Capítulo 65

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— Cheguei! O que foi? O que aconteceu? — eu fiz o caminho da casa de Anahí até a minha em incríveis sete minutos. Geralmente levamos 15. Eu estava desesperada, e esperava que o departamento de trânsito me perdoasse. Assim que abri a porta com tudo, avistei Christopher chorando, abraçado com Luna. — Chris, me diz, o que aconteceu? — eu perguntei me sentando ao seu lado no sofá.

— O orfanato ligou, Dul. — um arrepio percorreu minha espinha de forma súbita. Ele soltou nossa filha, que saiu correndo na mesma hora, indo em direção à casinha dos cachorros, para brincar com eles.

— E aí? — achei que morreria de tanta ansiedade. Me levantei bruscamente e fui acompanhada por ele.

— Ayla. Ela vai vir pra nossa casa. Nós conseguimos amor, ela vai vir pra nós.

— C-chris, não brinca comigo. — Eu já estava tremendo de nervoso e meus olhos estavam carregados de água.

— Nós podemos buscá-la amanhã, amor. A assistente social concedeu o benefício pra gente. Eu nem acredito nisso. — Christopher me abraçou e eu ao menos consegui retribuir de tão extasiada que estava. Minha princesa vai vir pra casa, eu não conseguia acreditar!

— M-mas Chris, Alice me disse que ainda tínhamos que passar por aquela fase de levá-la para passear e ficar apenas aos fins de semana. — isso era o que mais me afligia, já que demoraria mais tempo para ficarmos com ela.

— Eu sei, amor, eu conversei com a Alice e aparentemente Ayla só fala de nós, só se alegra se estamos lá, fala da Luna o tempo todo, e essa foi uma recomendação da psicóloga que a trata. — Eu realmente estava sonhando, só podia ser. — Mas como eu disse, estaremos com a guarda temporária ainda, iremos receber com frequência a visita da assistente social e teremos que continuar levando Ayla em suas sessões de terapia.

— Nossa princesa, Chris! Finalmente teremos nossa família completa! — e finalmente eu o abracei forte e me deixei ser levada por um choro de alívio, eu estava tão feliz que não cabia dentro de mim. Christopher me segurou forte, também chorando, sei que ele era tão apaixonado por Ayla quanto eu, e nos machucava muito ter de deixar nossa filha no orfanato.

— Mamãe? Papai? — Luna apareceu batendo nas nossas pernas, sem entender nada, e com Triana e Sirius atrás dela. Christopher a pegou no colo e eu a abracei.— Por que choram? — ela fez a carinha mais fofa desse mundo, acompanhada de um gestinho delicado com suas mãozinhas.

— A mamãe e o papai estão felizes, bebita. Amanhã nós vamos trazer a Ayla pra casa, e ela vai morar com a gente, ficando grudadinha em nós. — Eu disse enquanto via o rosto da minha filha se iluminar. Era visível o amor que ela já tinha pela irmã.

— Ayla vai ficar comigo, mamãe?

— Sim, meu amor. Por isso, nós temos que arrumar um quartinho para ela, o que acha de ajudar?

— Não! — Luna cruzou os braços e fez uma cara brava, fazendo Christopher e eu estranharmos sua reação.

— Luna Maria, o que é isso?

— Ayla fica no meu quarto, papai, comigo. — Me senti aliviada com sua fala e Christopher também.

— Você quer dividir seu quarto com a Ayla?

— Sim, papai, por favor. — Luna estava com quase dois anos já, mas eu nunca tinha visto uma criança tão esperta e com um coração tão grande como ela, mesmo que suas palavras ainda saíssem enroladas pela sua pouca idade. Christopher e eu rimos surpresos com o pedido dela, mas claro que acatamos.

— Tudo bem, princesinha, vocês podem dividir o quarto. Se a Ayla quiser, tá bom?

— Eba! — Luna deu um beijo no pai e pulou no meu colo, repetindo a ação.

— Já que vamos buscá-la amanhã, o que acham da gente sair pra comprar uma caminha pra Ayla e mais algumas coisas? — Christopher sugeriu e, como boas rolezeiras, Luna e eu topamos na hora.

Subimos para lavar o rosto de choro e cerca de meia hora depois, saímos de casa. Eu estava tão feliz em saber que minha filha viria para casa, que por um momento me esqueci de todo o caos que se passava com Annie e Poncho. Até vê-lo no estacionamento do shopping, sozinho e com um semblante perdido. Digno de pena, mas não a minha. Peguei Luna no colo e a abracei forte, tentando me confortar. Christopher passou o braço por cima do meu ombro e me puxou para perto dele, enquanto víamos meu primo caminhar em nossa direção.

— Isso é tudo culpa sua! Somos primos, como você pode ter feito isso comigo? — ele gritou quando se aproximou e Luna me agarrou pelo pescoço, assustada.

— Primeiro, você para de gritar com ela agora. Segundo que você é o errado dessa história, Alfonso. — Christopher disse entrando em minha frente.

— E você? Se dizia meu melhor amigo, apoiou Anahí a me expulsar de casa. — Christopher me olhou surpreso e eu assenti.

— Olha, Poncho, nós apenas cuidamos da Annie, coisa que aparentemente você nunca fez. Ela está grávida, não merece passar por metade das coisas que você está fazendo ela passar. Além de tudo, Anahí sempre foi minha melhor amiga, praticamente minha irmã, não se surpreenda que eu a defendi e não você, sangue não importa em uma situação como essas. E se você ligasse para ela ou para seus filhos, você não faria o que está fazendo. Me diz, Ponchito, mantém outra família com Paulina? É pai dos filhos dela também?

— Como você sabe dela? — ele murmurou e recuou um pouco.

— Acha que eu não iria atrás da mulher que inferniza a minha vida e a do meu marido, querido? Você está muito enganado.

— Paulina foi atrás de você? — Poncho perguntou a Christopher, que assentiu.

— Sim, várias vezes, e sem sucesso algum. Ela só serve para nos deixar estressados.

— Filha da puta, vagabunda. — Poncho disse em um sussurro e eu arregalei os olhos.

— Mais respeito, ela ainda é uma mulher. Agora, se puder nos deixar em paz, temos coisas a fazer. — contornei Poncho, sendo seguida por Christopher, enquanto Luna permanecia agarrada ao meu pescoço.

— E-eu sinto muito por tudo que causei. — ele disse e nos fez parar de andar e virar. — Eu sei que estou errado, só queria saber como agir. Não queria deixar Annie assim, ainda mais grávida de um filho meu. Não queria que vocês tivessem essa impressão de mim, principalmente Christopher que é meu melhor amigo...

— Tarde demais, Poncho. — Christopher disse e colocou a mão em minhas costas, me incentivando a andar. Sei que ele havia se decepcionado muito com o amigo, eles eram unha e carne até pouco tempo atrás, e com certeza aquela mudança repentina de personalidade também tinha afetado ele.

— Chris? Você está bem? — eu disse quando nos afastamos o suficiente e entramos no shopping. Luna finalmente havia soltado meu pescoço, e agora andava de mãos dadas comigo e o pai.

— Estou decepcionado, sabe? Com o que o Poncho se tornou. Nunca imaginei que ele faria uma coisa dessas. Fico pensando se ele não usava Anahí para sustentá-lo. Claro que, já vi diversos empreendimentos dele, Poncho é um engenheiro incrível, mas não sei. Se ele não está viajando, se Paulina tem uma casa daquela, será que ele está quebrado de dinheiro?

— Olha, realmente isso que você falou faz sentido, mas eu não tenho a menor ideia. Pode ser por isso que Paulina veio atrás de você também. — ele suspirou e assentiu, me olhando.

— Agora, chega disso. Vamos comprar as coisas pra nossa filha e esquecer um pouco dessa história. — sorri e Christopher me deu um selinho rápido enquanto andávamos. Passamos em diversas lojas, compramos a caminha para Ayla, assim como pelúcias, roupas, itens de higiene, tudo para nossa princesa. E com certeza, Luna era a mais animada, já que escolhia cada coisinha para sua irmãzinha. Mal podia esperar pra ter minhas pequenas juntas novamente.

Yo Si QueríaOnde histórias criam vida. Descubra agora