Sentada perto do carro eu roía minhas unhas enquanto aguardava Christopher, que já estava quase vinte minutos atrasado aparecer. Já estava escurecendo e eu estava uma pilha de nervos, destruindo toda a unha que me custou crescer. Eu vi seu carro estacionar atrás do meu instantes depois e então, sem hesitar, ele saiu do veículo e veio até mim, batendo no vidro.
— Está atrasado. — Disse na primeira chance de tive. Christopher fez uma careta.
— Desculpa, tive um imprevisto.
— Estava trabalhando?
— Não necessariamente. Está pronta?
— Pra encarar outra parte do meu passado? Não.
— Vai dar tudo certo, além do mais, sei que ela está fazendo sua comida favorita.
— Ela ainda lembra?
— Dulce, qual é, vocês eram melhores amigas, é impossível se esquecer de certo detalhe.
Depois de soltar um suspiro eu desci do meu carro. Christopher fez questão de fechar a porta e logo em seguida, segurou meu queixo e me roubou um selinho demorado.
— Você está linda, amei o cabelo ondulado.
— Você gostou? — Ele assentiu.
Eu raramente mexia no meu cabelo, passava a maior parte do tempo com ele natural, preso em um rabo de cavalo ou com tranças, mas eu quis dar uma diferenciada, além do mais, eu estava com vestindo um vestido listrado em preto e branco de manga curta e justo que contrastava com meu cabelo, batom e sapato vermelhos. Eu queria usar algo mais leve, mas eu não tinha muitas opções, a maioria das minhas roupas eram propícias para baladas ou para a luta e aquele look foi o menos estrondoso que encontrei em meu closet, pelo menos se casava com o look de Christopher, que usava um jeans escuro, sapa tênis e uma camisa social preta três dobrada até a metade do braço. Eu precisava admitir que mais do que ele ficava gostoso em looks como aquele, mas ainda assim precisava matar minha vontade de vê-lo em uma farda.
— Droga, minha bolsa.
— Deixa que eu levo pra você.
Ele a pegou no veículo e então, depois de garantirmos que tínhamos tudo, seguimos para a casa que ele havia me dado o endereço, para falar a verdade, se tratava de um conjunto habitacional fechado, com pelo menos seis casas idênticas. Não era pequenas, mas não se comparava à mansão que Anahí crescera, entretanto, parecia bem aconchegante.
Foi Christopher quem tocou a campainha e então eu grudei em seu braço, sem conseguir sentir nada além de embrulhos no estômago. Eram mais de dez anos sem vê-los e eu não sabia nem como eles reagiriam quando me vissem. Eu deveria abraçá-los, cumprimentá-los com um aperto de mão ou apenas dar um "Oi"?
Quando a porta se abriu, a primeira pessoa que vi foi Annie e eu não tive muito tempo para reparar nela, porque no instante que me viu, sua primeira reação foi me prender entre seus braços. Ela era tão magrinha, mas me abraçou com uma força que sequer me permitiu me mexer.
— Eu senti tanto a sua falta, Dul.
Ela se afastou, seus olhos estavam encharcados e seu rosto molhado. Annie me segurou pelos ombros e me encarou, como quem queria ter certeza de que quem estava ali era mesmo eu e não apenas um dublê.
— Você está tão linda, olha só pra você. — Ela continuou, então enxugou os olhos. — Droga, eu amei seu cabelo vermelho, combina muito com você.
— Obriga. — Agradeci, completamente sem graça.
— Vem, vamos entrar, a comida já está quase pronta.
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Destinos Cruzados | VONDY
FanfictionUnidos ainda crianças pelo casamento dos pais, Dulce Maria e Christopher se veem obrigado a conviver, compartilhando uma vida em família, mas a chegada da nova irmã deixa as coisas ainda mais difíceis. Dulce é afastada da mãe por seu pai egoísta, Ch...