Sentei-me na beirada da cama e fiquei observando Dulce dormir apenas enrolada no lençol. Na noite anterior, ela me tentou até que eu caísse em seu jogo de sedução, mesmo eu tentando me desviar por saber que ela tinha acabado de chegar do hospital por causa de uma ferida infeccionada. Dei uma risada fraca, pensando como era possível alguém ignorar tanto a dor até mesmo para poder transar.
— Dul? — Chamei-a, mas ela apenas se moveu, escondendo o rosto no travesseiro. — Amor, acorda.
— O que foi? — Perguntou. Sua voz estava rouca e saiu um tanto manhosa.
— Preciso garantir que tome seu remédio para eu ir trabalhar.
— Mas já? Está tão cedo, nem clareou ainda.
— Eu sei, mas meu dia vai ser longo.
— Depois eu tomo.
— "Nananinanão", vai tomar agora.
— Não confia em mim?
— Mentiria se dissesse que sim. Vai, só vai levar dois segundos.
— Chato!
— Eu também te amo.
Dulce se sentou na cama, seus olhos mal se abriram, mesmo assim entreguei a ela os comprimidos e o copo de água. Eu ri quando ela tomou e abriu a boca para me mostrar que não estava fingindo, como se eu fosse realmente conferir.
— Boa garota. — Curvei-me para a frente e roubei-lhe um selinho demorado. — Eu volto no final do dia, não hesite em me ligar caso haja alguma emergência.
— Tá bom. Boa noite.
Ela voltou a se deitar, aninhando-se embaixo do cobertor. Eu queria muito ficar ali com ela, poder cuidar, mas o meu dia estava literalmente apenas começando. Antes de ir trabalhar eu precisava ir ver Zoe no hospital, garantir que ela e o bebê estivessem bem e entre o hospital e o trabalho, eu precisava ir até a casa de Annie, garantir que Alexia não tivesse dado a louca e quebrado a casa inteira. Eu ignorei todas suas chamadas na noite anterior, porque sabia que ela ia pedir que eu levasse suas coisas, mas o problema era que não tinha restado coisa alguma para eu levar pra ela.
Antes de sair de casa eu deixei uma bandeja de café da manhã no quarto, para que Dulce pudesse comer na cama mesmo e então eu saí. Estava começando a clarear, o trânsito ainda estava leve, mas nas maiores avenidas, motoristas impacientes buzinavam como se estivessem correndo contra o fim do mundo.
Quando cheguei no hospital, Zoe estava acordada assistindo TV. Ela estava sozinha, não havia o menor sinal de seus pais ali.
— Bom dia, não pensei que já estaria acordada.
— Eu dormi cedo. — Ela sacudiu os ombros.
— Como se sente?
— Entediada! Não tem nada pra fazer aqui, esses canais estão chatos. Quero meu trabalho, Christopher!
Dei um sorriso fraco indo até ela, cumprimentando-a com um beijo no roso. — Como posso te ajudar?
— Não pode.
— Zoe... eu... eu sinto muito.
— Não é sua culpa. Tenho histórico de pressão alta na família, isso poderia acontecer.
— De qualquer maneira, me sinto mal. Toda essa situação.
— Christopher, eu não quero falar sobre isso, tá bom? Já bastou meu pai me enchendo o saco. — Ela revirou os olhos.
— Deixa eu adivinhar: ele estava falando de casamento.
— Ele falou alguma coisa com você?
— Sim, mas eu cortei logo. — Saltei e me sentei na beirada da maca. — Como eu já disse, você e o Chris tem todo meu apoio, vou ser um pai presente e vou dar o amor que ele merece, mas não é justo que eu me case com você só por causa dele.
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Destinos Cruzados | VONDY
FanficUnidos ainda crianças pelo casamento dos pais, Dulce Maria e Christopher se veem obrigado a conviver, compartilhando uma vida em família, mas a chegada da nova irmã deixa as coisas ainda mais difíceis. Dulce é afastada da mãe por seu pai egoísta, Ch...