CAPÍTULO QUATRO - DULCE

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Fechei meus olhos e me permiti sentir a energia da música eletrônica. Meu corpo começou a se mover, era como se de maneira involuntária seguisse as batidas e então eu dançava sozinha pela sala. Na palma de minha mão segurava um comprimido amarelo, o segundo. Eu já tinha tomado o primeiro, mas estava demorando demais a fazer efeito e eu odiava quando isso acontecia, mas sempre me esquecia de pedir que trocassem a dosagem.

Antes que eu pudesse colocar a segunda pastilha na boca, o interfone tocou, interrompendo o meu momento. Eu não costumava receber visitas sem aviso prévio e a única pessoa que tinha autorização para aparecer na minha porta sem avisar, era Tony. Ainda com a música alta fui até o aparelho que ficava na cozinha.

— O que foi? — Perguntei um tanto irritada. A música estava alta, mas não o suficiente para que algum vizinho fosse reclamar.

— O senhor Christopher está aqui.

Dei uma risada nervosa, o que ele estava fazendo ali? Já tinha uma semana desde o episódio e eu tinha deixado claro pra ele ir embora e nunca mais voltar. Eu poderia simplesmente deixá-lo plantado do lado de fora ou pedir que os seguranças dessem o jeito nele, mas involuntariamente autorizei que ele entrasse. Provavelmente o ecstasy já estava fazendo efeito, eu não tinha tanto controle de minhas ações quando isso acontecia.

Não demora muito para que ele entre, parece estar mais familiarizado com o caminho que realmente deveria e quando volto para a sala, ele está lá, dentando desligar o meu som.

— O que faz aqui?

— Por que fez aquilo? Você não é esse monstro.

— Aquilo o quê? — Perguntei confusa. Do que esse doido estava falando?

Christopher me encara, seus olhos estão furiosos, mas realmente não sei do que ele está falando. Aproximo-me dele, mas ele recua, realmente parece estar bravo comigo.

— Então vai me dizer que não tem nada a ver com o acidente?

— Acidente? Você sofreu um acidente?

— O seu pai e a minha mãe sofreram, e estão no hospital em estado grave há uma semana.

Molhei os lábios com a língua tentando conter o riso, mas uma risada me escapou. — Sinto muito, bebê, mas não tenho nada a ver com isso. Eles não merecem que eu desça ao nível deles.

— E você não vai demonstrar nenhum remoço? — Senti um pouco de raiva com aquilo, eu não tinha nada a ver com aqueles dois e não sentia nada além de ódio por eles.

— Deveria? — Virei-me para ele, então, depois de tanto tempo segurando a pastilha, eu a joguei na boca, mas não a engoli de primeira, senão, a escondi embaixo da língua. — eu posso listar a quantidade de vezes que eles me fizeram mal, ficaríamos a noite inteira aqui, mas acho que você não está preparado para ver como a demônia da tua mãe me machucou.

Aproximei-me de Christopher sorrateiramente e o puxei pela gola de sua camisa. Aproximei meus lábios dos dele e pude sentir sua respiração quente tocar minha pele. Meu coração batia forte e eu podia sentir o sangue correr por minhas veias, já fazia tanto tempo que eu não o beijava que não me lembrava que ele podia me causar esse tipo de sensação.

Christopher tinha ido ali para brigar comigo, me culpar por algo que eu não sabia nem mesmo que tinha acontecido, mas acabou se rendendo aos meus beijos e foi aí que eu passei o êxtase para ele. No susto ele engoliu e então se afastou me olhando.

— O que você me deu?

Pousei meu dedo indicador em seu lábio. — Shh, apenas aproveite o momento, vai passar mais rápido que você possa imaginar.

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