Capítulo 42

1.1K 88 46
                                    

Fiquei encostada no batente da porta observando aquela cena com os olhos carregados de lágrimas. Christopher olhava atentamente para Luna, era possível notar de longe o quão apaixonado ela era, e ela, se concentrava na voz rouca do pai, as vezes tentando rir, e as vezes levando sua mãozinha pequena para o rosto dele.

Saí dos meus pensamentos quando Christopher ergueu a cabeça, ao final da música, e sorriu para mim. Suspirei olhando em seus olhos e ele desviou para Luna.

— Olha, meu amor, a mamãe estava espiando a gente. — Christopher disse e eu ri pelo nariz. Pendurei a toalha no lugar correto e o olhei de novo.

— Me desculpa, foi inevitável. — Eu disse indo pegar uma outra camiseta e uma calcinha, no closet. —  Estava tudo tão lindo... — terminei de me vestir e subi em cima da cama. — Será que tem espaço pra mamãe, aí? — Christopher sorriu e esticou o braço, me puxando para perto dele.

— Sempre tem. — Ele me abraçou com o braço livre, enquanto o outro a segurava. Christopher beijou minha testa e eu ergui a cabeça para lhe dar um selinho rápido. — Estava chorando?

— Claro, você fez questão de me desidratar duas vezes em um intervalo de tempo minúsculo! — Ele franziu o cenho e eu arregalei os olhos. Opa.

— Duas vezes? Você está espiando a gente pela babá eletrônica, Dulce Maria?

— Talvez? Eu juro que ia tomar banho mas eu escutei você conversando com ela...Tava tão lindo, me desculpe. — Ele sorriu e me beijou rapidamente, logo se virando para nossa bebê em seus braços.

— Filha, a mamãe vigiou a gente duas vezes, dá pra acreditar? Ela ficou sabendo dos nossos planos, mas a gente engana ela. — Ele falou como se estivesse sussurrando para ela e eu sorri.

— A mamãe deixa. Só tenha juízo, você não tem muito, ela é só um cristal, no sentido literal. Apesar que eu também sou. Só tenha juízo. — atropelei as palavras e Christopher riu, as vezes eu escutava o que eu dizia e me achava maluca, imagina ele.

— Sim, senhora. Vocês duas são meus cristais, minhas Marias, e eu as amo pra sempre. — sorri com os olhos, eu tinha certeza, porque ele retribuiu o mesmo sorriso, e assim o beijei, sendo interrompida por um choro fininho da criança que precisava mamar.

— Por que você não toma um banho enquanto eu alimento a criatura? — peguei Luna do colo dele e ele me olhou estranho.

— É assim que você fala quando eu não tô perto? — dei de ombros, já levantando a camiseta e começando a amamentar Luna.

— Eu que pari, eu posso. — percebi que Christopher olhava atentamente para meu seio, e eu estava achando lindo, até que...

— É, eu perdi meu brinquedo. Mas tá só emprestado, tá filha, papai sabe que é gostoso. — Ele disse brincando e eu dei um tapa em seu ombro.

— Uckermann!!

— É brincadeira, amor. — Ele jogou um beijo no ar enquanto entrava no banheiro. Meu Deus, esse homem não tinha jeito.

Continuei dando de mamar à Luna e fiquei refletindo no turbilhão de coisas que havia acontecido em apenas uma noite.

Tudo bem que eram três da manhã já.

Mas o que uma boa conversa não fazia? Eu me sentia aflita com tantas coisas, e ter falado para ele amenizou tudo. Christopher também não parecia diferente, o meu homem brincalhão, alegre e amoroso estava de volta, e eu ficava feliz em ver como nós dois nos encaixávamos bem.

A verdade é que esse negócio de descontar tudo em sexo não dava certo pra nós dois.

Quer dizer, até dava, já que tudo ficava mais intenso e selvagem.

Só que o diálogo era essencial. Christopher e eu nos tornamos muito diplomáticos um com o outro, com o tempo, lógico, então a conversa era a solução dos nossos problemas.

O vi sair do banheiro com a toalha presa em sua cintura e puta que pariu que homem eu casei. Obrigada pai, obrigada Tio Victor, se já critiquei um de vocês ou esse acordo de casamento, não foi eu.

Traguei a saliva sentindo um arrepio percorrer meu corpo e só então percebi que Luna já tinha parado de mamar, e já estava em seu décimo sono.

— Para de me secar e presta atenção na cria, Dulce Maria. — sorri descarada pra ele, que tinha derrubado a toalha e estava vestindo uma boxer branca. A visão do paraíso.

— Eu já falei que a culpa é sua, você podia ser menos gostoso, gato. — falei como se fosse óbvio e ele veio se sentar ao meu lado.

— Eu tenho que estar à altura de vocês duas, não posso vacilar. — seria hoje então que ele me mataria do coração. Entendido. Sorri para ele e o beijei de um jeito calmo e apaixonado.

— Eu vou levar a Luna pro quarto dela, volto já. — fui tentar me levantar mas ele me segurou, ué.

— Deixa ela aqui com a gente, Dul... Já está tarde e eu quero ficar perto de vocês duas... — ok, qualquer declaração que inclua minha filha, eu desmontava um pouco mais, parecia que ele sabia.

— Tem certeza? Quer dizer, ela logo vai acordar e você tem que trabalhar amanhã...

— Vou ficar com vocês amanhã, eu te disse que sentia falta de vocês duas e eu estou cansado de resolver tudo sozinho naquela empresa. Então, amanhã eu vou ficar aqui, e quando Luna dormir, durante o dia, nós trabalhamos, já que é o que você quer fazer. — Eu estava impressionada mesmo, Christopher era apaixonado pela Saviñon Von Uckermann, mas o choque de realidade que eu dei nele, parecia ter funcionado. — Agora, coloque Luna aqui deitadinha e se aconchega aqui perto de mim...— fiz o que ele disse e o ouvi suspirar, meu Deus era isso.

— Chris? No dia que o Manu dormiu aqui, no meio de nós dois, e...

Flashback on

Manu já estava adormecido no nosso meio, e Christopher abraçava nós dois, mas eu percebia o quão inquieto ele estava.

— Dul? — Ele me chamou sussurrando para não acordar o bebê. Olhei para seu rosto iluminado pela fresta de luz que entrava em nosso quarto, e percebi que algo estava errado.

— Tá tudo bem?

— Sim, eu só...queria saber se estava dormindo. — Ele disse suspirando, e eu senti que não era realmente isso.

— Chris, o que foi?

— Nada, Dul, estou bem. Vamos dormir, não podemos acordar o Manu. — resolvi não prolongar o assunto já que eu também estava exausta.

— Certo, boa noite, Chris.

— Boa noite, Dul.

Flashback off

— Era isso que você queria, né? — Ele sorriu fraco e coçou a cabeça, envergonhado.

— Aquela conversa da Annie com o Ti sobre sermos ótimos pais alguns dias antes tinha me afetado demais, então era. Isso aqui, nós dois, a Lunita, eu não preciso de mais nada. — sorri olhando para ele e dei um selinho em seus lábios.

— Fico feliz de ter realizado isso com você, porque, honestamente, também era o que eu sempre quis, mas eu não conseguia ter essa imagem sem você ao meu lado. — Eu disse deitando de novo e ouvindo ele suspirar.

— Eu nunca vou te deixar escapar, meu amor. Eu te amo. — Ele sussurou e um arrepio correu por todo meu corpo.

— Eu te amo, Chris. — demos mais alguns selinhos rápidos e logo caímos no sono, e sinceramente, aquela foi a melhor noite de sono que eu tinha a meses.

Yo Si QueríaOnde histórias criam vida. Descubra agora