Capítulo 48

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Christopher entrelaçou nossas mãos e me guiou para a mesa posta ali. Pétalas de rosa trilhavam o caminho que passaríamos, a iluminação estava por conta das velas espalhadas pra todo lado, de uma forma meio cafona mas lindíssima como todas as coisas que ele faz.

Jantamos conversando sobre coisas banais do dia a dia, sobre nossa filha e o quão feliz estávamos em estar ali, e de ficar ali para as festas de fim de ano. Apesar de estarmos no inverno, não fazia tão frio em Acapulco, o que tornou nossa noite ainda mais prazerosa.

Assim que acabamos a deliciosa refeição, resolvemos caminhar pela praia, enquanto conversávamos. Resolvi que agora era a hora de perguntar o que provavelmente me tiraria o sono.

— Chris, posso te perguntar uma coisa? — Ele me abraçou pelo ombro e eu suspirei.

— Claro, amor. Desde quando você precisa pedir algo?

— Você quer mais filhos? — Christopher parou de andar e me olhou nos olhos, transparecendo todo seu nervosismo com a minha pergunta.

— Por que está me perguntando isso? — Ele disse enquanto voltávamos a andar.

— Porque eu vi que você ficou tenso quando Manu pediu um primo, e bom, agora também. Por que não me disse? — Eu estava parcialmente magoada por ele não ter dividido isso comigo, mas entendia seu lado. Fato é que eu tinha sofrido muito durante meu parto, e Christopher certamente percebeu, já que passou o tempo inteiro ao meu lado e me ouviu xingá-lo de vários nomes diferentes. O que eu posso fazer se Luna acabou comigo?

— Porque o corpo é seu, eu não quero te pressionar. Não quero que pense que você tem alguma obrigação em me dar mais um filho só porque eu tenho vontade. Por mim, nós teríamos um time de futebol, Dul, mas essa decisão não parte só de mim... — sabia.

— Mas Chris, deveríamos ter conversado sobre isso. Eu realmente sofri muito no parto da Luna, mas eu passei por isso e nós encontramos nossa luz em nossa filha. Alguns sacrifícios são para nosso próprio bem, e eu não me importaria em engravidar novamente. Meu sonho sempre foi ser mãe, você sabe disso, e honestamente, não me importa de quantos. — Eu não estava mentindo e também queria ter mais filhos, apesar de não achar o momento muito apropriado, já que Luna era pequena e acabamos de sair de uma crise na empresa. Mas Christopher? Sorria de orelha a orelha, e sinceramente? Eu daria tudo pra ver esse homem feliz, como ele sempre se esforçou pra me fazer feliz. Casamento era isso, uma troca, uma parceria, e eu amava ser a parceira dele.

— Tem mais uma coisa... — Lá vem,  eu não tenho paz e esse homem só me dá trabalho.

— Christopher, o que foi que você fez? — senti uma breve irritação tomar conta de mim, por que ele não tinha juízo, meu Deus?

— Na semana passada, eu visitei um orfanato. Estava com Poncho em mais uma de suas construções, a que ele pediu a nossa opinião e você não pode ir por estar em reunião, e na volta para a empresa, passei em frente ao lar de adoção. Não sei o que aconteceu comigo, Dul, mas eu juro que fui puxado lá pra dentro. — sabe quando você solta todo o ar que segurava sem notar que estava segurando? Então. — E eu conheci uma menininha, o nome dela é Ayla, ela é linda e toda simpática. Tem cabelos pretos lisos e longos e sua pele é cor de mel, assim como seus olhos. Ela tem três anos e seus pais morreram em um acidente a pouco tempo. — Podia parecer loucura, mas eu me sentia conectada com essa menina sem ao menos conhecê-la, tipo quando você imagina uma coisa e ela chega até você? Dessa maneira. Christopher me contar suas características físicas, o que a fez parar no orfanato, fez meu coração acelerar.

— E-ela não tem família? — minha voz estava tão trêmula quanto minhas mãos.

— Os avós maternos não quiseram a menina, e os paternos faleceram. Eu me apaixonei por ela, Dul, e eu tenho certeza que você e Luna também se apaixonariam. — olhei para o céu e ri pelo nariz mirando a Lua. Universo, mais uma vez você brincando comigo!

Significado.

— Chris, sabe que a gente já conversou muito sobre destino, sobre sermos almas gêmeas e essas coisas, mas como nunca prestamos realmente atenção em tudo a nossa volta? — Ele assentiu franzindo o cenho. — Você sabe o que 'Ayla' significa?

— Não, o que é?

— Luz da Lua, ou luar... — Eu disse olhando em seus olhos e sorrindo ao ver que ele se controlava para não derramar algumas lágrimas. Christopher parecia estar segurando isso a muito tempo, talvez com medo da minha reação, a qualquer momento ele parecia que explodiria.

— Você está brincando comigo, Dulce? — neguei com a cabeça enquanto pegava meu celular e procurava no Google para mostrar para ele. — Acha que, por acaso, ela possa ser nossa filha? Tipo, espiritualmente falando... — uau papo cabeça à essa hora, mas como uma boa crente nesse assunto, eu não deixaria passar.

— O que você sentiu ao vê-la? — Christopher e eu resolvemos sentar na areia da praia para conversarmos melhor. Me acomodei no meio de suas pernas, e fitei o mar com aquela lua linda nos observando.

— Foi um misto de sentimentos muito grande. Parecia que eu conhecia ela, sabe? E quando eu fui embora, parecia que eu estava a abandonando... — Ele suspirou e beijou minha cabeça, me envolvendo ainda mais em seus braços. — Ayla é tão maravilhosa, eu falei de você para ela, falei da Lu, e ela ficou tão animada. Disse que tava louca para conhecer a 'tia Dul'. Eu brinquei com ela por pouco tempo e prometi voltar lá, o que não aconteceu até hoje. — me virei de lado olhando para ele, que estava cabisbaixo.

— O que acha de irmos lá quando voltarmos de viagem? Quero conhecer a mulher que roubou o coração do meu marido, e com certeza Luna vai ter um chilique em saber que o pai tá se dividindo com outra. — Eu disse em tom de brincadeira para deixar o clima mais leve, mas não brinquei quando disse que queria conhecê-la, e tinha certeza que meu pinguinho de gente também gostaria de encontrar com Ayla.

— Acha que Luna vai querer me matar? — Ele fez uma cara de preocupado e eu ri assentindo.

— Ela tem ciúmes de você comigo, imagina com outra criança. Mas fica tranquilo, Chris, é só a gente trabalhar isso nela. Se Ayla for mesmo nossa filha, Luna vai amar a irmã como ninguém, conheço nossa pequena, ela tem o coração do pai. — Ele sorriu quando eu completei a frase e me puxou pela nuca para um beijo lento, onde eu podia sentir ele sorrindo no meio. Era só isso que eu precisava dele, a felicidade. Ficamos ali trocando beijos e carícias até a excitação tomar conta de nós, como sempre. Christopher quebrou nosso beijo com alguns selinhos e me abraçou forte.

— Luna tem o seu coração, meu amor. Eu sou egoísta, não divido minhas Marias com ninguém. — Ele disse rouco em meu ouvido, fazendo minha pele ficar totalmente arrepiada novamente.

— Se você acha que eu te divido com alguém, meu amor, você está muito enganado. — Passei minhas pernas uma de cada lado do seu corpo e me encaixei em seu colo, sentindo a meia ereção de Christopher entrar em contato com a minha intimidade. — Você é só meu, e de mais ninguém. — Eu disse em seu ouvido, vendo a pele dele também se arrepiar. Christopher me segurou firme com os dois braços, mantendo nossos corpos colados um no outro, e me olhando intensamente. Minha nossa senhora das calcinhas molhadas, aquele olhar!

— Eu amo você mandona, mas ou vamos pra casa agora, ou transamos aqui mesmo. — olhei para os lados e sorri maliciosa para ele, que entendeu o recado e me beijou desesperadamente.

Yo Si QueríaOnde histórias criam vida. Descubra agora