Capítulo 53

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— Loira aguada, o que você está escondendo de mim? — Christian disse assim que nos acomodamos no tapete da sala com as crianças e Triana e Sirius ali por perto. Christopher havia saído com Poncho para uma corrida, ele havia me dito que hoje tentaria conversar com o amigo, então Christian estava inquieto.

— N-não estou escondendo nada, tá maluco? — ela ficou nervosa, será que queria contar a ele? Esse tipo de apoio nunca é demais.

— Dulce, Anahí está escondendo algo de mim, não está? — Arregalei os olhos e mordi o lábio inferior.

— Não olha pra mim, são coisas dela.

— Annie, me conta. Sou seu melhor amigo, o que que custa?

— Minha paz e privacidade? — uau ela respondeu extremamente rápido. — Desculpa, Christie, mas você é fofoqueiro demais.

— Eu não vou contar pra ninguém, Anahí. Contaria pra Dulce, mas ela já sabe. — pude vê-la suspirar magoada e me encarar com aqueles grandes olhos azuis.

— Annie, ele tem razão. — assenti com a cabeça e segurei em sua mão.

Enquanto eu distraía Luna e Manu, Anahí passou a contar toda a história para Christian, que estava totalmente horrorizado. Mesmo brincando com os pequenos, vi Annie segurar as lágrimas, provavelmente para não demostrar a Manu sua fraqueza com o momento, tentei passar o máximo de apoio para ela possível enquanto ela contava para Christian.

— Annie, você tem que denunciar, ir numa delegacia da mulher, isso é violência doméstica. Você é advogada, você sabe disso.

— Poncho nunca encostou um dedo em mim, Pollito. São só...gritarias, descontrole emocional, temperamento... — ela disse em um murmúrio.

— Christopher saiu para conversar com ele agora. — Eu disse para os dois, Annie também não sabia que eu havia contado para meu marido. — Ele ficou horrorizado em saber as coisas que o Poncho estava fazendo. Vamos todos te ajudar, Annie, estamos do seu lado, amiga!

— Eu só espero que ele não tenha um surto de raiva por causa da conversa com Christopher. Convenhamos que não é difícil.

— Você está fragilizada, não vamos permitir que ele faça qualquer coisa à você. — Christian disse enquanto abraçava ela de lado.

— Obrigada, Christie. Não sei o que eu faria sem vocês.

Mudamos de assunto e ficamos ali mais um tempo, observando Luna dar seus passinhos pequenos e falar sua língua de bebê com Manu, que cuidava dela com carinho a todo momento. Era lindo ver a amizade que os dois haviam construído em tão pouco tempo, mesmo com uma diferença grande de idade.

Pouco tempo depois, Christopher e Poncho entram pela porta da frente, e posso dizer que os dois estavam com uma expressão indecifrável no rosto. Christopher gesticulou que iria tomar banho e já voltava, já Poncho, foi saiu em direção à praia, totalmente sozinho.

Minutos mais tarde, Christopher reaparece na sala, ganhando a atenção de Luna, que vai correndo até o pai e ganha milhares de beijos. Incrível como cada dia que passa, ela se apaixona ainda mais por ele, e eu só tinha a agradecer pela nossa última briga feia, quando Luna tinha três meses, aquilo realmente foi um divisor de águas pra nossa vida.

Ele se sentou atrás de mim e eu me encostei em seu peito, assim que Luna saiu do colo e continuou a brincar com Manu. Christopher me deu um selinho demorado e me abraçou forte.

— Tudo bem? — Eu estava curiosa, não me julguem, e ele parecia já saber do que eu estava falando. Christopher me olhou exitante, já que Christian estava na sala. — Annie contou para ele, não se preocupe. — Ele suspirou e assentiu.

— Acho que sim, alguém ficou muito pensativo sobre o papo que tivemos. — Christopher respondeu alto o suficiente para todos escutarem.

— Ucker, ele disse algo...suspeito? Sei lá. Poncho anda tão estranho, não sei o que esperar. — Anahí perguntou com lágrimas em seus olhos.

— Eu não achei, Annie. Ele disse que está sobrecarregado de trabalho, que está trabalhando por dois e acaba descontando o estresse em você. Disse que as viagens estão sendo exigências da empreiteira que ele trabalha, e bom, ele desconversou quando perguntei das mensagens. — ela respirou fundo com a resposta dele e assentiu. — Sinto muito, Annie. Ainda acho que é melhor você ficar um tempo lá em casa até tudo se ajeitar. Conheço Poncho desde que me entendo por gente e sei que ele seria incapaz de te agredir, mas não sabemos o que se passa na cabeça dele.

— Barbie, eu acho que o Chris tem razão. Por mais que meu primo seja pacífico, não sabemos o grau do estresse dele. Você está grávida, não precisa passar por isso.

— Ei, se você enjoar do mel desses dois, minha casa está de portas abertas pra você, minha loira. Nós te amamos, Annie, não queremos te ver assim. — Christian completou enquanto abraçava Anahí, éramos sim uma grande família.

— Talvez eu deva revezar a casa de vocês. Muito obrigada, gente. Por tudo. — ela sorriu sem mostrar os dentes e abaixou a cabeça. — Eu só... queria pedir pra vocês não tratarem ele diferente enquanto estamos aqui. Pelo Manu e pelo clima natalino. Amanhã é Natal e eu não queria nenhuma discussão.

— Fica tranquila, Poncho será bem tratado, não é amor? — Christopher disse e eu trinquei o maxilar. O homem me conhecia tão bem que já sabia que eu não conseguiria disfarçar meu ódio por ele.

— Mas ele magoou a Annie e...

— E nós vamos fazer o que Anahí pediu, não é mesmo? — Christopher me interrompeu e olhou para mim, mas que droga!

— Tá! Mas a primeira coisa fora da linha que eu ver, eu vou explodir, está avisado. — Como ninguém me leva a sério, todo mundo riu, e Anahí veio até mim e deu um beijo em meu rosto.

— Obrigada, minha irmã. — aquele par de olhos grandes azuis me olhava tão fundo que me derretia. O que eu não faria por ela?

— Não precisa me agradecer, melhores amigas são pra isso. — ela sorriu e voltou a se sentar no lugar, dando atenção à Luna e a Manu, que brincava com os dindos, deixando Christopher e eu entrarmos no nosso mundo próprio.

— Você está bem, Dul? Sei que essa situação está sendo difícil pra você, mas realmente vai ficar tudo bem, amor. — me virei para conseguir olhar para Christopher e deitei em seu ombro.

— Estou preocupada só. Anahí parece uma fadinha de tão alegre, olha como ela está agora. Abatida, sem vida, sem alegria. Me parte o coração vê-la assim. Eu só quero a felicidade dela e do Manu, Chris. Por que Poncho fez isso? — Ele beijou minha cabeça e me apertou mais em seus braços.

— Talvez eles não tenham conversado, como nós fizemos. Se lembra que tentamos resolver tudo no sexo? E depois eu passei a chegar tarde em casa? Se você não tivesse despejado aquele monte de coisa em mim, talvez estivéssemos em situações parecidas. Aquilo foi um choque pra mim, a demonstração do tipo de pai e marido que eu jamais queria ser, talvez Poncho precisasse do mesmo. Anahí guarda tudo para ela e acaba não falando, isso é muito ruim... — Christopher era um galinha na adolescência, de verdade, não tinha o menor respeito pelos sentimentos dos outros e muito menos se importava sobre o que falavam dele ou das meninas que ele pegava. Sua evolução como ser humano é tão visível que era quase palpável, e eu só me orgulhava cada vez mais.

— Você está certo. Eu nunca consegui guardar essas coisas pra mim mesma, não sei como ela ainda não explodiu. — Ele riu e me olhou, tão profundamente, que eu me senti nua.

— Vocês são muito diferentes, e uma coisa que eu posso reafirmar o quanto eu amo em você é esse seu temperamento de maluca e a sua sinceridade. — Ele disse rindo e eu dei um tapa em seu ombro. — nunca se esqueça o quanto eu amo você, meu cristal. — Acho que eu tinha desfalecido só com aquilo, eu o amava tanto que era incapaz de ver minha vida sem ele. Nos beijamos lentamente até sermos interrompidos por Luna sentando em meu colo. Dei um sorriso para ele e aconcheguei minha filha em meu colo, enquanto eu fazia o mesmo no peito dele. Aquilo era paz para mim.

Yo Si QueríaOnde histórias criam vida. Descubra agora