Capítulo 56

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Um mês depois

Hoje finalmente era o grande dia. Christopher e eu iríamos ao orfanato, junto com Luna, claro, para conhecer Ayla. Posso dizer que o nervosismo e o frio na barriga estava me dominando. Não sabia qual seria minha reação, mas no fundo, me preocupava a reação da minha bebê também.

Estávamos em casa, terminando de nos arrumar, quando meu celular tocou, com o nome de Anahí na tela. Não pensei duas vezes antes de atender.

— Oi, minha loira. Como você e meus bebês estão?

Com saudade da tia Dul e do tio Ucker. — Annie tinha ficado esse mês aqui em casa, mas a três dias, resolveu que era hora de voltar e enfrentar Poncho de frente. — Sério, Manu só fala de vocês.

— Porque você é cruel e nos separou. Como se sente carregando essa culpa, dona Portilla?

Nossa, não consigo dormir a noite. — a criatura sendo debochada comigo à essa altura do campeonato, vê se eu tô podendo. — Enfim, está muito ocupada hoje?

— Vou sair com Christopher e Luna agora, mas a noite, estou livre. Por que?

Podemos sair? Precisamos conversar, preciso desabafar. — suspirei olhando para Christopher, que pareceu entender o que eu queria dizer.

— Claro, Annie. Me mande a localização e o horário que eu estarei lá!

Perfeito. — ela me pareceu mais aliviada, consequentemente eu também. — Agora eu preciso correr, tenho uma audiência em cinco minutos. Até mais tarde.

— Se cuida, Barbie. Até. — desliguei o telefone e suspirei. — Anahí quer conversar. — eu disse olhando pra Christopher.

— Talvez ela precise desabafar, mesmo ela tendo voltado pra casa, não sabemos como Poncho está, ou se voltaram a brigar.

— Me preocupo tanto com ela, com o Manu, com o bebezinho na barriga dela. Chris, eu não vou me perdoar se acontecer alguma coisa com eles três.

— Dul, não pensa assim, amor. Pode ser que ela e Poncho estejam conversando, Anahí só quer te dar atualizações. Vai de coração aberto e pensamento positivo. Eu e a Lu estaremos com você e com a Annie, protegendo as duas. — Ele passou a mão em cima do meu cordãozinho vermelho, que ele havia me dado no dia que Luna nasceu, e eu realmente nunca mais me senti desprotegida.

— O que seria de mim sem você? — eu disse olhando em seus olhos. Christopher sorriu e passou seus braços por minha cintura, e eu abracei seu pescoço.

— Uma mulher mais surtada do que já é, provavelmente. — dei um tapinha leve em sua cabeça e o beijei lentamente, aquele era o tipo de beijo que aquecia o coração quase que de imediato. — Acho que... estamos atrasados. — Ele disse quando nos separamos. — Se continuarmos aqui, vamos acabar transando, e não é que eu não queira, mas Luna já deve estar despertando. — ri do seu jeito nervoso e dei mais um selinho nele.

— Certo, termine de se trocar e eu vou buscá-la. Você parece uma noiva, Uckermann.

— Eu me sinto pressionado de andar com as duas mulheres mais bonitas desse planeta, tenho que estar no mínimo sempre arrumado, querida. — sorri para ele e sai do quarto. Christopher sabia como me deixar mais leve, e eu agradecia por isso.

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— Oi, Barbie. — eu disse assim que me sentei em sua frente, no restaurante que havíamos combinado de nos encontrar. Hoje mais cedo, eu conheci a minha filha e eu a amei de imediato, foi amor a primeira vista, vai ser difícil não contar pra Annie que resolvemos adotá-la, mas por outro lado, quero que Christopher esteja comigo nesse momento.

— Oi, Dul, como está? — nos cumprimentamos e a olhei.

— Bom, passei o dia preocupada com você e ansiosa pra essa conversa. — ela riu fraco e apoiou a cabeça em sua mão.

— Sabe, aquele dia que eu e Poncho saímos pra conversar, enquanto estávamos em Acapulco, ele havia me pedido perdão, disse que ia melhorar, me implorou pra não sair de casa e disse que amava nosso filho. — ela pousou gentilmente a mão na barriga e suspirou. — Assim que eu voltei da sua casa pra minha, ele disse que nada havia mudado, que ele só queria estar comigo e essas coisas. Pois bem, hoje ele veio com uns papos estranhos de novo, que não era hora de termos um outro filho, que precisávamos resolver nosso casamento, essas coisas. — Arregalei os olhos e a fitei.

— O-o que? O meu primo falou o que? — eu estava desacreditada no que eu estava escutando.

— Isso mesmo que você ouviu. Aí eu falei que agora já não tinha mais o que fazer, que teríamos que ter pensado nisso antes e ele me sugeriu... abortar. — ela respirou fundo e eu também, Poncho estava descontrolado e eu não sabia o que fazer ou pensar com clareza pra ajudar a minha amiga. — As vezes eu penso que seria o melhor mesmo, mas eu jamais conseguiria fazer isso com meu filho, eu o amo assim como amo o Manu.

— Você não vai fazer isso, Anahí, está louca? Esse não é o melhor caminho! — respirei fundo tentando controlar minha raiva e a olhei. — Descobriu sobre as mensagens no celular do Poncho?

— Coloquei um detetive atrás dele, ele me mostrou algumas fotos do Poncho com uma outra mulher, duas na verdade. Eu achei que ele tinha mudado, tinha amadurecido, mas ele continua aquele adolescente imbecil de sempre.

— E o que você planeja fazer? — ela suspirou e me olhou.

— Pedir o divórcio. Eu não aguento mais, Dul. Ele não é um pai presente, um marido presente, só brigamos, ele joga tudo nas minhas costas e eu, honestamente, cansei disso. Eu o amo, de verdade, sempre fui apaixonada pelo Alfonso, isso não é segredo para ninguém, mas tá na hora de eu pensar em mim e no melhor pros meus bebês, isso não é saudável pra eles.

— Annie, independente do que acontecer, estamos do seu lado. Eu acho que o divórcio no caso de vocês é o melhor caminho. Quem sabe num futuro, Poncho tenha amadurecido de verdade, viu o que perdeu e assim vocês ficam juntos de novo.... — segurei nas mãos dela enquanto dizia e vi seus olhos se encherem de lágrimas. — Ou não também, sinceramente você merece coisa melhor. — brinquei com ela e vi uma risada fraca sair de sua boca.

— Acho que se for pra ser, iremos nos reencontrar, certo?

— Claro que sim, o destino sempre dá conta de tudo. Fora que, talvez essa merda toda seja algo que você tem que passar, pra tirar de aprendizado, sabe?

— Eu preferia ter ficado burra, juro. — nós rimos juntas.

— Você nunca estará sozinha, Annie. Nunca.

— Obrigada, Dul. Você e Christopher realmente fizeram mais por mim do que Poncho nesses anos todos, e eu só tenho a agradecer a Deus por ter vocês dois.

— Não tem que agradecer, nós amamos você. Amamos mais o Manu mas tudo bem. — ela riu e deu um tapinha em minha mão.

— Mas Christopher é o melhor amigo do Poncho, pensei que ele ficaria mais em cima do muro.

— Sim, mas ele também é muito justiceiro, pra Christopher só existe o certo e o errado, e ele não defenderia o amigo numa situação dessa.

— Ele ter falado com Poncho, achei que ficaria tudo bem. Alfonso sempre escutou Christopher. — ela murmurou.

— Annie, meu primo está surtado, só tem essa explicação. Não adianta falar com ele.

— Creio que sim. — continuamos a jantar enquanto conversávamos sobre outros assuntos, queria distrair Anahí e fazê-la se sentir bem. Naquela noite, ela disse que iria pra casa dos pais, já que Alfonso estava viajando, e eu pude respirar tranquila em saber disso.

Yo Si QueríaOnde histórias criam vida. Descubra agora