Arrastei-me para fora da cama e foi difícil me manter de pé. O cala frio em minha pele era constante e os tremores não ficavam atrás. Com certa dificuldade, fui tomar um banho enquanto desejava que aquilo passasse e depois que saí dali, enrolei meu cabelo molhado em uma toalha e me cobri com o roupão.
A noite não tinha sido boa e eu estava odiando aquela sensação. Christopher queria me ver superar aquilo, mas eu não estava crente que queria passar por dias de abstinência, porque aquilo era uma tortura.
Sentei-me na beirada da cama e fiquei ali, queria poder dizer que o banho tinha ajudado, mas eu ainda estava me sentindo estranha. Minha boca estava seca, podia sentir o sangue correr dentro de mim e o meu coração bater mais rápido.
Eu passei o restante da manhã andando pela casa, tentando me distrair, mas eu já estava ficando desesperada. Vesti a primeira roupa quentinha que encontrei, peguei meu carro e saí de casa sem que Christopher estivesse ali para me impedir.
Eu estacionei na parte de trás do galpão, eu quase nunca ia ali, mas não estava num estado em que queria ser vista por muita gente. Deixei o carro no beco e fui até a porta, cujo eu tinha a chave de entrada. Pensei que iria simplesmente conseguir entrar ali, mas o segurança no corredor tapou a passagem.
— Tá falando sério?
— Desculpa, eu estou seguindo ordens.
— Onde está o Garra? — Perguntei enquanto usava a manga do meu moletom para secar o suor em minha testa. — Eu preciso vê-lo.
— Lamento.
— Olha, se você não quer que eu quebre o seu nariz, saia da minha frente! — Exaltei-me. O homem não pareceu se abalar, simplesmente mechei no cós de sua calça, tentando me ameaçar com a arma que tinha ali. — Vai em frente, sabe que se fizer isso, você vai pro saco junto comigo.
— Deixa ela passar! — A voz de Tony veio de trás e então eu dei um passo para o lado para vê-lo.
O segurança me deu passagem e eu logo caminhei na direção de Tony, que ainda tinha o nariz enfaixado. Ele provavelmente estava me odiando, mas não mandei ele me provocar.
— Pensei que não voltaria.
— Eu não tive muita escolha, aliás, é sério que ia me barrar?
— Depois do que você fez? Não sei se posso confiar em você. — Tony me analisou bem. — O que você tem? Está doente?
— Eu preciso de alguma coisa. O que você tem?
— Como assim? Você está sem nada?
— Sem perguntas, por favor. Só me dê alguma coisa.
— Vem.
Tony me pegou pela mão e me puxou para dentro, segundos depois estávamos onde costumava ser o meu local de trabalho. Sentei-me na minha cadeira e fiquei ali esperando por ele, até que ele voltou com um saquinho.
— O que tem aí?
— LSD.
Tomei aquilo de sua mão, peguei uma das pastilhas, mas não coloquei de imediato na boca. Fiquei observando aquela bala de cor amarela com uma carinha feliz estampada presa entre meus dedos. Como algo tão pequeno e fofinho podia fazer um estrago tão grande.
— Ficar só olhando não faz efeito.
— Não enche, Tony!
— Você não muda mesmo, né? — Revirei meus olhos e então joguei aquilo na boca, engolindo sem hesitar. — O que te fez ficar com abstinência? Pensei que tinha seu próprio estoque em casa.
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Destinos Cruzados | VONDY
FanfictionUnidos ainda crianças pelo casamento dos pais, Dulce Maria e Christopher se veem obrigado a conviver, compartilhando uma vida em família, mas a chegada da nova irmã deixa as coisas ainda mais difíceis. Dulce é afastada da mãe por seu pai egoísta, Ch...