Desde que meu pai se casou com a mãe de Christopher as coisas ficaram piores. Minha mãe não estava em seu juízo perfeito, eu a via sorrir para mim, mas a tristeza em seu olhar, era explícita. Já fazia quase três anos desde que o papai saiu de casa e eu estava começando a entender a situação, o que não me fez gostar mais de Alexandra, que conseguiu passar os últimos meses pegando no meu pé.
A conclusão que cheguei era que ela sofria de dupla personalidade, porque quando meu pai estava perto, tentava me tratar, no mínimo, como um ser humano, mas quando ele virava as costas, era completamente diferente. Cheguei a reclamar com meu pai, mas as duas primeiras tentativas foram suficientes para saber que ele não acreditava em mim e segundo ele, era apenas birra e eu deveria dar uma chance para ela. Christopher via como a mãe me tratava, tentava me defender quando sabia que eu não tinha culpa de algo, mas ele era filho dela, jamais iria dedurar como a mãe dele me tratava e minha mãe... eu não queria perturbá-la com isso, já era suficiente vê-la em um mundo que eu não sabia se teria volta.
Com o passar do ano, a notícia que eu temia chegou e em menos de um ano de casados, Alexandra engravidou. Christopher pareceu feliz ao primeiro instante, afinal, ele teria um irmão, mas quando ele percebeu que tudo se tratava do bebê, eu o vi recuar também.
Alexandra já não dava tanta atenção à ele e até seu quarto, o segundo maior da casa, fora trocado para que as coisas do bebê ficassem lá, coisas essa que me revelaram que o bebê que esperavam, era uma menina, porque nem mesmo meu pai teve tempo para me dizer. Eu tive um pouco de sorte por não passar sete dias da semana embaixo do mesmo teto que eles, mas via como Christopher estava abandonado nos finais de semana que eu era obrigada a ir pra lá.
— Ei, você quer fazer alguma coisa?
Perguntei enquanto o via jogado no sofá, brincando com um ioiô. Christopher me olhou semicerrando seu solhos, ainda não era comum que eu o convidasse para fazer alguma coisa.
— O que você quer fazer?
— A gente pode ir ao cinema, o que acha?
— O que está passando lá?
— Não sei, mas se não tiver nenhum filme legal, a gente vai no fliperama.
— Fechado!
Christopher e eu nos arrumamos e apenas avisamos a empregada que sairíamos. Alexandra não estava em casa, passava a maior parte do tempo fora comprando coisas para a bebê, e meu pai, como sempre, só pensava em trabalho.
No cinema tinha acabado de lançar Toy Story e a decisão de assistir àquele filme fora unânime. Christopher e eu compramos pipoca, refrigerante e fomos assistir o filme. Enquanto o filme rodava, eu não pude deixar de reparar em Christopher, aquele garoto mirrado que eu costumava odiar e culpar pela minha família ser destruída, agora estava passando por um processo de abandono. Talvez fosse apenas de momento, ouvi dizer que mulheres na gravidez sempre mudavam o humor, mas apesar de saber que ele se sentia excluído, eu me senti bem em saber que ele estava comigo. Não era apenas mais o meu mundo, era o nosso.
Observei-o rir do filme, Christopher parecia estar bem interessado na imagem à nossa frente, mas eu estava ali, olhando para ele enquanto sentia meu estômago dar voltas. O que era aquilo que eu estava sentindo? De todos os sentimentos que tive nos últimos meses, aquele era novo. Foquei minha atenção ao telão, não queria perder o filme e queria afastar aquela sensação de mim.
Quando chegamos em casa, já estava anoitecendo e Christopher e eu ficamos no carro em silêncio, acho que ele também não queria entrar em casa, nosso dia tinha sido muito mais interessante do que seria o resto da noite.
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Destinos Cruzados | VONDY
Fiksi PenggemarUnidos ainda crianças pelo casamento dos pais, Dulce Maria e Christopher se veem obrigado a conviver, compartilhando uma vida em família, mas a chegada da nova irmã deixa as coisas ainda mais difíceis. Dulce é afastada da mãe por seu pai egoísta, Ch...