, resolvemos fundir nossas empresas, e nossos filhos Christopher e Dulce, assim que completarem 25 anos, irão se casar e continuar construindo o império SaviñonVonUckermann. Não poderia estar mais feliz de fechar isso com você, Fernando. Sei que nossas crianças agradecerão no futuro.

Eu me casar? E com Christopher? Eu queria um príncipe e não um sapo desses. Olhei para minha mamãe e tia Alê que estavam com caras de bravas. Christopher parecia distraído brincando com meu primo, Alfonso, e provavelmente nao escutou nada, e eu esperava ter entendido errado aquilo tudo.

Cidade do México, 21 de outubro de 2004

Eu odiava minha vida. Você pode até achar drama uma adolescente de 16 anos dizer isso, mas eu realmente odeio minha vida. Hoje aconteceria o show que eu mais esperei em toda minha vida, Avril Lavigne, pela primeira vez, aqui na capital. E adivinhem? É aniversário daquele chato do Christopher, e eu sou obrigada a ir, já que tia Alê exigiu minha presença, por eu ser sua afilhada.

— Dul? — minha mãe colocou a cabeça para dentro do meu quarto, me chamando atenção. — Anahí está lá embaixo, filha. — Anahí era minha melhor amiga, nos conhecemos com 10 anos e nos tornamos inseparáveis, exceto hoje. Acreditam que a traíra ia no show sem mim? Inacreditável, não se fazem melhores amigas como antigamente.

Saí do meu quarto junto com minha mãe, em direção à nossa sala. Annie estava sentada no sofá, me esperando, vestindo uma calça pink e uma camiseta da Avril.

— Passou aqui pra me torturar, Barbie?

— Vim tentar te ajudar a convencer a tia Blanca, né Maria. Sei o quanto quer ir comigo e seu ingresso ainda está guardado. Eu disse para Paty que daria para ela apenas quando chegasse lá, se você conseguir ir, arrumamos uma desculpa.

— Nada disso, mocinhas. Dulce irá para o aniversário de Christopher, nada de show. — minha mãe disse entrando na sala.

— Mas mamãe, eu só vou ter essa chance em toda minha vida, fora que eu amo mais a Avril do que aquele insuportável do Christopher. Mamãe, nós nos odiamos, não me faça ir.

— Sua tia Alexandra te quer lá, Dulce Maria, você não vai escapar dessa vez. Anahí, dê o ingresso de Dulce, ela não vai nesse show, inclusive vá terminar de se arrumar, logo seu pai estará em casa para irmos juntos.

— Eu odeio minha vida. Odeio mais ainda a Christopher por ter nascido e entrado nela. — Eu disse indo para meu quarto, sem ao menos me despedir de Anahí. Aquilo não fazia sentido algum, já que Christopher era quase um ano mais velho que eu, mas no momento de raiva, eu não me importava.

Saímos de casa em direção ao aniversário da pior pessoa em minha vida, e eu apenas queria morrer. Assim que chegamos, fui cumprimentar meus tios, que estavam juntos à Christopher na mesa. Ele se aproximou de mim e disse baixo em meu ouvido.

— Não pense que eu esqueci do boato que você espalhou sobre mim no colégio, vai ter troco, Dulce Maria. — Eu havia dito que tinha visto Christopher fumando com mais alguns garotos da sala dele, o que não era mentira, apenas contei à Anahí e à Paty, e logo aquilo tinha tomado outras proporções. — Graças a você, não poderei sair com a Katie hoje, meus pais me castigaram.

— Poxa, tadinho. — Me virei para ele, fazendo um bico de choro dramático. — E por culpa do seu aniversário idiota, eu estou perdendo o que provavelmente seria o show da minha vida. Você deveria agradecer minha presença, Uckermann, não é fácil ficar olhando para essa sua cara. — Ele fez menção de apertar minha bochecha, como sempre fazia e eu odiava, mas apenas me esquivei e bati em sua mão. — Agora se me der licença, eu vou cumprimentar o irmão que vale alguma coisa e o meu boy lindo que infelizmente, não sabe escolher amigos.

— Oliver precisa é melhorar o gosto dele pra mulheres, isso sim. — Ele disse me medindo de cima a baixo, me deixando incomodada.

—  Vai se fuder, Christopher.

— Igualmente, Maria. — fui atrás de Oliver, meu ficante do momento. Sim, momento, eu nunca me apeguei muito a ninguém, estava com ele à uma semana e já queria terminar tudo, talvez eu fosse o problema? Não, claro que não, eu sou perfeita.

Tentei ignorar Christopher ao máximo que pude enquanto ele parecia tentar me provocar. Fixei toda minha atenção em Oliver, enquanto pensava porque eu não poderia ter escolha do meu próprio destino.

Cidade do México, 21 de dezembro de 2013

Aqui estava eu, recém completado meus 25 anos, vestida de noiva, indo me casar com Christopher Von Uckermann. Eu estava nervosa, sim, mas isso porque não queria ter minha vida determinada. Sempre quis ser livre, viajar o mundo e seguir meu sonho de ser cantora, mas claro, meu generoso pai não deixou que isso acontecesse.

— Uau, meu irmão vai ter um infarto quando te ver, você está um arraso, ruiva. — Christian disse, entrando no quarto em que eu estava me arrumando. Ao longo dos anos, mudei minha aparência, talvez por revolta já que meu pai sempre quis que eu fosse a filha perfeita, então meus cabelos eram vermelho fogo desde os meus 17 anos, eu tinha um piercing no nariz e algumas tatuagens. Christian havia se tornado meu melhor amigo, principalmente quando passou alguns momentos turbulentos com a família ao se assumir gay e veio morar em meu apartamento, já que eu ainda morava sozinha. Agora, Christopher e eu morariamos debaixo do mesmo teto em uma mansão enorme, onde teríamos que fingir ser um casal perfeito e manter todas as aparências, eu estava odiando tudo aquilo.

— Obrigada, mas não acho que seu irmão se importe.

— Engano seu, eu bem já reparei alguns olhares com outras intenções do Christopher para você.

— Eu sou irresistível, eu sei. — Eu disse convencida, o fazendo rir.

— Sinto muito ter que se casar assim, sei que não era o que queria. Nossos pais foram cruéis com você e meu irmão. — Christian disse um tempo depois.

— Eu também, mas assim que tem que ser, né? Talvez daqui algum tempo eu entenda.

Terminei de me arrumar e logo fui para a igreja, onde me casaria. A cerimônia foi muito rápida, apesar de parecer uma eternidade para mim. Christopher e eu também nos beijamos pela primeira vez, o que foi estranhamente bom, mas muito constrangedor depois, talvez fosse do momento mas borboletas começaram a surgir no meu estômago, mas claro, isso não se repetiria.

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Essa história surgiu depois de uma conversa com as minhas librianas favoritas, ela é diferente de tudo que eu escrevi e a dedico inteira pras minhas nenês essvondy e estrella_vondy, amo vocês, espero que gostem 🤍

Yo Si QueríaOnde histórias criam vida. Descubra agora