De mãos atadas - POV Christopher

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As férias acabaram e com isso, as coisas voltaram ao normal. Estranhei de início a demora de Belinda a voltar com a família da Espanha, mas quando resolveram chegar, já na segunda semana de aula, eu entendi.

A viagem que fizeram deu a eles a decisão de que queriam voltar para o país de origem e isso mês fez, de certa forma, não conseguir contar para Belinda a minha decisão. Ela só tinha mais alguns dias no México e mesmo que não quisesse ir com os pais, não deram a ela escolha.
Contei a Dulce sobre minha decisão de esperar Belinda ir embora para então a gente decidir o que faríamos da nossa vida, mas isso não deixou as coisas tão boas entre a gente. Ela literalmente se afastou e nem mesmo quando estávamos sozinhos, ela se preocupava em falar comigo.

Para ajudar na nossa situação caótica, minha mãe fazia todo um drama, sempre jogando no ar que algum dia, Belinda voltaria ao México e poderíamos ficar juntos novamente. Segundo ela, deveríamos manter um relacionamento, mesmo que a distância, mas isso não era uma opção, até porque, as coisas já iriam terminar, mesmo que Belinda ficasse.

Estávamos sentados na mesa de jantar, Belinda quase sempre passava o final do dia na nossa casa, ela queria aproveitar cada segundo, mas eu, apesar de não conseguir dizer que não, não estava me sentindo confortável com isso. Eu sentia o clima pesado, Dulce, que foi praticamente obrigada a se juntar a gente, não me parecia bem. Pra falar a verdade, ela não parecia bem de saúde, não estava comendo direito e sempre reclamava da comida, mas segundo minha mãe e Fernando, ela estava apenas tentando chamar atenção.

— Ucker, sabe o que eu estava pensando? — Perguntou Belinda, antes de enfiar uma garfada de salada na boca.

— O quê?

— Talvez quando você se formar, você possa ir fazer faculdade lá na Espanha.

— Eu acho uma excelente ideia. — Concordou minha mãe.

Não pude evitar olhar para Dulce, que não conseguiu disfarçar o desgosto em seu rosto. — Eu não sei, gosto da Espanha, mas não sei se iria querer morar lá.

— A gente ainda vai conversar sobre isso, filho.

— Vocês já decidiram o que vão fazer da vida? — Perguntou Fernando olhando para nós três. — Eu queria muito que vocês estudassem algo para trabalhar lá na empresa.

— Sem chance!

— E o que pensa em fazer da vida? Você não quer mais saber de estudar...

— A gente vai mesmo começar com esse assunto?

— Eu quero ser médica quando crescer. — Comentou Alexia. — Igual a Bel, né Bel?

— Hurrum.

— E você quer cursar que tipo de medicina, Belinda? — Perguntou Fernando.

— Eu quero fazer Medicina Nutricional.

— Sempre preocupada com sua saúde e seu corpo, por isso é linda assim.

Dulce revirou os olhos e eu dei uma risada disfarçada. Eu a vi se servir com mais comida, embora não tivesse sequer tocado o que tinha em seu prato.

— Pra mim isso é besteira. — Retrucou Dulce. — Eu prefiro minha comida gordurosa, daquelas de dar água na boca.

— Por isso não tem ninguém, não se preocupa em se cuidar.

— Mãe! — A repreendi.

— O que foi? Estou mentindo? Todas suas amigas estão namorando e...

— Não acho que seja necessário namorar uma pessoa quando posso ficar com vários. A senhora sabe bem como isso funciona, não é?

Minha mãe se calou, pude ver seu rosto tomar um tom avermelhado. Fernando também pareceu desconcertado e a verdade era que, depois que cresci, entendi que Dulce não estava exagerando quando se referia ao passado de minha mãe.

Destinos Cruzados | VONDYOnde histórias criam vida. Descubra agora