CAPÍTULO DEZ - DULCE

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Sentada no fundo da piscina observo as pequenas bolhas que se formam com o ar que aos poucos saem da minha boca subirem em direção à superfície. Eu tinha levado muito tempo para aprender essa técnica e quando estava estressada, depois da luta, esse era um dos métodos que eu encontrava para acalmar minha mente que funcionava com maior sucesso.

Fiquei alguns segundos ali, pensando que toda minha zona de conforto da última década estava começando a desmoronar. Christopher voltar a aparecer nunca esteve nos meus planos e embora eu ainda não quisesse contato com o meu passado, eu simplesmente não conseguia me ouvir quando dizia para ele não voltar, então, por que ele me escutaria?

Era fim de tarde, o sol já estava se ponto e quase não aquecia mais o jardim no fundo da minha casa, entretanto, o que restara do verão ainda deixava a sombra quente suficiente para eu me refrescar na piscina, que eu não usava há algum tempo.

Olhei para cima, eu podia ver parado na borda, uma silhueta. Os movimentos, apesar de eu não poder ver precisamente, entregavam que a pessoa estava tirando a roupa e não demorou muito para que entrasse na água e aos poucos que mergulhava na minha direção eu vi o rosto de Tony se formar. Ele apontou pra superfície e eu assenti, então ele me estendeu a mão e juntos nadamos de volta para fora da água. Tirei o excesso de água do meu rosto e voltei a respirar, permitindo que meus pulmões tivessem oxigênio frescos.

— Você sabe que eu odeio quando você faz isso.

— E eu já te disse que não vou parar de fazer. — Rebati, indo na direção da escada, Tony me seguiu.

— Você tá bem? Não foi hoje e nem atendeu seu celular.

— Ah, eu não estava a fim.

— E a luta? É daqui há uma semana, você precisa treinar mais.

— Eu estou treinando, ou acha que esse roxo no seu olho chegou aí da noite para o dia?

— Você está mal-humorada, o que está acontecendo? É o playboyzinho te atormentando? Já te disse que posso dar um jeito nele.

Dei uma risada fraca enquanto me enrolava numa toalha que estava pendurada na espreguiçadeira. — Tony, deixa o Christopher em paz tá bom?

— Você está estranha. Desde que esse cara apareceu você...

— Eu sei, eu sei que estou diferente, não preciso que me lembre disso, mas agora me diz, o que vai fazer hoje à noite?

Eu entrei na casa, deixando alguns respingos para trás. Tony me seguia sem que eu precisasse pedir e instantes depois estava nos servindo com um pouco de whisky.

— Acho que vou naquela balada, preciso vender uma mercadoria hoje.

— Algo novo?

— Não. A mesma que você tem.

— A sim.

Não que eu tivesse muita sobrando, usar ecstasy nos últimos dias estava sendo uma válvula de escape durante as noites, mas ele não precisava saber disso. Tony tomou um gole da bebida que dei a ele e enquanto isso eu fui procurar algo para fumar. Eu ainda me lembrava de como fiquei a primeira vez que usei e de como eu odiei o cheiro, mas depois de um tempo eu já tinha me acostumado com ele e quase não sentia.

— Você quer um?

— Não, obrigada. Você quer ir comigo hoje?

— Por que não?

— Te pego aqui às dez então?

— Hurrum! Quer comer alguma coisa?

— Não, acabei de comer.

Destinos Cruzados | VONDYOnde histórias criam vida. Descubra agora