Desci do carro e boquiaberto fiquei observando o colégio que, ao meu ponto de vista, parecia um castelo, fisicamente falando.
Minha mãe fez questão de entrar comigo, era o meu primeiro dia de aula em um colégio particular, o mesmo que Dulce estudava. Eu a vi três vezes durante o verão, mas todas os três finais de semana que passamos juntos, ela se recusou a ter contato comigo e as poucas palavras que vinha de sua boca eram completamente irônicas, mas também, era de se esperar, pois segundo minha mãe, ela era completamente mimada pelos pais.
— E se eu não conseguir fazer amigos, mamãe?
— Você vai, e sabe por quê?
— Por quê?
— Porque você é um von Uckermann, e nós conseguimos tudo o que queremos, filho. Nada, nunca irá parar a gente.
Disse ela enquanto arrumava a gola do meu uniforme. Eu já usava uniforme na minha antiga escola, mas nada comparado a tudo dali, era tudo de primeira classe e as minhas roupas não eram de segunda mão como costumava ser.
Depois de passarmos na sala da diretora, ela me levou para a minha sala de aula onde todos os meus futuros colegas estavam. Eles se levantaram quando ela entrou na sala.
— Bom dia classe, espero que estejam animados para o início do ano letivo. Vim apresentar para vocês o novo colega, Christopher von Uckermann. Por que não dão as boas-vindas à ele?
— Bem-vindo! — Eles disseram em uníssono.
Enquanto a diretora falava com a classe eu olhei em volta buscando por Dulce e ela estava na fileira do meio, na terceira posição e ela não pareceu contente de me ver ali.
— Por que não se senta naquela carteira vazia, Christopher?
Com um sorriso no rosto fui na direção da carteira que ficava ao lado da de Dulce. Ela revirou seus olhos e assim que fomos autorizados, nos sentamos.
— Christopher, quando um novo aluno se junta a nós, a gente se apresenta. Por que não nos conta um pouco sobre você?
Pediu a diretora e eu me levantei. Confesso que sentir tantos olhares sobre mim me deixou desconcertado.
— Meu nome é Christopher e eu moro no Bosque de Tlalpan e...
— É o novo irmão da Dulce!
Ouvi um menino falar e olhei em sua direção. Ouvi algumas risadinhas e Dulce ao meu lado resmungou.
— Não somos irmãos! — Falamos em uníssono.
— Alfonso, sem piadinhas por favor! Tudo bem, você pode se sentar, vamos começar a aula.
Me encolhi no meu canto sentindo-me um tanto deslocado, torcendo para que na hora do intervalo pelo menos um deles me convidasse para brincar.
A aula seguiu normalmente, não era o primeiro dia de aula deles, mas o meu sim porque o senhor Fernando estava tentando convencer o colégio de abrir uma vaga para mim e embora eu fosse sentir saudades dos meus velhos amigos, minha mãe disse que estudar ali, me faria um homem bem-sucedido como o senhor Fernando era.
O sino do intervalo tocou e todos os alunos saíram da sala educadamente, não como ogros como os alunos da minha antiga escola. Fiquei ali na mesa sozinho, até que uma menina voltou, ela tinha cabelos loiros e olhos azuis.
— Você não vem? Deve estar com fome.
— Eu não sei onde é o refeitório.
— Eu te mostro. — Ela deu passagem para mim. — Eu sou a Anahí, mas pode me chamar de Annie, meus amigos me chamam assim.
— Prazer!
Ela era bonita até, mas era uma garota e garotas eram apenas... garotas.
A segui até o refeitório enquanto ela falava pelos cotovelos, acho que encontrei alguém que falasse mais do que eu porque ela não parou um segundo até que nos sentamos na mesa onde alguns de seus amigos estavam e por incrível que pareça, Dulce também estava ali.
— Sério, Annie?
— Dul, não seja boba, tá? Além do mais, vocês são quase como irmãos agora, né?
— Ele nunca será meu irmão.
— Não se preocupe, eu não quero ser. — Me defendi, mas ela apenas se levantou, pegou sua bandeja com sua comida e se mudou de mesa.
— A Dulce é legal, ela só está chateada que o pai dela a deixou por vocês.
— Como assim?
— Dã! O pai dela trocou a família dela por você e sua mãe, o que acharia se o seu pai fizesse o mesmo? — Foi Alfonso quem disse isso, o mesmo que murmurou dentro da sala de aula.
— Eu não sei, eu nunca tive um pai.
Eles me olharam confusos, mas era a verdade. Minha mãe nunca me contou quem era meu pai, disse que não valeria a pena saber.
— De qualquer maneira, eu nunca quis tomar o pai dela. Ele é apenas o novo namorado da mamãe, não é meu pai.
Fora o fato de que Dulce estava me crucificando com o olhar na mesa ao lado, o intervalo até que foi legal. Conheci melhor Alfonso e Eddy, que me chamaram para uma partida de bolinha de gude enquanto as meninas brincavam no balanço. Eles me contaram que Annie e Zoraida eram as melhores amigas de Dulce, e que eles eram um grupo de amigos que faziam quase tudo juntos.
Cheguei em casa no final do dia animado, mas não mais que minha mãe que queria ouvir tudo sobre meu primeiro dia no colégio Williams.
— Foi legal, fiz novos amigos, mas são os mesmos amigos da Dulce. Ela não ficou muito feliz não.
— Por quê?
— Porque ela acha que a gente roubou o pai dela. A gente não fez isso, né?
Minha mãe soltou um suspiro e em seguida me ofereceu um sorriso. — O casamento dos pais dela já tinha acabado, filho. Você não precisa ser amigo dela se não quiser, pode ter os seus próprios amigos e está tudo bem.
— Mas e se os únicos amigos que eu conseguir fazer, forem os amigos dela?
— Isso é uma escolha deles, não dela. Acho que já está na hora dessa garota entender que nem tudo vai ser como ela quer na vida, e espero que ela entenda por bem ou por mal.
— Eu não quero que ela sinta como se eu estivesse tomando algo dela.
— Deixa isso pra lá, tá bom? Ela precisa aprender a conviver com perdas, a vida é assim. Agora vai lavar as mãos e fazer o dever de casa antes que sirvam o jantar.
Ela depositou um beijo na minha cabeça e desapareceu porta a fora. Minha mãe estava diferente, não apenas pelo fato de que nossa vida melhorou do dia para a noite, mas tinha algo nela que eu não reconhecia, mas eu sabia que ela estava certa. Dulce era uma garota mimada e eu não poderia mudar o fato de que o pai dela nos escolheu, entretanto ela também não podia me culpar por isso.
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Destinos Cruzados | VONDY
FanfictionUnidos ainda crianças pelo casamento dos pais, Dulce Maria e Christopher se veem obrigado a conviver, compartilhando uma vida em família, mas a chegada da nova irmã deixa as coisas ainda mais difíceis. Dulce é afastada da mãe por seu pai egoísta, Ch...