— Mais do que eu queria... — Eu disse baixinho, enquanto soltava o ar dos meus pulmões, e Christopher segurava minha mão.
— Sinto muito, de verdade. — olhei para seu rosto e vi sinceridade nisso, Christopher podia ter feito da minha vida um inferno na adolescência, mas aquele menino imaturo e insuportável não estava ali mais. O que Anahí tinha dito, também me deixou mais pensativa do que eu queria: Christopher havia mudado com a morte do tio Victor? Eu realmente não queria pensar dessa maneira, mas cada conversa, cada olhar, isso só vem mais à tona em minha cabeça.
— Eu também, Chris. Eu só, queria ter tido escolha, ter feito tudo como todas as pessoas. — Ele riu pelo nariz e acariciou minha mão, pressionei mais nosso contato e parece que apenas agora eu tive um estalo de que Christopher realmente passa pelo mesmo que eu, essa dor era tanto minha quanto sua. — Sempre quis ter filhos?
— Sim, queria uma menininha. — sorri pela forma adorável que ele falou. — Eu seria o pai mais babão do mundo.
— Sempre achei que você queria meninos. Você é tão incrível com Manu... — Ele sorriu e abaixou a cabeça, ainda de mãos dadas comigo.
— Eu queria também, queria dois filhos, Dul, um casal. — senti uma pontada no peito, tínhamos o mesmo desejo, e com certeza por essa eu não esperava. — Mas se fosse pra escolher, eu teria uma menininha.
— Você seria o maior babão do mundo. — Ele riu com vontade e negou com a cabeça.
— Claro que seria. Seria a minha princesinha, ninguém tocaria nela. — Ele despertou de seus devaneios e olhou nos meus olhos, tão profundamente que achei que ele veria minha alma. — E você, Dul?
— Olha pra mim, eu sou mãe de menina. Não sirvo pra acompanhar o ritmo do Manu, imagina de um filho meu. Se puxasse pra mim, essa criança seria terrível. — Ele riu, me fazendo rir junto, estava gostando desses nossos momentos juntos, me sentia cada vez mais próxima dele.
— Realmente, a Dulce da adolescência era terrível, eu me lembro bem de como vc deixava tia Blanca maluca.
— Minha mãe era uma santa, né? — Ele assentiu sorrindo para mim, e eu me sentia mexida com tudo aquilo. O que é isso, Dulce Maria?
— Se te conforta, dona Alexandra também vai direto pro céu. — rimos juntos e nossos olhares se encontraram, e por um momento, me senti presa ali. Era um novo momento para Dulce e Christopher, quase que uma nova fase.
— Eu me lembro bem... — Eu disse retornando ao assunto. — Você estava cada dia com uma menina diferente, me lembro perfeitamente de ouvir a tia Alexandra pedir pelos seus 25 anos para nos casarmos.
— Acho que ela só queria que eu sossegasse. — Ele respirou fundo e abaixou a cabeça. — Só não queria um contrato entre a gente... — Arregalei os olhos surpresa pela sua confissão.
— Ok, qual dos?
— Os dois, já pensou que se a gente não tivesse um casamento imposto, poderíamos ter casado de verdade? Sempre rolou uma tensão entre nós. — Como assim tensão? Qual é a das pessoas?
— Por que estão todos falando isso?
— Quem disse isso?
— Annie, e Christian confirmou outras vezes. Confesso que você me irritava tanto que eu não consigo nem me lembrar de tensão alguma.
— Eu era um idiota, nunca soube me comportar perto de garotas bonitas. — finalmente ele ligou o carro e saímos do estacionamento. Mas, calma aí, ele me acha bonita? — Eu sentia ciúmes de você com absolutamente todos os caras.
— Até Oliver? — Ele assentiu. — Mas por que? Ele era seu melhor amigo.
— Ele era um idiota, meu bem. E eu tinha um instinto quase que de irmão com você. — Ok, Dulce, volte a respirar.
— Bom, o conceito de irmãos caiu por terra agora... — Ele soltou uma gargalhada gostosa e me olhou com um sorriso malicioso, descarado. — Não me olhe assim, Uckermann.
— Eu sei que esse sorriso molha sua calcinha, querida. — Agora foi minha vez de rir da cara de pau desse homem.
— Nossa, essa foi muito boa, parabéns pela auto estima. — Ele riu e se virou para mim.
— Ok, só um pouquinho.
— Christopher, nem se fosse verdade, meu bem. Você precisa de muito esforço pra conquistar essa gata aqui.
— Você não era difícil assim na adolescência, fala de mim mas toda hora estava com um cara diferente. — Respirei fundo, talvez eu machucasse Christopher agora? Talvez. Mas eu não minto, ainda mais pra ele que me conhece tão bem.
— Urgência de liberdade. — Ele franziu o cenho e só então reparei que estávamos entrando em nossa garagem. — Quando passei a entender que eu me casaria com você, eu surtei. Passei a beber, mesmo ainda menor de idade, perdi minha virgindade com 15 anos e me arrependo disso ainda, dei muita dor de cabeça pros meus pais, Chris. Isso porque eu tinha necessidade de me sentir livre. Quando nos casamos, achei que minha vida tinha acabado, senti raiva, e o primeiro ano do nosso casamento foi uma tortura pra mim, até porque brigávamos dia e noite. — Ele suspirou e saiu do carro, fiz o mesmo e quando nos aproximamos, Christopher passou o braço por cima do meu ombro, me abraçando.
— Eu passei pelo mesmo. Lembra quando você me pegou fumando e eu fiquei de castigo? — assenti e entramos em casa, como esquecer daquilo. — Aquela foi só uma das vezes. Eu só era mais esperto que você... — fiz uma careta e me afastei dele assim que chegamos no nosso quarto. Sentei na cama e tirei meus sapatos, eu estava exausta daquela aula de dança, parecia que eu tinha apanhado, eu precisava de um banho de banheira. Me levantei e fui até o banheiro escutando tudo Christopher me dizia ainda, nossa adolescência foi muito próxima, mas ao mesmo tempo muito distante, já que nos odiávamos. Vi ele arrancando a roupa e por um momento, parei pra apreciar aquele tórax marcado e os braços malhados e definidos que faziam sim qualquer calcinha molhar. Não era o sorriso, querido, eram seus braços. — Dulce, tá me escutando ou tá me secando?
— A culpa é sua que arrancou a roupa do nada. — Ah lá ele, o sorriso escancarado e malicioso, filho da puta fez de propósito.
— Estou indo tomar banho, querida, quer que eu faça isso de roupa? — está indo pra onde?
— Ei, eu vou usar a banheira!
— E eu vou junto, vamos, aquela banheira é enorme, Dulce, e já dividimos ela antes...
— Usando roupas. E eu não estou nem um pouco afim de pegar meu biquíni.
— Eu já estive dentro de você, Dulce Maria, já nos vimos pelados, várias vezes. Pare de graça, vamos. — Ok, ele estava certo. Calma aí, eu estava concordando com ele? Numa loucura dessas?
— Christopher...— eu disse manhosa, olhando para ele.
— Vamos, não vai acontecer nada. Vem. — Ele me puxou pela mão e fomos até o banheiro. Tirei minha roupa e entrei na banheira, sendo acompanhada pelo inconveniente do meu marido. A presença de Christopher ali era perturbadora para mim, mas não sabia dizer se era algo bom ou ruim, ou até mesmo, se isso daria certo, ele tinha razão e à uma tensão muito grande entre nós.
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Yo Si Quería
Fanfiction+18 | Finalizada | Com a vida praticamente inteira planejada, Dulce e Christopher se conhecem desde crianças mas nunca se gostaram. Por conta dos pais, eles foram obrigados a tomar frente das empresas, se casarem e comandar a Saviñon Von Uckermann j...