CAPÍTULO CINQUENTA E SEIS - DULCE

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Sentei-me à mesa e fiquei ali olhando toda aquela comida enquanto minha mãe e Victor conversavam; Alexia e Christopher discutiam e meu estômago dava voltas com o cheiro forte de ovos mexidos com queijo e bacon. Minha cabeça estava dolorida, eu não estava me sentindo bem, mas desde que Christopher me pediu em casamento no meio do sexo e eu aceitei, eu estava com o nível de ansiedade a mil. Se antes eu estava com dificuldades para dormir, agora eu estava dez vezes pior e como de costume, eu não tinha conseguido pregar o olho a noite inteira enquanto Christopher roncava como quem tinha engolido um porco vivo ao meu lado.

— Para de reclamar e come logo, tem sorte que eu vou te dar carona hoje.

— Eu não pedi que me desse. — Retrucou ela e eu revirei os olhos.

Um relâmpago repentino fez a sala clarear e em seguida veio um estrondo tão forte que o líquido dentro do copo mexeu.

— O que foi que você disse mesmo? — Christopher perguntou cruzando os braços.

— Por mim que eu nem vá na aula, se é que dá pra chamar aquele muquifo de escola.

— Não se preocupe, é aquele muquifo que você vai ter no seu currículo pro resto da vida. — Falei enquanto mexia a comida que havia colocado em meu prato. Aquilo não ia descer de jeito algum, então me contentei em tomar um pouco de suco de laranja.

— Christopher, que horas vamos no laboratório mesmo? — Perguntou Victor.

Ele parecia empolgado, a maneira como ele falava era de quem não tinha dúvidas que o sangue dele e o do cara sentado à minha direita, era o mesmo. Victor parecia legal, tive pouca conversa com ele durante os dias que ele esteve ali, mas eu senti que os seus vinte e tantos anos preso dentro daquele lugar horrível foram suficientes para ele se redimir por ter traído a esposa com aquela desgraçada da Alexandra.

Vi Christopher se levantar enquanto virava o resto de seu café na boca e então me roubar um selinho. Não tínhamos afeto algum na frente de outras pessoas, não tinha muita certeza se eles entendiam que a gente tinha um relacionamento, quer dizer, agora eu podia falar isso, mas não era como se eu me sentasse e falasse da nossa relação com alguém. Eu o olhei, ele nem pareceu ter se dado conta, fora tão espontâneo quanto o pedido de casamento inusitado que ele fez.

— Eu preciso ir, vejo você mais tarde.

— Sim.

— Alexia, se vá pegar sua mochila.

— Mas eu não terminei de comer.

— Se tivesse passado mais tempo comendo ao invés de ficar bostejando pela boca, teria dado tempo. — Falei um tanto grossa. Ela me mostrou o dedo do meio e eu fiz o mesmo para ela, agindo como uma adolescente imatura.

— Idiota.

— Eu vou lavar sua língua com sabão a próxima vez.

— Se houver uma próxima vez.

— O que quer dizer com isso? — Christopher perguntou e ela deu uma risada.

— Nada. Te vejo mais tarde, irmãzinha.

Eu a olhei se levantar enquanto tinha um sorriso nefasto em seu rosto, mas quando ela foi passar perto de mim, coloquei o pé na frente, fazendo com que ela tropeçasse e caísse. Eu não me virei para vê-la estatelada no chão, mas escutei o barulho alto de quem estava totalmente despreparada para isso. Houve um segundo de silêncio constrangedor no local enquanto ela se levantava e se recompunha.

Esperei ela se retirar da sala e me levantei, mas no mesmo instante eu senti como se tivesse saído de órbita e foi Victor quem percebeu que eu estava prestes a cair no chão. Vi num relapso ele sair de seu assento e vir me segurar.

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