Sentei-me na cadeira e fiquei esperando que o programa de computador encontrasse algum rosto que batesse com o nosso suspeito. Na mesa ao lado, Poncho relia relatórios do legista enquanto tentava encontrar alguma pista que tínhamos deixado escapar.
Desviei minha atenção da tela quando Gonzales entrou na sala chamando por um de nossos colegas de trabalho e eu ouvi quando ele deu ordens explícitas para que Manuel assumisse meu caso. Semicerrei meu punho sem entender, afinal, eu já estava ali há alguns dias, não era justo que me trocassem naquele momento. Poncho também não pareceu entender, a gente quase sempre trabalhava juntos, mas não mencionaram o nome dele.
— E você vem comigo.
— Porque está me removendo do caso? — Questionei.
— Herrera, você pode nos acompanhar também?
— Claro!
Nós o seguimos em silêncio, aquilo não era frequente, mas era incomum trocar o caso das pessoas na metade deles. Minutos depois estávamos dentro de um carro e enquanto seguíamos, Gonzales nos atualizou a situação.
— Houve um assassinato numa farmácia. Um homem foi aparentemente executado dentro de um carro.
— Testemunhas?
— Não, o estacionamento estava vazio na hora e ninguém ouviu nada de dentro do estabelecimento.
— Roubo? — Perguntei.
— Nada foi levado, aparentemente tudo estava dentro do carro. A vítima estava armada, mas a o tiro não saiu da arma dele.
— Câmeras? — Eu gostava de fazer perguntas, Alfonso sempre ficava calado apenas escutando e se atentando aos detalhes.
— Nenhuma até o momento.
Chegamos no local um tempo depois, eu estava um tanto ansioso, até porque se ele fez questão que eu assumisse, era importante pra ele. Quando ele estacionou, ele não destrancou a porta.
— Antes que desça, eu preciso que saiba mais algumas coisas.
— O quê?
— Tem uma pessoa desaparecida, supostamente, sequestro.
— E quem é?
— Uma mulher.
— Ligação com a vítima?
— Não se sabe, mas Christopher, eu preciso dizer que você não está aqui a trabalho.
— Como assim? Por que vim então?
— Quando ligaram pra gente, mandaram chamar exclusivamente você.
— Gonzales, o que está acontecendo? — Perguntou Poncho um tanto inquieto. Eu olhei para fora, tinha uma multidão de gente ali, além de carros de polícia, ambulâncias e bombeiros.
— A mulher desaparecida é Dulce Maria Saviñon.
E foi ali que eu vi o meu mundo desabar. Eu tinha ouvido certo? Senti minha alma sair do meu corpo, Poncho saiu do carro no mesmo instante e eu o vi ir em câmera lenta para o local do crime enquanto a voz de Gonzales ecoava na minha cabeça. Dulce havia sido sequestrada?
— Christopher? — Ele chamou tentando me trazer de volta, mas eu não estava conseguindo raciocinar.
Eu saí do carro e corri na direção da cena, espremendo-me na multidão e ultrapassando a barragem amarela. Eu vi o carro de Dulce ali, o corpo de um dos seguranças estava sendo retirado lá de dentro, tinha polícia para todos os lados. Comecei a olhar em volta em total desespero até que vi Blanca sentada em uma ambulância, um policial tentava falar com ela, mas ela estava aos prantos.
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Destinos Cruzados | VONDY
FanfictionUnidos ainda crianças pelo casamento dos pais, Dulce Maria e Christopher se veem obrigado a conviver, compartilhando uma vida em família, mas a chegada da nova irmã deixa as coisas ainda mais difíceis. Dulce é afastada da mãe por seu pai egoísta, Ch...