CAPÍTULO TRINTA E UM - CHRISTOPHER

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Abri meus olhos tentando entender por que eu não conseguia me mover. Dulce estava dormindo com a cabeça em meu peito como se eu fosse um travesseiro e ambos, àquela hora da manhã ainda estávamos algemados na cama, motivo pelo qual meu braço estava completamente dormente e impossível de movimentar por estar tanto tempo na mesma posição.

Olhei para o lado em busca da chave, eu precisava me libertar dali porque precisava que o sangue corresse em minhas veias ou a coisa ficaria feia para o meu lado e o de Dulce. Tateei o criado mudo de maneira que pudesse encontrá-la sem acordar Dulce, mas não obtive sucesso. Não encontrei nada além do telefone, do abajur e dos frascos de remédio de Dulce. Tentei me lembrar onde eu tinha deixado na noite anterior e arregalei meus olhos quando tive um flash de tê-la deixado no balcão da cozinha antes de subirmos.

— Puta que pariu! — Exclamei me sentando.

Dulce acordou assustada e confusa, a vi se sentar na cama, seu rosto estava amassado.

— O que foi? Tea atrasado?

— Pior do que isso, puta merda. — Comecei a olhar em volta na esperança de que aquela lembrança fosse apenas um Dejavu e eu tivesse sim levado a chave comigo.

— Chris, o que houve?

— A porra da chave não tá aqui.

— Oi? — Ela olhou para seu braço dando conta de que estávamos presos ali. — Caralho, Christopher! O que a gente vai fazer?

Tentei me soltar, mas meu punho estava inchado e ainda que forçasse, não passaria. Dulce tentou fazer o mesmo, mas assim como eu, sem êxito. Ela olhou pra mim e começou a rir, era um riso de desespero.

— Qual braço vamos ter que quebrar? — Perguntou ela tentando se recompor.

— Perdeu o juízo?

— A gente tem que sair daqui, não podemos ficar presos nessa cama até morrermos.

— Seu segurança não tá lá embaixo?

— Não dá pra ouvir nada daqui. O meu quarto tem isolamento acústico.

— Por que você tem isolamento acústico no seu quarto? — Dulce mordeu seus lábios inferiores e eu apenas soltei um suspiro. Eu não sabia bem se queria saber a resposta daquilo. — O que a gente vai fazer?

— Eu não sei. — Ela tapou a boca com a mão que estava livre e deu uma risadinha.

— Não tem graça.

— Não tem? Tem certeza disso? Olha só pra gente.

Parei para nos observar. Estávamos nus, algemados na cabeceira da cama e nossa única opção no momento seria ligar para alguém nos resgatar. Mas quem? Ligar para a emergência? Para alguém que nos conhecia? Qual vergonha seria menor?

— Esse telefone funciona?

— Sim, por quê?

— A gente tem que ligar pra alguém nos ajudar, Dulce.

— Nem fodendo. Não quero bombeiro ou polícia dentro da minha casa e bombeiros nunca vêm sozinhos. — Ergui minha sobrancelha. Eu era policial, forense, mas era. — Já basta você. — Concluiu ela vendo minha afeição.

— Tá escondendo algo?

— Isso não é uma opção.

— Mas a gente precisa de ajuda.

— Então liga pra outra pessoa, sei lá. Cadê o Poncho?

— O Poncho? Ele vai zoar a gente pro resto de nossas vidas.

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