Capítulo 22

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— V-você o que? - Ele estava parado na minha frente, totalmente nu, com lágrimas nos olhos?

— Chris, faz alguma coisa! Grita comigo, me xinga, fala que eu sou irresponsável, que... — Ele me abraçou, chorando no meu ombro? E eu? Bom, finalmente eu me permiti chorar na frente dele, por algo que nós dois tínhamos feito, e eu jurava que estava ferrada com isso.

— V-você tá realmente grávida? — Ele disse com os braços em torno de mim assim que nos acalmamos. Assenti, abaixei a cabeça e levei minhas mãos em meu rosto, chorando feito uma criança.

— Me perdoa, Chris, me perdoa por ter quebrado nosso acordo, eu deveria ter tomado mais cuidado, ido ao médico, pelo menos contado meu dias férteis, e eu... — ele deu um selinho demorado em meus lábios, interrompendo o que eu estava dizendo. — Você não está bravo? — Eu disse quando nos separamos e o olhei confusa. Ele sorriu de leve e acariciou meu rosto.

— Como eu poderia estar bravo se você tá realizando meu maior sonho?

— M-mas Chris, nosso acordo de não termos filhos nessa maluquice de vida? Vivemos em um contrato, literalmente e uma criança só vai nos atrapalhar, e eu sei que eu deveria ter ficado atenta e...

— Dulce, já te disseram que você fala muita merda quando está nervosa? Você não fez essa criança sozinha, esse sempre foi o nosso sonho e eu sei que você tá odiando a ideia de abortar...

— Eu não conseguiria... — Eu disse abaixando meu olhar até minha barriga, e passando a mão nela.

— Pois bem, não vamos fazer isso, nós dois somos irresponsáveis e nós dois vamos lidar. Juntos. Ok? E foda-se esse contrato, Dul, enquanto fizer sentido para nós, estaremos juntos, criando nossa filha.

— Não sabemos se é uma menina. — Eu disse abrindo um leve sorriso para ele.

— Dulce Maria, acorda, somos pais de menina. — Ele se abaixou até a minha barriga e a alisou, mesmo ainda estando reta. — Oi, bebê, é o seu papai. Mal posso esperar pra te conhecer.

— Christopher? — Ele olhou para mim na mesma hora. — Tá babando aqui, ó? — apontei pro canto da minha boca e ele sorriu, voltando a atenção para minha barriga.

— Bebê, sua mãe às vezes só fala besteira, sabia? Mas nós vamos te amar muito, nós dois. Você é nosso sonho. — voltei a chorar depois dessa, né? Por mais que Christopher e eu não tenhamos planejado ou não quiséssemos ter filhos juntos, ele já estava aqui, na minha barriga, e bom, agora já não tinha o que fazer mais. Eu só esperava que nosso casamento não afetasse nosso bebê, eu não poderia lidar com essa culpa. E ele continuou falando com a minha barriga sem parar, a coisa mais adorável do mundo.

— Sabe o que eu notei?

— O que?

— Ainda estamos pelados na cozinha da nossa casa.

— Certo, eu também me esqueci disso. — Ele falou como se tivesse tido um estalo na cabeça. — E você estava viajando, ainda, deve estar cansada.

— Estou...

— Vem, vamos tomar um banho de banheira.

— Chris, eu vou acabar dormindo, sabia que eu estou grávida?

— Felizmente sim, e nós vamos conversar sobre isso agora mesmo. — Christopher me ajudou a descer do balcão, pegou nossas roupas e fomos em direção ao banheiro.

Em pouco tempo ele ajeitou tudo e entramos na banheira, onde eu finalmente consegui relaxar. Meu corpo inteiro doía e eu realmente estava agradecida por Christopher iniciar a massagem nos meus pés.

— Dul, aonde estava? Eu morri de preocupação. — suspirei e o fitei, não queria contar para ele que eu surtei dessa maneira ou o que realmente se passava na minha cabeça, mas eu sei que seria necessário, ele era o pai dessa criança e merecia saber.

— Eu estava em Acapulco, fui dirigindo sozinha.

— E por que fugiu? — Ele parecia preocupado mesmo, mas não me julgando, o que me deixava bem aliviada.

— Porque eu não sabia o que fazer, Chris! Eu surtei naquele dia de manhã, procurei me manter calma mas eu mal conseguia olhar pra você. Eu estava assustada...

— Com o que? Vamos dar conta, Dul, estou com você.

— Eu sei disso agora, mas pensei que você me pediria pra tirar, ou ficasse puto comigo, não sei, não pensei direito, só fugi.

— E o que você pensou em fazer?

— Nada? Eu fiquei lá, sozinha, com aquele mar e a Lua, e não cheguei a lugar nenhum, então eu voltei.

— Bom, eu achei melhor você ter voltado. Já se arriscou demais em ter dirigido tudo isso, Dulce.

— Eu sei, mas eu não estava pensando direito, ok?

— Tudo bem. Mas agora, faremos tudo certo, e eu vou te acompanhar em todas as consultas. — Sorri para ele que parou a massagem e se sentou ao meu lado, passando um braço por cima do meu ombro e me fazendo deitar em seu colo.

— Obrigada, Chris.

— Pelo quê? — Ele me olhou confuso e me segurou com mais força, parecendo me proteger.

— Sei lá, por ser assim, por não surtar ou me abandonar...

— Eu jamais faria isso, Dul... Estamos mais íntimos nos últimos três meses, mas em qualquer ocasião de nossas vidas, eu nunca te deixaria sozinha. — sorri emocionada para ele e beijei seu pescoço.

— Obrigada mesmo assim, e me desculpa por fugir, não soube lidar.

— Não tem problema, só não faça mais isso, ok? Ainda mais com nosso bebê em sua barriga. Eu entendo que você às vezes precisa ficar sozinha mas, por favor, não desapareça mais.

— Não vou, prometo.

— Certo, e alguém sabe? Sei que falou com a Tia Blanca, ela me avisou que você estava bem e que precisava de um tempo.

— Ninguém sabe, eu quis te contar antes de todo mundo. Vai ser um caos contar isso pros outros. — Ele suspirou e passou a mão livre no rosto.

— Vamos ter que contar do nosso contrato, explicar porque não contamos à eles antes, meu deus meu irmão vai nos encher de perguntas.

— Christian será o menor problema, eu terei que enfrentar a fúria de Anahí Portilla, tem noção do que aquele ser humano pequeno faz?

— Ah eu tenho sim, boa sorte com isso. — Olhei para ele e notei sua expressão mudar, como se tivesse pensando em algo. Me levantei para olhá-lo melhor, ainda grudada a ele.

— Chris, o que foi? — Ele suspirou novamente e desviou seu olhar do meu.

— Meu pai iria adorar ser avô. É uma pena ele não estar aqui pra ver a princesa dele ser mãe, e o pirralho dele ser pai. — meus olhos encheram de lágrimas, assim como os dele, e eu o abracei forte. Se eu sentia falta do tio Victor, Christopher sentia dez vezes a mais.

— Eu tenho certeza que ele está meio orgulhoso da gente lá de cima. — Ele me olhou com estranheza e quase riu.

— Por que "meio orgulhoso", maluca?

— Alô, terra chamando Christopher! Estou grávida sem termos nos apaixonados com três contratos entre nós dois, se ele soubesse dois outros dois, com certeza estaria uma fera. — Christopher riu e me puxou para um selinho demorado, ele me passava a segurança de que tudo ia ficar bem, e bom, eu acreditava nisso.

Ficamos conversando por mais algum tempo até sentirmos a água esfriar e sairmos dali. Vesti uma camiseta dele, extremamente confortável, e me deitei, totalmente acomodada ao seu corpo e finalmente mais calma.

Yo Si QueríaOnde histórias criam vida. Descubra agora