O suor escorria pela lateral do meu rosto, a parte de trás das minhas mãos ardiam, a pela já estava sensível de tanto atrito contra o saco de pancada, o qual estava recebendo golpes meus por quase uma hora. Eu já tinha perdido as contas de quantos eu tinha trocado no decorrer dos anos e aquele parecia estar prestes a se romper.
Cansada, eu parei e me deitei no chão. Fiquei olhando para o teto, minha vontade era de gritar, mas eu não queria acordar Christopher. Não depois dos seguranças quase matá-lo. Como ele havia me encontrado depois de tanto tempo?
Depois de um tempo enchendo-me de perguntas eu fui tomar um banho e depois do banho, peguei um copo de café e fui me sentar na poltrona de frente para a cama em que eu havia pedido que o deitassem. Ele estava tão diferente, seu cabelo estava raspado, não sabia dizer se estava ficando calvo ou se simplesmente aquele foi o estilo que ele havia adotado para si, mas ele estava incrivelmente sexy, mesmo com seu rosto inchado e cortado pelos socos que havia levado. Seus músculos haviam crescido, uma barba rala cobria seu rosto dando a ele uma aparência bem mais madura.
Demorou um tempo até ele despertar, mas eu estava ali o tempo todo. Ele mal se mexeu na cama, talvez a dor estivesse falando mais forte.
— Você quer tomar um banho?
Como quem parecia ter se esquecido o que havia acontecido, Christopher se sentou. A careta de dor casou-se com ele apalpando seu abdómen, provavelmente o local mais afetado. Christopher me encarou, eu tinha limpado um pouco do sangue em seu rosto, mas não queria despertá-lo, então parei.
— Dul...
— Tem toalhas limpas no banheiro, estarei na cozinha. Sua arma e sua carteira estão lá embaixo também.
Levantei-me e saí do quarto. Christopher parecia desnorteado, ele não sabia onde estava e parecia confuso com o que tinha acontecido.
Eu desci e fui direto para a cozinha. Deixei meu café de lado e me servi com uma taça de vinho, acredito que naquele momento, o álcool faria muito mais sentido que a cafeína. Apoiei-me na bancada e fiquei ali, esperando que ele descesse. Tanta coisa tinha acontecido na minha vida nos últimos anos, as pessoas com a qual eu me relacionava, as coisas com a qual eu me mexia e tudo que era relacionado a mim eram o que tinha me mantido de pé. As poucas vezes que subi no ring para lutar, foram em momentos de fúria que surgiam repentinamente, mas eu sempre estava treinando, lutar me acalmava, era a base da minha vida, entretanto, sabia que o que fazíamos ali, não era legal.
O tráfico de drogas ali dentro, embora não fosse meu departamento, era descarado e por mais que eu não negociasse, acabei me vendo presa e usuária de maconha, cocaína, LSD e ecstasy. Cheguei a usar heroína, mas não cheguei a me viciar.
— Onde estamos?
Christopher perguntou, apertei a taça entre meus dedos e então tomei um gole da minha bebida. — Na minha casa.
— Então você está mesmo bem?
Ele se aproximou, parecia sentir dor com o simples fato de caminhar. Agora ele estava sem camisa e pude notar os músculos em seu abdómen. — Quer beber alguma coisa? Talvez ajude com a dor.
— No que você se meteu, Dulce?
— Eu quem pergunto. Polícia? Sério mesmo?
— É a única maneira que eu consegui para te encontrar.
Eu o olhei por um instante, Christopher estava acabado, mas eu ainda temia por sua vida. Ele encontrou nosso local e eles sabiam que ele era policial.
— Você precisa ir embora, Christopher.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Destinos Cruzados | VONDY
FanfictionUnidos ainda crianças pelo casamento dos pais, Dulce Maria e Christopher se veem obrigado a conviver, compartilhando uma vida em família, mas a chegada da nova irmã deixa as coisas ainda mais difíceis. Dulce é afastada da mãe por seu pai egoísta, Ch...