CAPÍTULO QUARENTA E CINCO - CHRISTOPHER

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Na semana que se seguiu tudo estava meio pesado. Ter Alexia de volta morando com Dulce foi muito estranho, porque até o primeiro fim de semana, o qual nós a proibimos de sair de casa, ela estava virada no capiroto, gritando com todos, batendo portas e muito irritada porque a estávamos mantendo ali, mas depois no decorrer da semana ela se transformou em alguém que, apesar de trazer algumas horas de paz, me assustava. Ela estava calada, tudo que ela nos respondia era na base da gentileza, mas em total ironia.

Dulce não dava a menor atenção à ela, o que já era de se imaginar. Apenas ditava regras e não argumentava quando Alexia estava insatisfeita, ao contrário de Blanca que apesar de não avançar na direção dela, estava sempre na defensiva, pronta para defender a filha. Dulce também estava distante. O desaparecimento de Tony sem mandar nenhuma notícia a estava corroendo, mas pelo menos eu a vi passar algum tempo com Annie, como se finalmente fossem voltar a amizade de antes. Sabia que elas estavam fazendo algo, mas eu não quis me intrometer, desde que Dulce estivesse bem, eu estava feliz com isso.

Meu tempo de luto no trabalho acabou e eu precisei voltar, e com isso comecei a ficar menos dentro de casa. Pelo fato de ser chamado para depoimentos por causa de toda a situação, eu acabava tendo que cobrir horários, e sempre chegava tarde quando apenas Dulce estava acordada, muitas das vezes tentando descontar a tensão do saco de pancadas que ficava no porão. Desta vez quando cheguei eu fui direto pra lá, Dulce estava lá, mas estava sentada no chão em completo silêncio.

— Dul?

— Oi.

— Está tudo bem?

— Acho que sim.

— Acha?

Fui até ela em me sentei à sua frente. Seus olhos estavam úmidos, mas ela não estava chorando, parecia estar se segurando.

— O que foi?

— O advogado me ligou hoje.

— Aconteceu alguma coisa?

— Ele disse que provavelmente vão argumentar sobre eu ter tanto dinheiro se na teoria eu não trabalho. Os advogados de defesa da sua mãe querem ter certeza que eu não falsifiquei provas do roubo do meu próprio dinheiro.

— Como assim?

— É a minha assinatura lá, Christopher. Quer dizer, é difícil provar que não fui eu que assinei.

— Mas é simples, é só provar que o dinheiro não veio da sua conta.

Dulce deu uma risada fraca. — Christopher, de onde vem o meu dinheiro?

— Das suas lutas e... — eu me calei como se minha mente estivesse sido atualizada. — Oh, droga.

— A bomba vai estourar para o meu lado também, eles vão me investigar.

— Dul...

— Posso te pedir uma coisa?

— O quê?

— Se me prenderem, você cuida da minha mãe?

— Você não vai ser presa.

— Eu não tenho tanta certeza disso. — Dulce tirou as luvas e enxugou o canto dos olhos. — Eu também fiz coisas erradas, talvez eu precise pagar por elas.

— A gente não vai parar de lutar, tá bom?

Como policial eu reconhecia a situação, mas não era como se eu quisesse aceitar isso. — Eles marcaram o dia da primeira audiência.

— Quando é?

— Daqui há quinze dias.

— Vai dar tudo certo, tá bom? Eu estou com você.

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