CAPÍTULO SESSENTA E CINCO - DULCE

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Sentei-me no gramado de frente para Julia e lancei uma bola em sua direção, logo ela jogou de volta pra mim, dando uma gargalhada gostosa. Do outro lado Anahi nos olhava enquanto tomava seu chá. Alfonso tinha ido levar Mateo na aula de futebol, então ficamos apenas as meninas ali.

Christopher não aparecia ali faziam três dias, e apesar de termos tido pouca convivência desde que acordei, eu sentia a falta dele. Sabia que logo estaríamos juntos, vivendo sob o mesmo teto e criando nossa filha, mas eu queria que ele estivesse ali.

Voltei minha atenção a Julia que agarrou novamente a bola. Uma brincadeira tão simples, mas para ela, tão pequena, parecia ser bem engraçada. Annie tinha me mostrado fotos de alguns momentos que eu tinha perdido. O casamentos deles, ela grávida, os filhos ainda recém nascidos. Tantos momentos que eu estive ausente e que eu sabia que se não tivesse decidido ir embora, teria presenciado.

Fiquei um tempinho ali com a pequena Julia, até minha coluna estar dolorida demais para ficar sentada no chão. Levantei-me com dificuldade e logo Annie veio pegar a filha no colo.

— Amor, a titia Dul tá cansada, tá? Tá vendo essa barriga redondinha? — Ela assentiu. — Sua priminho Luna está ali dentro, e ela é bem pesada. Então a tia Dul precisa descansar um pouco.

— Nenem na barriga da titia?

— Hurrum.

— Titia comeu o nenem?

Nós duas demos uma risada sincera daquela pergunta.

— Não amor, mas um dia a mamãe te explica, tá bom?

— Tá bom, mamãe. Posso assistir TV?

— Vinte minutos, combinado?

— Combinado, mamãe.

Eu vi as duas saírem e fiquei ali no jardim, mas fui me sentar numa cama de gato ali. Fiquei acariciando a barriga enquanto sibilava uma música que surgira na minha cabeça. Fechei meus olhos um instante e fiquei pensando como seria Luna. Seria ela parecida comigo? Ou teria os traços de Christopher? Eu gostava de seus olhos, um tom escuro e um olhar penetrante. Gostava de seu cabelo ondulado e castanho em tons médios. Luna seria linda se se parecesse com ela.

— Boa tarde, moça.

Abri meus olhos rapidamente, e ele tinha se materializado ali na minha frente, trazendo consigo um envelope branco e uma sacola de presente.

— Chris! — Eu me levantei rápido como pude e o abracei, como um instinto.

— Oi, princesa, como você está? Deixa eu olhar pra você, você está tão linda.

E pra ser sincera? Eu também estava me sentindo bonita. De um cabelo vermelho e raíz preta, fui a um cabelo castanho com luzes que deixou meu rosto mais iluminado, uma aparência menos desgastada.

— Você cortou o cabelo? Pintou? — Perguntou, fazendo graça e e eu dei um tapa leve em seu ombro. — Está tão linda.

— Obrigada! — Senti minhas bochechas queimarem. — Você também cortou o cabelo, não cortou? Fez a barba também.

— Estou bonito? — Assenti.

Christopher me estendeu a embalagem de cor prata. — O que é?

— Abre.

Voltei a me sentar e a abri. Primeiro tirei de dentro uma caixinha de perfume. — eu estou fedendo?

Christopher deu uma gargalhada gostosa. — Claro que não. Você usava ele quando era mais nova, talvez te traga alguma memória olfativa.

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