CAPÍTULO TRINTA E NOVE- CHRISTOPHER

271 38 36
                                    

Estendi a mão para Dulce e ela hesitou por um momento. Eu queria muito que ela conhecer meu filho, talvez fosse um dos meus maiores desejos, mas não queria forçá-la a isso.

— Tudo bem se não quiser, eu vou entender.

— Eu só... — Dulce soltou um suspiro e arrumou o avental.

Eu odiava aquele monte de proteção que faziam a gente usar, mas pela saúde dos bebês dentro da UTI, aquilo era necessário.

Dulce pegou minha mão e a apertou, então eu soube que ela estava pronta. Eu abri a porta e então a imagem do interior nos foi revelada. Algumas incubadoras estavam ocupadas com bebês em diversas situações, mas nenhum bebê ali era tão pequeno quanto Christopher.

Zoe estava ali e para minha surpresa, segurando nosso filho no colo. Havia uma equipe de enfermeiros de prontidão enquanto ela segurava aquela coisa minúscula em seus braços. Christopher era tão pequeno, tão frágil, a impressão que tinha era que seus ossos se quebrariam com o mínimo movimento.

— Meu Deus, ele é minúsculo, Chris.

— Sim. Vem, vem conhecer ele.

Eu vi nos olhos de Dulce o desespero, compaixão, talvez. Seus olhos estavam úmidos e tristes, mas ela não chorou. Dulce se aproximou comigo, mas não chegou tão perto.

— Ei! — Zoe me viu ali e me ofereceu um sorriso triste.

Eu tinha contado a ela que iria precisar viajar, falei o motivo, mas não a localização e muito menos que essa viagem trazia riscos, eu não queria preocupá-la. Apesar de tudo, ela entendeu e me apoiou. Eu depositei um beijo na cabeça dela e depois um na cabeça do bebê. Ele estava imóvel, sentindo o calor direto da pele da mãe, aconchegado ali como um pacotinho de amor.

— A Dulce veio conhecer nosso filho.

— Oi Dulce, seja bem-vinda.

— Oi. Como você está? — Dulce parecia mais incomodada que Zoe.

Eu cheguei a pensar que Zoe traria problemas, mas ela se mostrou bem madura com relação a Dulce. Em momento algum ela cogitou que ficássemos juntos pelo nosso filho e aquilo me trazia um pouco de paz, mas Dulce não parecia sentir o mesmo e eu também a entendia.

— Levando. Eu vou pra casa hoje, mas vou ter que vir aqui duas vezes por dia.

— Você vai conseguir locomover?

— Minha irmã chegou de Guadalajara ontem, ela vai ficar comigo até o Christopher voltar.

— A sim. E como ele está?

— Ainda na mesma. Não pode respirar sozinho ainda, e não consegue segurar calor por muito tempo.

— Eu estou torcendo pra ele sair logo daqui, de verdade.

— Obrigada!

Zoe ficou apenas mais um tempinho com nosso filho e então, depois de muita insistência, conseguiram me convencer de segurá-lo também. Meu estômago doía com a possibilidade e quando finalmente colocaram ele sobre meu peito, eu travei. Eu não conseguia me mexer, temendo machucá-lo ou deixá-lo cair dos meus braços e eu mal conseguia ver aquela coisinha tão pequena abaixo do meu queixo, não apenas pelo tamanho, mas porque eu estava chorando feito uma criança.

Dulce só se aproximou realmente depois que eu estava com Christopher nos braços. Ela parou do meu lado e deu um beijo no meu rosto, depois enxugou minha lágrimas.

— Ele se parece com você.

— Dulce... — Eu dei uma risada fraca, não dava para falar com quem ele se parecia, ainda não.

Destinos Cruzados | VONDYOnde histórias criam vida. Descubra agora