CAPÍTULO VINTE E OITO - DULCE

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Com todo cuidado do mundo Tony me ajudou a descer da maca enquanto o médico, ainda contrariado, dava instruções de como eu deveria tratar do meu ferimento nos próximos dias. Eu não fazia ideia de como Tony conseguiu convencê-lo de me deixar ir embora, mas ele o fez e eu estava feliz de não ter que passar uma outra noite ali.

— Lembre-se de tomar o antibiótico de doze em doze horas e se perceberem que está piorando, não hesitem de voltar ao hospital.

— Tá bom. — Respondi. Eu não queria ter que tomar, mas desta vez eu tinha um motivo para tentar me livrar daquilo o mais rápido possível.

Foi Tony quem assinou a minha alta na recepção e depois de passar para comprar minha comida favorita, me levou pra casa. Fiquei em silêncio durante a viagem, mas embora minha voz não dissesse nada, minha mente estava desfreada.

— O que tá rolando? Por que você está tão calada?

— Eu sou calada.

— Não, você não é. E antes que fale que está com dores, lembre-se que eu te conheço muito bem.

Eu ri de nervoso, não conseguiria esconder dele por muito tempo. — Eu preciso de um favor seu.

— O quê?

— Preciso que alguém viole o tumulo da minha mãe.

— Oi?

— Eu sei, é um pedido insano.

— Dulce, não é só entrar no cemitério e desenterrar alguém.

— Eu não vou conseguir o aval para a exumação.

— Isso foi há tanto tempo, o que está rolando.

— Eu preciso ter certeza de que o corpo dela está lá dentro.

— Como assim?

— Você pode achar que estou louca, mas eu preciso disso.

— Dulce, eu não posso violar o túmulo da sua mãe, mas acredito que consigo o aval pra você fazer isso de forma legal.

— De verdade?

— Sim. E eu não sei se vou questionar, se você está pedindo depois de tanto tempo, é porque tem motivo.

— Sim, eu tenho, mas por favor, não conte a ninguém o que estou fazendo. Muito menos ao Christopher.

Tony estacionou em frente a casa, mas não saiu do veículo no primeiro instante. — Eu preciso te contar uma coisa.

— O quê? Aconteceu alguma coisa?

— Ontem, depois que o Christopher levou você pro hospital, sua irmã entrou no quarto e abriu todos os presentes.

— ELA FEZ O QUÊ????

Foi impossível eu não me alterar. Como assim? Qual era o problema daquela garota?

— Eu vou matar essa garota. — Falei entredentes já abrindo a porta do carro.

— Você não vai, tá bom? Primeiro que ela não tá aí.

— Ela foi embora?

— Parece que o Christopher a tirou da casa.

— Ótimo! Maravilha.

Falei saindo do carro. Tony saiu, trazendo consigo as sacolas de remédio e comida enquanto eu entrava na casa com sangue nos olhos. Quem ela pensava que era? Se existia algum resquício de dor em meu corpo, desapareceu por completo quando Tony me falou o que Alexia tinha feito, e tão rápido quanto a raiva bateu, cheguei no quarto.

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