A dor em minha cabeça parecia constante nos últimos dias. Eu não fazia ideia de como faria para lidar com tanta dívida que não era minha. Eu poderia simplesmente ignorar, mas eu não era esse tipo de ser humano. Fernando ajudou a mim e minha mãe a vida inteira, Alexia, por mais mimada que fosse ainda era menor e minha irmã e minha mãe... era minha mãe e eu não poderia deixá-los na rua.
Como imaginei, não deram muitos dias para que esvaziássemos a casa então não me restou muitas opções senão, com autorização de um advogado, começar a vender alguns pertences. Alexia continuou morando comigo e enquanto os dois não recebessem alta do hospital, seguiria assim. Minha mãe se recusava a me ver, ela estava me odiando por literalmente salvar a vida dela com uma opção que eu nem mesmo queria e Fernando, ainda estava inconsciente na terapia intensiva.
— Alexia, você já terminou de guardar suas coisas? — Perguntei entrando no quarto.
Ela estava deitada em sua cama, com um fone de ouvido na orelha enquanto cantarolava. Seu quarto estava uma zona e ela não estava nem perto de terminar de arrumar.
— Alexia! — Fui até ela e puxei seus fones. — Você tá esperando alguém vir e pegar todas essas coisas?
— Eu queria que a Joana estivesse aqui, não quero ter que arrumar essa bagunça.
— Sinto muito, querida, mas se precisar quebrar suas unhas para arrumar suas próprias coisas, eu não me importo. Não tem mais empregada, a partir de agora você cuida de suas próprias coisas. Eu vou lá embaixo e quando voltar, quero ver toda essa roupa dentro da mala, ou eu mesmo farei questão de doar.
Ela revirou seus olhos e então colocou de volta a música para tocar. Eu apenas saí dali buscando paciência. Fomos criados pela mesma mãe, a diferença era que eu não fui completamente corrompido por dona Alexandra e estava bem com isso.
No andar debaixo, algumas caixas já estavam empilhadas e separadas. A pilha de coisas para venda e doação era muito maior do que as que manteríamos. Dirigi-me para o escritório de Fernando, tudo ali ainda estava intocável e eu não sabia exatamente o que fazer com aquela quantidade de coisas.
Sentei-me em sua cadeira e fiquei olhando sua mesa um tanto bagunçada. Papeis demais envolvendo assuntos com o qual ele costumava trabalhar, assuntos esses que ele desejava que eu estivesse envolvido. Talvez se eu tivesse, entenderia melhor e com certeza não estaríamos indo tão baixo na ladeira.
Comecei a empilhar os papéis e a guardá-los nas pastas que encontrei. Não sabia se algum dia Fernando seria capaz de manusear tudo aquilo novamente. Guardei o que pude, juntei todas as coisas que encontrei, menos da última gaveta que estava trancada. Tentei força-la para abrir, mas sem chances e não consegui encontrar nenhuma chave ali que pudesse me ajudar. Cheguei a cogitar a possibilidade de quebrá-la, afinal, poderia haver documentos importantes ali e eu não poderia doar uma mesa com algo dentro sem saber o que era, mas quando me levantei para procurar algo que pudesse romper a madeira, meu celular tocou.
Peguei-o em meu bolso e o atendi imediatamente. Era Poncho do outro lado da linha e eu precisava ir para o trabalho, assim que apenas informei Alexia que estava saindo e fui.
Quando cheguei, ele já veio me enchendo de informações sobre o último caso que havíamos pegado. Estávamos tão perto de encontrar o assassino que eu simplesmente ignorei todos os meus problemas e me permiti afundar no trabalho. Fiquei até tarde no trabalho e somente quando Alexia me ligou, eu me lembrei que havia deixado ela sozinha naquela casa enorme.
— Eu preciso ir e você deveria ir também, não vai querer esperar as crianças dormirem pra ir pra casa, sabe que a Annie não gosta.
— Christopher, você voltou a ver a Dulce? — Poncho perguntou, aquilo me pegou de surpresa. Eu não tinha comentado com ele sobre minha última visita.
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Destinos Cruzados | VONDY
FanfictionUnidos ainda crianças pelo casamento dos pais, Dulce Maria e Christopher se veem obrigado a conviver, compartilhando uma vida em família, mas a chegada da nova irmã deixa as coisas ainda mais difíceis. Dulce é afastada da mãe por seu pai egoísta, Ch...