CAPÍTULO TRINTA E OITO - DULCE

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Soprei o café na tentativa em vão de não queimar a língua no gole seguinte. O dia estava parcialmente nublado e fazia um brisa bem fresca, o suficiente para querer me manter embaixo do cobertor por pelo menos mais 4 horas, entretanto, eu estava vivendo como se tivesse energia infinita e somente calmantes conseguiam me fazer dormir, e esse era o motivo para eu estar estacionada no há alguns metros da entrada do meu antigo colégio, ou melhor chamando, o colégio onde aquela bastarda agora estudava.

Christopher havia recebido a ligação do conselho tutelar no dia anterior, ele apenas comentou comigo, entretanto, não deixou transparecer se estava desconfiando que eu tinha ligado para fazer a denúncia. Eu não queria que Alexia voltasse para o colégio, não para estudar, mas porque estava disposta a fazê-la sofrer como ela havia feito a mim.

Fiquei ali até que os primeiros alunos chegaram. Alguns entravam, outros permaneciam na porta conversando e alguns minutos depois, eu vi Alexia chegar. Eu dei uma risada irônica vendo-a com aquela peruca vermelha. De tantas cores, ela tinha mesmo que escolher a minha cor de cabelo? Será que ela achava mesmo que poderia tomar meu lugar?

Fiquei observando seu grupo de amigos, eles elogiavam seu cabelo e ela não parecia deixar transparecer ser um cabelo falso. Dei uma olhada no retrovisor, tinha um trio de garotas se aproximando por trás, indo na direção do colégio, então abaixei o vidro do lado do carona e assim que elas chegaram na mesma direção, eu chamei por elas que de início, pareciam desconfiadas.

— Não quero assustar vocês, desculpa. — As vi olhar para a parte de trás do carro, talvez com medo de que eu as forçasse a entrar ali. — Eu só preciso de um favor, vai ser rápido.

— O quê? — Perguntou uma das garotas.

— Vocês conhecem a Alexia?

— Sim, todo mundo conhece.

— Vocês são amigas?

— Não exatamente. Ela é do grupinho das populares, não é qualquer um que pode ser amigo deles.

Revirei meus olhos e fiz uma careta de nojo. — O que acham de fazer uma grana?

— Como assim? — A garota do meio parecia bem interessada, já as outras estavam caladas.

Peguei um envelope branco no banco do motorista e entreguei pra elas. Ali havia uma quantia boa de dinheiro, principalmente para adolescentes que não faziam nada da vida.

— Não é droga, né?

— Não. Eu só preciso que puxem a peruca dela.

— Peruca? — Exclamou a garota, pude sentir o tom de gozação em sua voz.

— Sim. E que faça parecer ser um acidente.

— É comigo mesmo.

— Ana, não!

— Qual é! Essa garota humilha todo mundo que pode, tá na hora de ela ter o troco.

— Eu também acho.

— O que você é dela? — Perguntou a garota receosa.

— Digamos que uma velha amiga. — Dei uma piscada.

A garota do meio topou enquanto as outras duas hesitaram. As vi começar a ir novamente na direção do colégio e as chamei de novo.

— Vocês nunca me viram. — Disse, antes de me aconchegar no banco e voltar a atenção ao meu café.

Foi prazeroso o instante que a menina passou por Alexia. Ela fingiu estar conversando com as amigas e num movimento ágil puxou a peruca sem a menor dificuldade, fazendo com que esta caísse no chão e Alexia ficasse completamente careca na frente de todo o colégio. Pude ver o desespero dela de onde eu estava, risadas não demoraram a aparecer, então eu a vi correr para dentro do colégio. Eu queria sim ver ela passar por momentos constrangedores, mas não sabia que me daria tanto prazer presenciar cenas como essa como eu estava sentindo nesse momento.

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