CAPÍTULO SESSENTA E QUATRO - CHRISTOPHER

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Enquanto observava todas aquelas caixas serem levadas de dentro da casa, não pude deixar de passar um filme de todos os momentos que estive ali com Dulce. Foram momentos ruins, tensos, mas também tivemos momentos que eu jamais iria esquecer. Tanta coisa se passou nos últimos meses, que eu não conseguia organizar meus pensamentos. Dormir mais de cinco horas por noite, era praticamente impossível, mas sabia que logo nossas vidas teriam um rumo melhor. Dulce e nossa filha iriam finalmente ter uma vida digna e longe do perigo e das drogas, nossos pais poderiam viver o romance que por anos foram impedidos mesmo vivendo sob o mesmo teto e eu daria o meu melhor, para fazer o inferno que todos eles viveram, se tornar em algo bom o suficiente para esquecerem o passado.

Guardei as malas com roupas e itens pessoais de Dulce no porta malas depois que o caminhão saiu e então coloquei a placa de vende-se no portão da casa. Não voltaríamos a viver ali e o dinheiro da casa nos ajudaria a ter um bom começo no nosso novo destino.

Depois que saí dali, fui direto até o meu trabalho, onde peguei os passaportes e passagens de Blanca e Victor. Eles iriam embora antes da gente, não queríamos chamar atenção. Uma pessoa de confiança iria com eles até Connecticut, um estado ao leste dos Estados Unidos. Eu conseguiria trabalhar na minha área em Nova York que ficaria há uma hora de distância de onde iríamos morar e ao mesmo tempo, moraríamos no subúrbio, em uma cidade mais tranquila e longe do México.

A ideia inicial era que mudássemos de nome, porém, optamos por não o fazer permanentemente, senão com os passaportes para darmos entrada no país. Dulce já tinha perdido sua memória, não precisava perder o seu nome também.

Peguei o que precisava ali e então fui até onde Blanca e Victor estavam. Os pais de Annie os hospedaram, e foi a melhor escolha que fizemos. Ainda me lembrava de como elas eram amigas, as poucas vezes que fui na casa de Dulce, ou na festa de alguma pessoa que elas estavam, elas estavam, sempre juntas.

— Boa tarde. — Desejei enquanto a empregada me dava passagem.

— Boa tarde, senhor Christopher. Eles estão todos lá no jardim.

— Obrigada.

Eu conhecia o caminho, fui bastante ali quando era criança. Como sentia falta daquele tempo em que éramos amigos, que nossa maior preocupação era nossas notas escolares.

— Olha só quem chegou. — Disse Tysha se levantando imediatamente e vindo me receber com um abraço. Como alguém podia estar sempre de bom humor? Não era atoa que Annie era tão boa pessoa. — Como está?

— Estou bem e vocês?

— Estamos bem. Você me parece cansado, qual a última vez que comeu? Quer um café?

— Claro!

— Vou pedir a Ana que te prepare algo, está muito magro.

— Não se incomode tanto.

— Bobagem! Volto já.

Ela desapareceu porta a dentro e eu me juntei a Blanca, Victor e Enrique. Cumprimentei os três e me sentei à mesa que recebia uma fraca luz do sol de final de tarde.

— Como vai por aqui? Precisam de alguma coisa?

— Que nada, eles são ótimos anfitriões. — Disse Blanca. Pude ver que Victor, ou melhor, o meu pai, acariciava sua mão por cima da mesa. Algum dia eu me acostumaria com aquilo.

— Fico feliz. Olha, as passagens e os passaportes foram emitidos. — Coloquei o envelope branco sobre a mesa na direção dos dois.

Victor o pegou e logo o abriu, já analisando os passaportes e as passagens. — Connecticut?

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