Desliguei o telefone e fui até Dulce, que agora se encontrava encolhida na maca enquanto tomava soro. Seus lábios ainda estavam pálidos por ter perdido sangue e a dor a deixou fraca demais, entretanto, ela se recusou a tomar qualquer remédio que pudesse aliviar. Me deu nervoso ver o médico limpar e dar pontos no ferimento sem uma anestesia sequer, e apesar de ela ter gritado, não se rendeu. Eu implorei ao médico que desse algo a ela, todavia, eu não era seu contato de emergência, e Dulce estava lúcida demais para que eu pudesse decidir algo por ela.
— Dul? — Chamei-a, mas ela não me olhou.
Aproximei-me dela e me posicionei ao lado da maca, mas Dulce ainda ignorou a minha presença. Pousei minha mão em sua testa, ela estava febril e o fato era que o ferimento tinha infeccionado. Quando o médico tirou a bandagem que eu havia feito, estava inchado e com pus, o que me fez questionar, como ela estava aguentando a dor.
— Eu sei que está brava comigo, mas se a gente não tivesse vindo, você teria ficado pior. Você precisa aceitar os antibióticos, pra gente poder ir pra casa.
— Eu não quero.
— Por quê? Dulce, isso pode acabar se agravando.
— Foi só um corte.
— Não, não foi. Além do mais, se aquele canivete tiver infectado com alguma coisa, o que vai fazer? Não sabemos a precedência dele.
— Você ainda não entendeu que eu não me importo, não é?
— Não se importa? Dulce, é a sua vida, você não pode simplesmente desistir dela assim.
Ela apenas revirou seus olhos e virou-se de costas para mim. Depositei um beijo em sua cabeça e então fui me sentar na poltrona no canto do quarto.
Enquanto ela permaneceu olhando na direção da janela, eu não pude tirar meus olhos dela. Eu queria tanto poder ajudá-la de maneira que ela não me odiasse, mas absolutamente tudo que eu fazia era motivo para que esse ódio apenas aumentasse. Eu não sabia como fazer isso, eu não podia simplesmente ceder à sua vontade e permitir que ela se afundasse cada vez mais nas drogas.
O sono me pegou depois de um tempo e acabei apagando ali mesmo, quando acordei, foi com alguém cutucando meus ombros.
— O que faz aqui? — Pergunto quando me dou conta de que quem está a minha frente é Tony. Olho atrás dele e vejo que Dulce está dormindo.
— Sou o contato de emergência dela. O que aconteceu?
— Ela piorou e eu precisei trazê-la, ela não estava nem conseguindo andar direito.
— Ela é durona.
— E isso é o que me preocupa. A gente pode conversar em outro lugar? Não quero acordá-la.
— Sim.
Certifiquei-me de que ela estava aquecida ali e então eu saí com Tony rumo à cafetaria. Pedi um copo grande de capuccino e me sentei em uma das mesas com Tony que até então, permaneceu calado.
— Eu não consigo acreditar que ela não quis anestesia ou remédio pra dor. Aquilo deve ter doído um inferno.
— Christopher, a Dulce não tomar essas coisas.
— Por quê? O que tem de errado?
— Por que você acha que ela luta?
— Pra diminuir a raiva?
— Também.
Tony deu uma risada fraca antes de tomar um pouco do seu café. — Você pode ter crescido com ela, mas não sabe nada sobre a Dulce. Não mais.
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Destinos Cruzados | VONDY
FanfictionUnidos ainda crianças pelo casamento dos pais, Dulce Maria e Christopher se veem obrigado a conviver, compartilhando uma vida em família, mas a chegada da nova irmã deixa as coisas ainda mais difíceis. Dulce é afastada da mãe por seu pai egoísta, Ch...