Desliguei o celular e o guardei no bolso a fim de me livrar daquelas chamadas insistentes de Alexia. Estava tarde e o silêncio na sala de espera me incomodava. Eu queria poder passar a noite no quarto com Zoe, mas o horário de visita a pacientes internados na UTI era limitado e tudo que me restou foi ficar ali fora esperando a noite inteira naquelas cadeiras desconfortável pela hora do parto.
Eu poderia, ou melhor, deveria ter ido para a casa, mas não estava minimamente a fim de gastar a pouca energia que me restava discutindo e explicando a Alexia o que Dulce havia feito com o pai delas, decisão essa, que eu tomei e assinei o termo.
Fechei meus olhos por alguns minutos, eu queria conseguir dormir, mas minha mente estava sobrecarregada demais para que eu conseguisse relaxar. Era tanta coisa junto que eu não estava sabendo administrar: Dulce com sua vingança e todos os seus problemas psicológicos, minha mãe que por ser a minha mãe, eu ainda tinha esperanças de que ela fosse se redimir por tudo que aprontou nos últimos anos, Alexia que parecia mais um peso do que uma pessoa que estava prestes a ir para a faculdade, e de quebra o fato de eu não saber se Zoe e meu filho chegariam vivos no final da manhã do dia seguinte.
— Que droga! — Resmunguei!
Eu não estava preparado para receber Christopher nos braços, se é que eu conseguiria segurá-lo, já que ele era pequeno demais para que alguém pudesse manuseá-lo. Na última semana a existência do bebê era o que estava me mantendo mais calmo, foquei completamente em preparar o quarto dele e agora eu temia que ele sequer iria entrar nele algum dia, era como se no fundo eu sentisse que ele estava apenas numa breve passagem nessa vida.
Uma lágrima escorreu por meu rosto e eu a enxuguei de prontidão. Aquilo me trazia um sentimento ruim, e por mais que eu não o conhecesse, eu já o amava e queria ser uma parte incondicional de sua vida. Na última semana eu imaginei como seria segurá-lo pela primeira vez, como seria brincar com ele ou ouvi-lo me chamar, mas naquele momento todas essas memórias inventadas por mim, já não pareciam mais fazer sentido.
A noite passou lenta, e pela manhã eu consegui ver Zoe antes de a levarem para a sala de cirurgia. Ela estava exausta, a palidez em seu rosto, as olheiras causadas pelo choro constante, o medo estampado em sua face.
Pela situação deixada, o médico não permitiu que eu ficasse lá, mas me deixaram no corredor, onde, ao lado dos pais dela, vivi os minutos mais longos e tensos da minha vida. Eu andava impacientemente de um lado para o outro, olhava para o relógio no meu punho a cada dois minutos, ansioso para que os dois saíssem bem daquela sala. Foi quase uma hora até o médico aparecer no corredor. Eu o vi tirar a máscara, mas não pude decifrar sua afeição.
— E aí doutor? Como os dois estão? — Perguntei ansioso.
Os pais de Zoe se posicionaram ai meu lado, eles não tinham dito nada até então, mas sabia que estavam tão nervosos quanto eu.
— A Zoe está bem. Conseguiu passar por toda a cirurgia estabilizada.
— E o bebê? — Perguntou o pai dela. Não é que ele e a esposa não amassem a filha, mas eles estavam chateados com a decisão dela e eu tinha medo de como eles iriam reagir com ela, caso algo desse errado.
— Vamos prepará-lo para a UTI Neonatal. A situação é delicada, ele ainda é muito novo, vai precisar ficar aqui um tempo e sem os exames adequados, não posso afirmar nada.
— Eu posso vê-los? — Pedi. Parte de mim estava aliviado, mas havia uma parte mais interna que estava desesperado.
— Assim que estiverem prontos.
E lá se foi mais um longo período de espera e quando finalmente estavam prontos, não foi preciso eu insistir ver Zoe antes dos pais, já que apenas uma pessoa era permitida por vez. Ela estava lá na maca, olhando na direção de um objeto qualquer, sua mente parecia vagar longe.
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Destinos Cruzados | VONDY
ФанфикUnidos ainda crianças pelo casamento dos pais, Dulce Maria e Christopher se veem obrigado a conviver, compartilhando uma vida em família, mas a chegada da nova irmã deixa as coisas ainda mais difíceis. Dulce é afastada da mãe por seu pai egoísta, Ch...