Capítulo 4

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Ok, usar Zack foi a melhor coisa que eu tinha feito naquela noite, já que eu dormi como um bebê. Hoje era sábado e Christopher e eu iríamos ao aniversário de Manu, nosso afilhado já estava completando 4 anos, fora a inteligência dele, já sentia que logo ele sairia de casa e entraria na faculdade.

Não me leve a mal, eu sempre quis ser mãe, mas já que meu casamento não foi por amor, seria injusto trazer um bebê para esse mundo concebido nessa bagunça que era minha vida e de Christopher.

Falando nele, uma tensão estranha estava nos rondando, desde a nossa conversinha de madrugada. Hoje, quando acordei pela manhã, Christopher estava mais perto de mim que o normal, e eu fiquei apenas velando seu sonho, ele era tão bonito, podia ser menos ordinário.

Apesar disso, não brigamos mais desde a morte do tio Victor. Christopher estava mudado, ficava mais em casa e parecia ter perdido aquela vontade de adolescente de me provocar toda hora, e sinceramente, eu sentia falta daquilo, já que mais me divertia do que me irritava. As vezes. Ok, raras vezes. Ele é um pé no saco quando quer.

— Chris? — Eu disse assim que entramos no carro, para irmos a casa de Anahí. Christopher se virou para mim, antes mesmo de ligar a ignição do carro. — Está tudo bem?

— Sim, Dul. — ele franziu o cenho, como se não entendesse o que eu estava dizendo. — Por que a pergunta?

— Você está diferente, fiquei...preocupada. — Ele arregalou os olhos, surpreso, mas não havia maldade ali. Senti meu rosto corar de vergonha e ele sorriu levemente.

— Acho que eu precisei perder meu pai pra perceber certas coisas, sabe? — assenti e respirei fundo, aquilo ainda estava recente e doía. Christopher segurou em minha mão, como sempre fazia quando esse assunto surgia, e eu apenas observei aquilo. — Nossas brigas, a maioria delas, eram causadas por mim, por eu estar estressado e descontar em você. Me perdoa por isso, Dul. — Que!?

— Que!??? Você está me pedindo desculpas? Christopher Uckermann? Casado comigo a quase 10 anos, me conhecendo desde bebê, nunca sendo gentil, me pedindo desculpas??? — Ele soltou minha mão e a passou por seu rosto.

— Perdi o limite nas minhas atitudes enquanto a gente crescia, não é? — assenti rapidamente para ele perceber o quanto ele era babaca. — Ah, eu era um idiota. Como você não me matou?

— Eu amo muito seus pais, provavelmente em respeito à eles. — falei com toda sinceridade do mundo e ele apenas riu. Será que esse era o começo de uma amizade?

— Bom, eu vou com certeza agradecer eles dois a isso. — Ele abaixou a cabeça como se parecesse pensar e logo olhou para mim. — Podemos ser amigos? O que acha? Creio que não faz bem para nós dois ficarmos brigando assim, até porque dividimos a presidência de uma puta empresa, somos profissionais mas uma hora isso cai por terra.

— Sim, você está certo. E sinceramente, eu odiava você. — falei com uma certa intensidade, arrancando um sorriso vitorioso dele. — Muito mesmo. Mas tô aprendendo a gostar agora. E tudo bem a gente implicar um com o outro de vez em quando, não fique mais chato do que você já é. — Ele riu e ligou o carro, para finalmente irmos à casa de Anahí.

— Você é bem insuportável também, Maria, não pense que é diferente. Espero que sua sessão masturbação de ontem tenha adiantado. — Arregalei os olhos e o mirei, filho da puta.

— Você não vai esquecer disso? Pensa que eu não sei que você foi tomar um banho frio porque teve um sonho erótico comigo? — Christopher freiou bruscamente o carro e ficou estático. Ele apertava o volante tão forte que seus dedos estavam ficando branco.

— Como você sabe? — Eu explodi em uma gargalhada, enquanto ele apenas me encarava.

— Primeiro que: se eu estivesse jogando verde, você já tinha se entregue, né fofinho? — Eu disse rindo e o vi revirar os olhos. Alguns carros buzinavam atrás da gente, então ele seguiu o caminho.

— Dulce, sério...

— Você gemeu meu nome, Uckermann. Duas vezes. — Ele soltou todo o ar que tinha em seus pulmões e negou com a cabeça.

— Ok, me desculpa por isso. Mas da próxima vez que for passar creme no corpo, vê se tranca a porta, Dulce Maria.

— O quarto também é meu, querido, eu estava na minha penteadeira, com os meus cremes e...

— E seminua! Tem noção do quanto é gostosa? — Meu Deus??? Senhor, alguém me ajuda, não sei respirar.

— V-você me acha gostosa? Eu? Tem certeza?

— Sim, Dulce, desde a nossa adolescência, aliás. — Que!????

— Christopher, você bebeu? Sério, estou preocupada. — Ele riu seguiu sua atenção no trânsito.

— Dulce, você sempre foi bonita, por que se desvaloriza tanto? — franzi o cenho e o encarei, que porra era aquela?

— Chega, você está me assustando. Você morreu e foi substituído, igual a Avril Lavigne?

— Claro que não, e isso da Avril é mentira, inclusive me lembro de você chorando por causa dela.

— Ela é minha diva maior, o símbolo do punk emo, a maior que temos, eu sempre vou amá-la. — Ele riu com a espontâneidade que saiu minhas palavras, eu sei, sou incrível.

— Você não muda, Dulce Maria. Parece que tem 16 anos.

— Urgh, o pior ano da minha vida. Isso porque eu tive que ir no aniversário de um mala e não pude ir no show que eu sempre sonhei.

— Ok, a culpa é da dona Alexandra, eu não fazia questão da sua presença.

— E nem eu de ir, mas dona Blanca me obrigou.

— Talvez nosso ódio mútuo tenha sido causado por nossos pais, já parou para pensar nisso?

— Já... Mas não gosto muito de pensar sobre isso. Inclusive, eu sempre achei que você sentia raiva de mim por causa desse acordo de casamento.

— Dulce, eu nunca senti raiva de você. — arqueei a sobrancelha e o fitei — Tá, ok, talvez um pouco. O que eu posso fazer se você era extremamente irritante? E ainda por cima, melhor amiga do meu irmão, pros meus pais te verem mais ainda como a princesinha deles.

— Você tinha ciúmes de mim com meus padrinhos? — Eu disse quase gritando e rindo muito, não podia ser real aquela conversa, eu já estava julgando como surto coletivo.

— Eu era novo, não entendia direito as coisas, pode, por favor, não me fazer te odiar de novo? — segurei a risada e assenti rapidamente.

— Ok, parei. — ficamos em silêncio por alguns instantes, e quando notei que estávamos chegando na casa de Anahí, decidi perguntar o que realmente me afligia. — Chris?

— Vai me fazer te odiar, de novo?

— Não, idiota. Me leva a sério!

— Ok, então fala.

— Acha que se não tivéssemos um acordo, nós já teríamos transado? — Eu finalizei a frase quando ele estacionou ao nosso destino, engoli seco ao perceber o olhar dele queimar sobre mim.

— Vou ser sincero com você, ok? — assenti e o incentivei a falar. — Eu não sei nem porque fizemos aquilo, uma hora ou outra, aquilo vai ser quebrado.

— C-como? — Eu piscava desenfreadamente, tinha noção disso, estava realmente nervosa. Ele sorriu malicioso olhando para minha boca, e mais próximo de mim do que eu esperava.

— Acha que eu não sei que seu sonho foi sobre mim? Que você foi se masturbar pensando nisso? — Arregalei os olhos e apenas paralisei. Christopher me olhou vitorioso e saiu do carro, me deixando lá sozinha e estática.

Yo Si QueríaOnde histórias criam vida. Descubra agora