CAPÍTULO UM - CHRISTOPHER

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O barulho do telefone me despertou, mas eu estava cansado e me recusava a atender

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O barulho do telefone me despertou, mas eu estava cansado e me recusava a atender. Era final de semana e depois de uma semana comprida de muito trabalho, eu só queria aproveitar minhas noites e descansar durante todo o dia.

— Ucker, o telefone. — Senti a mão de Zoe tatear minhas costas nuas. — Vai atender.

— Deixa tocar.

— Mas eu quero dormir. — Sua voz saiu chorosa.

Irritado eu me levantei. O telefone ficava na sala e por um lapso tive vontade de jogá-lo pela janela, mas eu o atendi.

— Espero que seja muito urgente para me ligarem à essa hora da manhã.

— São meio-dia, zé ruela, acorda. A noitada foi boa, hein! — Reconheci a voz de Alfonso rapidamente, ele sempre tinha um humor que eu não tinha, principalmente pela manhã.

— O que aconteceu? Você sabe que estou de folga hoje.

— Sim, mas vai querer ouvir o que tenho a dizer.

— Desembucha logo.

— Temos um provável endereço.

— De quê?

— Dela.

— Dela, quem?

— Dulce.

Por um momento meu corpo travou, eu buscava por ela há anos, na verdade, desde que ela saiu pela porta de casa nunca deixei de buscar por ela. Fotos nos jornais, avisos em rádios nunca foram suficientes para trazê-la de volta e por mais que muitos tentassem me fazer desistir de ir até ela, meu subconsciente nunca permitiu. Para muitas pessoas, só haviam duas respostas possíveis: ou ela estava realmente bem escondida sem querer ser encontrada ou poderia estar morta e eu me recusava a acreditar na segunda opção, sempre me recusei.

— Tá aí cara?

— Tem certeza disso?

— É uma possibilidade, e aí? Vamos lá?

— Onde é?

— Anota aí.

Peguei o primeiro papel que alcancei e uma caneta e então comecei a anotar o endereço que ele me passou.

— Te pego aí?

Observei o endereço, não era uma localização muito segura, por um momento pensei no que ela poderia estar fazendo ali e até tremi pensando em possibilidades ruins. — Não precisa, eu preciso fazer isso sozinho.

— Você não vai...

— Sim, eu vou e você precisa trabalhar. Tchau.

— Um obrigado seria bem-vindo.

— Depois a gente conversa.

Coloquei o telefone no gancho e em passos largos fui para o banheiro. Enquanto a água caía sobre minha cabeça um filme dos meus últimos anos passavam em minha mente. A memória de Dulce indo embora parecia mais recente do que realmente era, mas a maneira como Fernando e minha mãe lidaram com o fato de uma garota de dezessete anos fugir de casa de madrugada e nunca mais voltar, ainda me assombravam. Fernando praticamente resolveu fingir que nunca teve Dulce como filha e minha mãe, parecia contente demais por ter se livrado dela. Se não fosse Tysha e Enrique, nem mesmo a polícia tinha sido acionada. Dulce era menor, e mesmo que pensasse já ter idade suficiente para resolver seus próprios problemas, para decidir sua vida, não deveríamos deixar isso acontecer, mas nunca conseguimos descobrir uma pista sequer sobre ela e todas as pessoas que ligavam dando falsas informações por causa da recompensa, eram sempre fraudes.

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