CAPÍTULO QUARENTA E DOIS - DULCE

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Depois de passar tanto tempo embaixo do chuveiro, me vi obrigada a sair quando alguém bateu na porta. Enrolei-me no roupão sem me secar direito e fui abrir a porta, era Tony, trazendo consigo uma sacola do restaurante do hotel.

— Bom dia!

— Só se for pra você.

— O que houve agora? — Tony olhou por cima do meu ombro, provavelmente procurando Christopher. — Está tudo bem?

— Não, não está. Eu não consegui pregar o olho a noite inteira, a cama estava quente demais para mim e não consegui encontrar uma posição confortável e aconchegante para eu conseguir dormir.

Tony fez um biquinho enquanto me ouvia reclamar. — O Christopher saiu?

— Ele foi embora.

— Oi? Como assim? Vocês brigaram?

— Não. Ele foi embora ontem à noite, o filho dele não resistiu.

— Oh... eu sinto muito.

— Eu queria tanto estar lá com ele agora.

— Mas não pode ir e deixar sua mãe aqui.

— Eu sei, e ele entendeu isso.

— Falou com ele de manhã?

— Falei sim, ele está arrasado, não quis conversar direito e eu entendo. — Tony me abraçou e deu um beijo na minha cabeça.

— De qualquer maneira, trouxe seu café da manhã.

— Eu não estou com fome.

— Mas vai tentar comer, tá bom? Eu sei que está estressada, que seu apetite quase não existe, mas ficar sem comer não vai resolver todos os seus problemas.

Revirei meus olhos, ele falava como se perder o apetite e ter vontade de vomitar qualquer comida fosse opção minha.

— Eu preciso ir ver se minha mãe acordou bem.

— Você pode ir depois que comer.

— Preciso de sua autorização, é?

— Hurrum! Vem, vamos comer lá dentro, eu trouxe pra você e pro seu cara lá.

— Meu cara. — Dei uma risadinha me afastando de Tony. — Tá tentando mimar ele também? Ele não gosta de homens.

— Nem eu, mas aqui entre nós, o cara tá bem abalado também.

— Ele falou algo com você?

— Não exatamente. Christopher não é o cara mais comunicativo.

— Olha que legal, parece você!

— E você!

— Pois somos três seres não comunicativos, cheios de problemas e prestes a explodir. Quem surtar primeiro, ganha uma caixa de chocolates!

— Bobinha!

Tony não me deu escolha e não saiu do meu pé enquanto eu não dei a primeira garfada naquele omelete cheio de queijo e legumes. O sabor estava pesado, eu até gostava daquela receita, entretanto, tinha queijo demais. E o bacon que o acompanhava estava frito demais. Uma primeira garfada foi suficiente, aquela coisa ficou na minha boca, correndo de uma lado para o outro como se estivesse evitando passar para minha garganta e quando eu forcei para engolir, senti o líquido quente e amargo subir do meu estômago.

Coloquei a mão na boca evitando vomitar por todo o trajeto até o banheiro e então devolvi tudo para o vaso sanitário. Tony veio atrás de mim, mas quando ia começar a falar alguma coisa, bateram novamente na porta.

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