Capítulo 51

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Quando voltamos para dentro, me sentei ao lado de Christopher e passei a brincar com Luna e os dois cachorros também, observei Annie ir até o quarto em que Manu estava e olhei feio para Poncho, eu não ia engolir essa história por muito tempo.

— Amor, tá tudo bem? Está encarando seu primo de uma forma estranha...— Christopher me perguntou baixinho em meu ouvido, aproveitando a distração de Luna.

— Não, não está. — Eu disse sem rodeios, estava tão irritada que poderia degolar Poncho.

— Quer conversar sobre? — me encostei nele e suspirei olhando pra nossa filha, toda alegre e feliz.

— Sim, mas não agora. Agora mesmo eu só preciso de vocês dois aqui comigo. — O olhei e seus olhos brilhavam, fazendo meu coração bater mais rápido. Grudei nossos lábios em um selinho demorado que foi interrompido por Luna resmungando e batendo suas mãozinhas pequenas em nós dois. — Eu não posso beijar seu pai não, dona Luna Maria?

— Não, mamãe. — ela disse no idioma de bebês dela, já que falava poucas palavras, mas meu coração se derreteu todinho. Luna se sentou no colo do pai, que riu e abraçou a filha.

— A mamãe fica triste assim. — O bebê mais fofo desse mundo se levantou e veio até mim me abraçando. Luna era tão carinhosa e gentil que eu nunca tinha visto uma criança assim, era algo novo pra mim. — a mamãe te ama, meu amor.

— O papai também. — Christopher disse se aproximando e abraçando nós duas.

Triana e Sirius brincavam no jardim livremente, Manu corria pela casa e fazia Luna rir e seguir ele. Uma bagunça generalizada, mas que com certeza mudaria o rumo das minhas lembranças daqui.

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Continuamos ali durante um bom tempo, até resolvermos sair para almoçar. E vocês acham que eu escaparia de Christian? Claro que não! A poc estava atrás de mim igual sombra querendo saber de fofoca.

— Dulce, me conta o que Anahí e você conversaram, custa o que? — revirei os olhos pela milésima vez e cruzei os braços, enquanto via todos se distanciarem de nós, inclusive Christopher com Luna no colo.

— Christie, não posso. Isso tá me matando, mas é realmente algo muito dela. Não é certo eu contar, quando ela se sentir pronta, ela fala. — Christian bufou e me olhou.

— Vocês fazem isso de propósito só pra matar o fofoqueiro aqui. — O drama de Christian quando queria saber de uma fofoca era sem tamanho.

— Se eu te contar uma coisa minha, você deixa Anahí de lado? — Ele arregalou os olhos e sorriu perverso. Amava negociar com Christian, ele cedia rapidinho, até porque nós sempre fomos honestos em nossas negociações.

— Fechado, me conte senhorita Saviñon Von Uckermann. — a cara de perverso do ser humano não tava escrito, é brincadeira. Respirei fundo e me certifiquei que estávamos em uma distância boa de todos os outros.

— Acho que estou grávida de novo. — mordi o lábio inferior e pressionei os olhos, fechando-os, com medo de Christian gritar e fazer um escândalo. Quando eu percebi que nenhuma reação alta veio, abri os olhos e o observei, totalmente estático no lugar, abrindo uma distância maior ainda dos outros.

— Por que 'acha'? Como assim 'acha'? Dulce Maria, não brinca com meus sentimentos de tio e dindo. — ri do desespero dele e voltamos a andar.

— É só uma suspeita. Christopher e eu não somos os melhores em lembrar da camisinha, além disso eu ando tendo muitas alterações de humor e minha menstruação está atrasada. — um largo sorriso abriu no rosto do Uckermann mais velho.

— Meu irmão sabe disso? — neguei com a cabeça. — Como não? Como o ser humano consegue ser tapado a esse nível?

— Moramos juntos à anos, ele está acostumado com as minhas alterações de humor, Pollito.

— Candy, ele é tapado, não defenda. — ri fraco e neguei com a cabeça, a relação de irmãos era linda. — Você já fez algum teste?

— Não, eu tive um estalo sobre isso ontem, mas ainda não fiz nem o de farmácia.

— Ok, eu vou comprar pra você e nós passaremos por isso juntos. — ri da forma que ele falou e concordei. — Finge que eu sou o Christopher... — Ele engrossou mais a voz e tornou a falar. — Vai ficar tudo bem, meu chuchu. Estamos juntos nessa. — era impossível não gargalhar perto de Christian.

— Só não fala nada a ninguém, eu quero contar a Christopher antes se eu estiver mesmo. E se não estiver, ok, paciência. Oportunidade não faltará.

— Lá vai você fazer inveja pra quem não transa! Não é de bom tom, Dulce Maria. — O tom dele era indignado mas de uma forma engraçada.

— Pois é só você parar de graça e sossegar. — Ele fez uma careta para mim, torcendo o nariz. — Ou você baixa um aplicativo de relacionamento e dá pra Cidade do México inteira, acho super válido também.

— Olha que mente perversa, eu adorei a ideia. — Arregalei os olhos porque eu estava visivelmente brincando e o olhei.

— Me diz que foi da primeira ideia que você gostou?

— Claro que não. Acorda, eu não quero ninguém no meu pé. Nasci pra carreira solo, meu amor. — ri mais alto do que antes e Christopher se virou pra trás sorrindo, e esperando eu alcançá-lo.

— Vocês estavam fofocando, né? — Christopher disse enquanto passava seu braço por meu ombro.

— Claro que não, meu querido irmão, era apenas uma troca de informações.

— Christian romantizou a fofoca, não acredito! — fiz uma cara de drama enquanto falava e os dois riram, sendo acompanhados pelo riso mais lindo desse mundo, conhecido como o da minha filha.

Logo chegamos a um restaurante beira mar e rapidamente fizemos nossos pedidos. Fiquei observando o comportamento de Anahí e Poncho, e era algo muito raro. Eles não se estranhavam na frente dos outros, agiam normalmente e Poncho parecia até carinhoso com ela. Se eu não soubesse do que realmente estava acontecendo, acharia que tudo permanecia normal como sempre.

Uma coisa que poucas pessoas reparam é sobre o comportamento abusivo de algumas pessoas, mas como eu já estudei muito sobre isso, por interesse próprio e até um certo medo de cair em algum relacionamento assim, consegui decifrar logo o que tudo isso amostrava.

Poncho era um ator. Um ótimo ator, por sinal. E Anahí também, eu não podia negar. Annie poderia por uma cara de apaixonada para Christian que ninguém nunca saberia se era verdade ou mentira. Exceto eu. Éramos transparentes uma com a outra e nossa relação era baseada em honestidade, desde que estávamos na escola.

Manu também entregava muito toda a situação. Todos poderiam achar que ele só estava chatinho, afinal é uma criança pequena, mas a realidade é que ele estava amoado, provavelmente sentindo coisas negativas. Manu não soltava ou ficava longe de Anahí, quando ficava, estava sempre tenso e acabava chorando. Ele olhava assustado para o pai também, e acreditava que ninguém tinha reparado o quão meu pequeno não quis nem ficar tanto tempo com a Luna, ou até mesmo nós, seus padrinhos.

Claro que isso tudo eram apenas teorias, coisas que eu estudei e observei muito não só neles, mas em outras pessoas também. E eu, a rainha da razão, nunca quis tanto estar errada sobre algo.

Yo Si QueríaOnde histórias criam vida. Descubra agora