Capítulo 57

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Tem vezes e momentos na nossa vida que tudo parece tão calmo. Um relacionamento leve e tranquilo, uma filha maravilhosa, a empresa se dando bem, mas aí parece que uma tempestade chega, de repente e sem aviso prévio.

Pois bem, estava eu bela e plena em reunião com meu marido e meu cunhado, traçando o próximo plano de marketing para a nova linha de maquiagem que se aproximava, quando uma nuvem preta pareceu entrar naquela sala, com Michele atrás parecendo desesperada.

— Senhor Uckermann, eu não consegui segurar a moça. — Paulina! Meus punhos se fecharam e olhei para Christopher que estava com uma cara indecifrável. Ele suspirou e passou a mão no rosto.

— Tudo bem, Michele, não se preocupe. — a secretaria dele soltou o ar que segurava e saiu da sala. — O que você faz aqui? Já te disse que você não é bem vinda e que não tenho nada a tratar com você.

— Bom, você bloqueou todos os meus números, eu não tive outra escolha a não ser vir até aqui. — ela se aproximou de nós e, meu Deus o feminismo que me perdoe, mas essa mulher era inimiga da moda e do bom senso, qual será que era o critério de Christopher na época? Será que me vêem assim?

— Teve sim: não vir. — Ele tava tão irritado quanto eu e Christian permanecia calado, assistindo aquilo como se fosse um teatro.

— Mas eu precisava falar com você, querido. — nota mental: nunca chamar Christopher de querido, ainda mais com essa voz fina e o tom de deboche. — Agora, pode pedir pra essas pessoas saírem daqui? Precisamos conversar. — Arregalei os olhos com a audácia da desgraçada e me levantei, batendo as duas mãos na mesa.

— Você quer o que, querida? — usei o tom usado por ela e me odiei por isso. — Você acha que pode mandar alguma coisa na minha empresa? Com o meu marido? No meio de uma reunião importante? — fui me aproximando dela e aquele perfume super doce estava cada vez mais forte e começando a me enjoar. — Vou te falar bem claro é nítido o que vai acontecer agora, sua aguada. Você vai dar meia volta e sumir daqui. Eu e Christopher vamos conseguir uma medida restritiva contra você e eu te quero muito, mas muito distante de nós. E se você aparecer em nossas vidas mais uma única vez, Paulina, eu juro por Deus e pela minha filha, que eu arranco cada fio desse seu cabelo falso. Desaparece, e não reaparece nunca mais. Você não vai conseguir o que quer, Christopher não é pai do seu filho e jamais vai trocar a esposa dele por alguém como você, ele não é o tipo de cara que mente ou troca um amor da eternidade por uma noite muito mal dormida. — a mulher na minha frente estava atônita, em completo estado de choque. Christopher e Christian olhavam em minha direção boquiabertos e eu tinha a pose mais confiante de todas, mesmo que se ela retrucasse, eu provavelmente choraria. — E aí, você vai embora com as pernas ou vou precisar chamar a segurança pra te carregar? — a vi engolir seco e me olhar nos olhos.

— Não esperava que você tivesse se tornado isso, Saviñon. Era tão... sonsa quando mais nova. — cerrei meus punhos e travei o maxilar, se eu tivesse com um pouco de álcool no meu sangue e fora dessa empresa, eu já tinha acabado com ela no tapa mesmo. — Eu vou, mas eu volto. — ela girou seus calcanhares e se retirou da sala. Aquele cheiro de boate de quinta categoria tava impregnado, e me dava mais enjoo ainda.

— Uau, Candy, nunca te vi tão puta com alguém em toda minha vida, e olha que eu já te vi brigar com um cara o dobro do seu tamanho. — ri fraco olhando para ele e suspirei. — Você nem desceu do salto, já ela, claramente nem tinha.

— Essa mulherzinha precisa ser colocada no lugar dela. — cruzei os braços me encostando na cadeira e olhei para Christopher. — Não vai falar nada?

— Dulce, você não deveria ter falado assim com ela! — Franzi o cenho assim que ouvi o que ele falou, e pude ouvir Christian soltar um "vish".

— Como é que é? — eu não estava acreditando no que ele havia dito.

— Isso que você ouviu, ela ainda é uma pessoa, e você não tinha o direito de falar com alguém assim. — Oi?? Ele tava delirando? O perfume da mocréia perturbou ele, só pode. Christian se levantou e pegou seu celular, deixando todo o conteúdo de nossa reunião ali.

— Já que vocês vão discutir a relação, eu vou pegar um café e conversar com as secretarias dos dois sobre a roupa cafonissima que aquela mulher usava. — Ele foi andando em direção à porta. — Me chamem quando acabar. — Christian fechou a porta, e eu me levantei novamente, extremamente irritada com o que começava a ouvir.

— Christopher, você enlouqueceu? O cheiro daquela mulher corroeu seu cérebro?

— Não, Dulce Maria. Cresce, pelo menos uma vez na sua vida. Por mais que essa mulher encha nosso saco, ela não precisa ser ameaçada ou humilhada daquele jeito. — precisa sim, pensei. — Não precisava ter ameaçado com medida restritiva, muito menos dizer que iria chamar o segurança. — inacreditável.

— Certo, então uma qualquer pode vir na sua empresa, falar com a sua mulher do jeito que quiser, mandar a outra dona da empresa, no caso eu, sair da sala, pra ter uma conversa em particular com você? E eu tenho que bater palmas e aceitar isso numa boa? — Ele suspirou e se levantou. — Além de me chamar de sonsa e poluir o ambiente com esse cheiro horrível. Mas pra você, tá tudo ok?

— Não é isso, é que...

— Não, Uckermann, sinceramente eu não vou me meter mais nos seus assuntos. Mas eu deixei avisado, mais uma vez que essa vagabunda aparecer aqui, eu vou resolver isso sozinha. — peguei minhas coisas e fui em direção à porta.

— Aonde você vai? — Ele vai se desculpar, é isso. — Precisamos acabar a reunião. — ah não! Fechei os olhos com força e respirei fundo.

— Acaba a reunião com a Paulina, o que acha? Ela, pelo jeito, manda mais nessa empresa do que eu.

— Dulce, espera...

— Vai se foder, Christopher, me deixa sozinha. — sai da sala extremamente irritada, passei por Christian que realmente estava fofocando sobre a mulher e entrei na minha, onde eu bati a porta e passei a chave, para não ser incomodada por ninguém.

Escutei Christopher bater na minha porta e me mandar abrir, mas resolvi ignorar. Se eu olhasse para a cara daquele homem agora, ou eu pedia o divórcio ou eu matava ele, de tanta raiva que eu sentia. Então, eu resolvi me virar para a grande janela que tinha na minha sala e pensar um jeito pra aquelazinha sair de nossas vidas, sem cometer um crime, é claro.

Yo Si QueríaOnde histórias criam vida. Descubra agora