Capítulo 52

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Já a noite, Christopher e eu nos despedimos de todos, colocamos Luna para dormir, e fomos para nosso quarto. Eu me sentia sufocada, e precisava conversar com ele sobre isso, ou eu morreria engasgada.

— Chris? Precisamos conversar uma coisa... — Eu disse me sentando na cama e batendo ao lado para ele se sentar. Christopher me olhou preocupado e arregalou os olhos.

— Está tudo bem? Meu Deus, divórcio? Você vai levar nossa filha? Eu fujo mas eu não assino. — O tom dramático ao extremo entregava ele. Revirei os olhos e sorri.

— Christopher, cala essa boca, senta aqui logo.

— Sim, minha grande gostosa. — meu deus me casei com um palhaço de circo. Ok, mas ele era meu palhaço de circo. Christopher se sentou ao meu lado e me puxou para que eu deitasse em seu peito. Enrosquei nossas pernas e senti ele acariciar minhas costas.

— Você acha que meu primo seria capaz de fazer algum mal contra Annie ou Manu? — senti Christopher ficar tenso embaixo de mim, isso já falou muita coisa.

— Ele fez alguma coisa? Dulce, eu amo Poncho, ele é um dos meus melhores amigos, mas eu não penso duas vezes em matar ele com as minhas mãos se ele fizer algo contra Anahí. — meu homem, senhoras e senhores.

— Annie disse que eles estão passando por uma...turbulência. Poncho está mais raivoso, ela disse que ele chega tarde sempre, viu umas mensagens no celular dele, e até Manu parece estar com medo do pai.

— Poncho sempre foi muito quieto, mas achei que era só o jeito dele. Hoje eu percebi que o Manu tava grudento com a Annie, mas achei que era só um momento. Ele brincou com a Luna aqui tranquilamente, por isso não achei nada demais.

— Ele tava nervoso, Chris. Viu as mãozinhas dele quando estávamos no restaurante? Sempre fechadas.

— Acha que Poncho chegou a bater nela? — suspirei fundo e passei a mão no rosto, eu realmente não sabia desse informação, mas eu temia por isso, afinal Annie estava grávida, e não merecia passar por nenhum estresse.

— Não sei, Chris. Acha que consegue conversar com ele sobre isso? Anahí deixou eu te contar e acho que Poncho escutaria mais você do que qualquer outra pessoa. — Ele suspirou também, aquilo era muito para aguentarmos, nunca que eu ia imaginar que minha melhor amiga estaria numa situação dessas.

— Vou tentar falar com ele, Poncho nunca se demonstrou agressivo, acho que ele vai me ouvir numa boa. Eu espero, na verdade. — assenti para ele. — Vamos ajudar a Annie, Dul. Não se preocupe, amor. — Ele beijou minha testa e me apertou mais contra ele.

— Ela tá grávida, Chris...— murmurei.

— Mentira? Isso é ótimo!

— Seria, se Poncho quisesse, se eles não tivessem assim, Anahí tá emocionalmente instável, tenho medo do que pode acontecer com o bebê.

— Acho que eles precisam de um tempo separados. Por que não sugere para ela ficar lá em casa com a gente? Poncho, com toda certeza do mundo, vai ver mais ainda a burrada que fez e continua fazendo com o casamento.

— Eu mandei ela ir pra lá quando voltarmos. Mandei mesmo, na base da ameaça de contar pra Christian. Ela não pode se estressar, além disso vai ser bom pro Manu também sair desse ambiente, Luna vai ser uma boa companhia para ele.

— Acho que você fez o melhor, pro momento. Eles estão dormindo no mesmo quarto aqui?

— Sim, Annie não quis ir para outro, disse que levantaria suspeita pra Christian, e não quer que ele saiba agora. Além disso, Alfonso desconfiaria que ela tivesse contado para nós dois e não queremos isso. Não sabemos como ele pode reagir. É Natal, Anahí merece ter paz nessa data.

— De certa forma, faz sentido. Manu está com eles?

— Sim, ele dorme no meio dos dois todos os dias agora, Manu tem medo de Anahí perto do pai.

— Que situação, Dul. Meu Deus...

— Eu não sei o que fazer, Chris. Me sinto um lixo toda vez que paro e penso como eu não reparei nos sinais que ela me dava. Como eu pude ser tão burra?

— Não fala assim, meu amor. Annie é uma das melhores advogadas da cidade, ela sabe muito bem esconder as coisas, sabe como mentir e negar as coisas. Você a conhece melhor do que eu, sabe disso.

— Você tem razão. Odeio ver minha melhor amiga nessa situação.

— Ninguém gosta, pequena, mas vamos ajudá-la. Poncho ainda ama ela, eu sei disso, ele só deve estar passando por um momento ruim.

— Christopher, não adianta nada amar e fazer essas coisas. Se ele amasse ela de verdade, e o próprio filho, não faria essas coisas. Não deixaria Manu assustado, não gritaria com Annie...

— Sim, eu sei. Mas também sei que meu amigo está lá dentro desse homem aí. Sei que ele vai se arrepender muito e, do fundo do meu coração, espero que ele não perceba isso tarde demais.

— Não sei quanto tempo disso ela vai aguentar mais. Anahí está esgotada, e com razão. Fora que não é bom Manu crescer num ambiente desses. Ela disse que já propôs divórcio pra ele, mas ele não aceitou, gritou e a briga foi pior ainda.

— Que situação... — Christopher disse num murmúrio e eu me aconcheguei mais em seu corpo. — Se algum dia eu fizer isso com você, por favor, me põe pra fora de casa. — ri fraco com o jeito que ele falou e ergui a cabeça para olhá-lo.

— Você não é capaz de fazer isso, eu conheço seu coração, sei que você não é capaz. Já tivemos brigas antes, momentos ruins, e você nunca demonstrou ser assim. — Ele levou a mão em meu pescoço e acariciou minha bochecha com o dedão.

— Não consigo pensar em fazer mal à você. Nunca consegui na verdade, nossas provocações sempre eram inocentes, se lembra? — ri pelo nariz e dei um selinho rápido nele.

— Lembro. Mas ainda guardo rancor de você por eu ter sido obrigada a ir no seu aniversário e não ter ido no show da Avril Lavigne. — Ele revirou os olhos e sorriu.

— Eu sou muito melhor que ela, acorda, Maria.

— Hoje em dia sim, mas naquela época eu queria arrancar sua cabeça fora. Precisava fazer aniversário justo naquele dia? 

— Ei, a culpa é da minha mãe, pode brigar com ela. Eu nem queria festa de aniversário aquele ano, eu estava puto por causa do castigo, que inclusive tinha sido culpa sua. Minha mãe quase me fez engolir aquele cigarro. — soltei uma gargalhada e ele revirou os olhos.

— Eu fiz um bem à você, Uckermann. Não reclama, cigarro faz mal.

— Isso eu não posso negar, nunca mais eu coloquei outro na boca. Peguei traumas.

— De nada. — eu disse convencida e ele me beijou lentamente.

Ficamos mais um tempo conversando e namorando até pegarmos no sono. O dia seguinte seria cheio, e eu esperava que fosse mais leve que hoje.

Yo Si QueríaOnde histórias criam vida. Descubra agora