CAPÍTULO QUARENTA E QUATRO - DULCE

261 38 116
                                    

Sentada na cadeira ao lado de Christopher eu observava a diretora séria que analisava uma pasta em sua mão, pasta essa que eu acreditava que continha todo o histórico escolar de Alexia.

— As notas da senhorita Espinosa estão abaixo da médica, não acredito que tirá-la do colégio agora é uma boa escolha.

— Eu paguei, não foi? Tenho direito de tirá-la daqui.

— O que você disse mesmo que aconteceu com a dona Alexandra?

— Não disse.

Christopher estava calado, então ela olhou para ele esperando que ele falasse. — Minha mãe está impossibilitada de tomar decisões sobre minha irmã. Segundo a leio, como irmãos mais velhos, temos responsabilidade sobre ela.

— Engraçado, ouvi rumores que vocês não têm se responsabilizado muito pela garota.

— Deveria parar de ouvir rumores. — Resmunguei.

— Ela não está bem desde que nossa mãe resolveu que não iria fazer mais nada pela família. — Conclui Christopher. — Tenho certeza que mudar um pouco pode ajudá-la.

— É... talvez. Espero que ela consiga se adaptar ao novo colégio.

— Ela irá. — Dei um sorriso falso.

Com certeza ela não iria, afinal, sair de um colégio superluxuoso e ir parar em um público não era algo que a patricinha, mimada e insuportável da filha da Alexandra estava esperando.

A gente assinou os papeis de transferência e então eu pedi que a buscassem na sala. Queria tirar ela dali imediatamente, eu tinha pressa em resolver meus problemas e ansiava pelo dia que tivesse acabado com todos eles.

Christopher e eu ficamos ali na sala num silêncio constrangedor. Eu, ansiosa pela minha vingança e ele com certeza pensando onde tinha amarrado o jegue para permitir que eu fizesse aquilo.

Quando a diretora voltou, Alexia a acompanhava e já trazia consigo sua mochila. Ela não entendeu o por que de estarmos ali e não explicamos nada a ela até que estivéssemos em meu carro. Ela só não surtou no colégio pela nossa presença por que pensou ter acontecido algo com Alexandra, mas quando eu, com todo gosto do mundo, lhe contei sobre o que estava acontecendo, ela se transformou.

— Eu não vou para um colégio de pobres.

— Ah, você vai! Nós somos responsáveis legais por você e podemos te matricular num internato se quisermos. — Falei.

— Christopher, você vai deixar?

— A Dulce pagou o seu colégio, ela tem o direito de te tirar de lá. — Sua voz saiu em um tom frio e ele não se atreveu sequer em olhar no retrovisor.

— Pagou um ova, meu pai pagou.

— Com o dinheiro que ele roubou de mim falsificando a minha assinatura. Não é engraçado? Você não é rica, Alexia. Todo o luxo que teve, foi às minhas custas, com dinheiro roubado.

— Isso não é verdade.

— Pergunta a bandida da sua mãe, ela vai te explicar melhor sobre como ela e o seu pai arquitetou tudo para me arrancar da minha mãe e roubar o meu dinheiro, aliás, eu já te agradeci?

— Agradecer? Pelo quê?

— Graças a você eu a encontrei, olha só que coincidência, não?

— Oi?

— Pois é... já ouviu o ditado "mentira tem perna curta?"

— Mas...

— Mas tudo bem, não se preocupe, cada coisa no seu devido tempo.

Destinos Cruzados | VONDYOnde histórias criam vida. Descubra agora